segunda-feira, 30 de novembro de 2009

146ª - A Raposa e o Leopardo

Habitus non facit monachum
O hábito não faz o monge


Bom princípio de semana a todos! A fábula de hoje aponta o conhecido ditado: "O hábito não faz o monge!". Até amanhã...


146ª - A Raposa e o Leopardo

A Raposa e o Leopardo disputavam quem era o mais bonito dos dois. O Leopardo exibiu as várias manchas que decoravam a sua pele, uma por uma. Mas a Raposa interrompendo-o disse: “E quanto mais bonita sou eu, enfeitada não no corpo, mas na mente?".

Moral:

“As pessoas não são julgadas pelo seu casaco".

sábado, 28 de novembro de 2009

145ª - A Raposa e o Macaco - " OVNI's "

Magna venit nulli sine magno fama labore
Não se ganha boa fama em cama de penas

Bom dia amigos! Ótimo início de fim de semana a todos. A fábula de hoje, nos mostra que liderança e majestade não se conquistam por atuações lúdicas¹ ou macaquices. São frutos de longas e exaustivas práticas do desempenhar bem seu papel de liderança. Ótima lição!

¹ adj.relativo a jogo, a brinquedo - que visa mais ao divertimento que a qualquer outro objetivo.

A prosa de hoje relatará uma experiência vivida e que marcou profundamente os conceitos de 'vida'. ESSES OLHOS VIRAM...

...numa noite fria, sete de julho de 1976. Como a data é tão lembrada? Simples: dois dias antes do meu casamento. Os últimos retoques no apartamento em que viríamos residir. Minha mãe foi comigo colocar as cortinas e ajeitar as compras que havíamos feito durante o dia. Instalei algumas luminárias e o chuveiro elétrico, aquele modelo ‘chaleirão’, pois o frio de nossa região não cederia às duchas então existentes. Esta montagem demandou mais tempo que o imaginado, pois até ligar o fio terra, era chegado 22.00 horas. Damos o trabalho por adiantado e fomos para casa, distante quatro quadras. A noite estava limpa e o céu cheio de estrelas. Sem lua. Ao chegarmos abri o portão de acesso à subida até o lado da casa, algo como 20 metros. Após subir, sai do carro e retornei o caminho para fechar o portão. Voltando, no meio do trajeto, reparei minha mãe quieta e olhando acima das copas de vários pinheiros plantados bem no centro do terreno. O escuro destas copas se destacava nitidamente da claridade do céu, salientando o brilho das estrelas. Numa linha imaginária, desde as copas dos pinheiros, rumo ao zênite da abóbada espacial, a meio caminho entre o nadir (ponto vertical aos pés do observador) e o clímax (culminância do espaço sideral), estavam eles. Eram vários,

Começamos assim este relato. Sou engenheiro, tenho uma cultura razoável. Sempre fui reticente aos relatos sobre UFO’s ou OVNI’s e muito mais sobre as descrições de abduções ou resgates por extraterrestres. O que vimos nos surpreendeu demais. Nunca iria acontecer conosco este fato. Mas estava acontecendo!

Executavam um bailado silencioso, como peixes de um cardume, movimentos coreografados, ora em balanços, ora em circunscrições. Trocavam de cores e lugares, variando do violeta ao laranja, do amarelo ao vermelho. Ficamos ali paralisados por um breve tempo, quando consegui dizer: ‘Mãe, olhe bem isto!’, como recomendando: “Grave na retina!”.

Lembro que no momento comparei-os com lentilhas. No céu, eram pouco maiores que a Estrela Vésper (Vênus) quando surge na linha do horizonte.

Como num balé, deram uma volta, enfileiraram-se e sem ruído algum, em velocidade impensável, mergulharam rumo à abóbada, sumindo simplesmente.

Entramos em casa calados e algo transtornados. Contamos a vários presentes, com uma única certeza: éramos testemunhas um do outro. Não recordo a reação geral, apenas que alguém saiu para o pátio conferir. Como aconteceu, foi esquecido! Hoje recordo o fato e de como passei a ser menos descrente.


