Ventre em jejum não ouve a nenhum
Bom dia a todos! A fábula de hoje lida com a dissimulação¹ e de como devemos estar atentos à ela. O conto não traz uma moral explícita, mas deixa subentendido a esperteza do mais fraco diante do mais forte, única forma de enfrentá-lo.
Há dois dias vimos (do verbo vir - presente indicativo 1ª pessoa plural) falando das palhas de milho usadas para os cigarros de antigamente.
Não sei porque, veio à minha memória, uma lembrança sobre o colchão de palhas de milho. Era chamado de 'paion' (pronúncia de 'palhão' no sotaque gringo). Feito com um grosso tecido de algodão, quase uma 'gabardina² '. Possuía cortes laterais para que se pudesse afofar as palhas, ora para a noite, ora após ruidosas batalhas, pois nada mais legal que voar sobre uma pilha de palhas secas e musicais.
Conta a história, ser ótimo lugar para esconder o dinheiro (acho que daí a expressão: "Agulha em palheiro"). Em Garibaldi - na década de 40 - quando certa vez faltaram cédulas no banco (incrível mas fidedigno), o gerente socorreu-se de um rico comerciante vizinho ao lado, pedindo-lhe emprestado uma quantia. Quando este senhor chegou ao banco, estendendo a mão com o maço de cédulas, junto com a manga havia uma palha de milho balouçando. A gargalhada foi geral. Contavam que o gerente sussurrou ao enrubescido cidadão: "Troque de esconderijo!".
Do paion, guardam-se ótimas lembranças, inclusive dos primeiros cigarrinhos feitos só com a palha e dos galos na cabeça causados por pulos mal calculados. E note-se, os colchões já eram feitos com lã de ovelha ou crina, mas a disputa era por dormir ao som aconchegante das palhas. Já sei o porque da lembrança... palha puxa palha ora!
BOA LEITURA e até mais...
¹ s.f. ação ou resultado de dissimular(-se) - ocultação, por um indivíduo, de suas verdadeiras intenções e sentimentos; hipocrisia, fingimento.
² s.f. têxt fazenda de lã ou algodão, natural ou sintética, tecida em diagonal e com trama apertada, us. para a confecção.
11 4ª - O Gato e os Pássaros
Um Gato ouvindo dizer que os Pássaros de certo viveiro estavam aflitos, vestiu-se como um médico e levando com ele uma pasta com os instrumentos da profissão, foi até lá. Batendo à porta, indagou aos ocupantes como todos estavam, dizendo que se eles estivessem doentes, ficaria contente em prescrever para eles e os curar. Eles responderam: "Nós somos todos muito bem e continuará assim e você só será bom o bastante indo embora e nos deixar como estamos".
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