Amnem parvorum facit unda frequens fluviorum
Os pequenos córregos fazem os grandes rios
Bom sábado e prenúncios de um belo fim-de-semana. A fábula de hoje tem o mesmo conteúdo daquela sobre o lobo e o cordeiro, logo no início deste blog. A moral concentra-se na incapacidade do fraco e a ineficácia das negativas sobre as inconfidências¹.
Já que falamos do prevalecimento, hoje contarei algo sobre sessenta anos atrás e tenho guardado no mais profundo e rotundo da memória. O que se ganha em descrevê-lo? Simplesmente o axioma: "Acredite no que as crianças dizem!".
ESSES OLHOS VIRAM...na calada da noite, com quase quatro anos de idade. Casa quieta, com lides domésticas concentradas apenas na cozinha (recordo o feijão sendo limpo e a louça sendo lavada, quando ali cheguei depois do acontecido). Deitado na cama do meu quarto, sozinho, na letargia da espera pelo sono. Aos pés da cama, a parede da porta de entrada, dando para a varanda e contígua ao quarto do casal.
Recém adquirido, um carrilhão francês tocou os quartos de hora e soou as dez badaladas. Subitamente acordado, olhei para a porta e saindo do dormitório ao lado, a figura de um velho calvo, numa toga, envolto em brilho, branco-fosforecente, quase cegante, clarão concentrado apenas em si, mas refletindo no vidro lateral de uma cristaleira que havia na varanda e visível de onde eu estava. A figura deslocava-se levitando e foi em direção ao próprio reflexo no vidro, desaparecendo nele. Foram segundos eternos e aterrorizantes. Paralisado até então, ergui-me e fui à cozinha pedir socorro. O tergiversar² dos adultos e um copo de água com açúcar, trouxeram-me de volta à realidade. Foi uma experiência tão marcante que levarei comigo enquanto existir. Há outra dimensão? Sim, há!
Anos depois, numa visita fraterna, uma pessoa mediúnica assegurou haver um xamã³ indígena presente na casa. Que seja bem-vindo...
¹ s.f.falta, abuso de confiança, revelação de segredo; indiscrição.
² v. int. usar de evasivas ou subterfúgios; procurar rodeios.
³ p.ext. em todas as sociedades humanas que apresentam formas de ritualismo mágico-religioso, indivíduo escolhido pela comunidade para a função sacerdotal, freq. em decorrência de comportamentos incomuns ou propensão a transes místicos, e ao qual se atribui o dom de invocar, controlar ou incorporar espíritos, que favoreceriam os seus poderes de exorcismo, adivinhação, cura ou magia.
115ª - O gato e o Galo
Um Gato pegou um galo e levou-o deliberadamente consigo, pensando como poderia achar uma desculpa razoável para comê-lo. Acusou-o de ser barulhento para os homens, gritando de alegria na madrugada, não lhes permitindo dormir. O Galo se defendeu dizendo que fazia isto para o benefício dos próprios homens já que poderiam levantar da cama para os seus trabalhos. O Gato respondeu: "Embora você ache e se desmanche em desculpas, eu não permanecerei apiedado" e fez uma lauta refeição com ele.
Moral:
"Nada ajuda negar as falsas acusações, feitas conscientemente."
sábado, 24 de outubro de 2009
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