145ª - A Raposa e o Macaco

Com o falecimento do Leão, as feras da floresta se reuniram para escolher um novo rei. O macaco fez tantas caretas, cambalhotas e truques de artimanha que foi eleito por uma grande maioria; a coroa foi colocada na sua cabeça. A Raposa, invejosa desta distinção, vendo logo em seguida, uma armadilha com um pedaço de carne como isca, chegou-se ao novo rei e disse com falsa humildade: "Para agradar sua majestade, achei em seus domínios um tesouro para o qual, se Vossa Majestade conceder a honra de acompanhar-me, eu o levarei". Chegados à armadilha, o Macaco pôs a mão no pedaço de carne e esta, apanhou-o pelos dedos. Furioso com vergonha e a dor, ele repreendeu a Raposa chamando-a de falsa, ladra e uma traidora. A Raposa riu cordialmente e disse com uma zombaria:

"Você é um rei e não entende armadilhas?"

Moral:

"Não se ganha magestade por força da imitação".

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

144ª - O Caçador de Aves e o Pombo - 'Terror'


Mala ultro adsunt

A desgraça vem se chamada


Bom dia a todos! A fábula de hoje, seguramente anacrônica aos tempos de Esopo (uma adaptação com certeza), mostra os desígnios do destino como juíz de nossos atos. Talvez sim, talvez não, o certo é que respeitando, seremos respeitados. A prosa do hoje, ESSES OLHOS VIRAM...

... o trecho inicial do filme. - Kit e Anthony Preston estão casados, mas não tiveram a tão esperada lua-de-mel. Isso porque Anthony é muito requisitado no trabalho. Uma noite - mais uma - Kit está sozinha em casa quando se assusta com uma estranha voz. De repente o telefone toca. E fora da casa um homem está à espreita do outro lado da rua. Kit corre perigo ou será apenas sua imaginação?
Era ‘A Teia de Renda Negra’, de David Miller (Esquina do Pecado, Pavilhão Sete). Crescemos cultuando o cinema. Sempre atentos com a critica, íamos pelo prazer da diversão.
Alfred Hitchcock nos fez fãs do suspense e do mistério e este filme tinha tudo o que queríamos. Naquela noite fomos ao cine Central e na segunda sessão, com início às 21.00 horas. Até ali, nada que prenunciasse qualquer irregularidade, nem ao menos um pé-de-vento que alertasse.
Cinema lotado, platéia em suspense, filme rodando – tal a sinopse do início, Doris Day, Rex Harrison, John Gavin, Myrna Loy e Roddy McDowell, já enredavam-nos à trama. Repentinamente, a energia elétrica faltou. Alguns assovios e vaias na platéia. Quando um estrondo ensurdecedor - típico de um bombardeio -, veio do teto. A correria desenfreada das pessoas procurando a saída era de assustar. Os mais afoitos e primeiros a correr, gritavam: ”Calma, fiquem sentados!”. - Claro não! – Para terem os corredores livres à suas carreiras. Os ribombares continuavam avassaladores. Ninguém de sã consciência ficaria debaixo daquele caos. Saímos às apalpadelas. No átrio de entrada foi que observamos a extensão do drama. Lá fora, a rainha das tempestades. Raios, coriscos, trovões e a água faziam um cenário hitchcockiano. Ao lado do cinema na época, estava sendo construído o prédio mais alto da cidade – nomeado ‘Caixinha de Fósforo’, como posta de pé, tal a desproporção entre largura, altura e profundidade – Os andaimes da obra – com o tufão armado –, despencavam sobre o zinco do telhado do cinema. O clima era surreal. Nenhum táxi, tudo às escuras. Começamos a correr debaixo das marquises, onde elas houvessem. Os clarões das descargas elétricas mostravam-nos o caminho. Eram dois quilômetros até chegar em casa. Nem o pior pesadelo imitaria o drama ali vivido. Enfim, chegamos. Encharcados, exauridos e. chocados!
Na quarta-feira seguinte lá estávamos nós a ver o complemento da fita. Recomendo ver a trama, mas em casa e no DVD.


144ª - O Caçador de Aves e O Pombo

Um Caçador de aves apanhou sua arma e entrou nos bosques para caçar. Ele espiou um pombo entre os ramos de um carvalho e pretendeu matá-lo. Ele apoiou a arma ao seu ombro e fez pontaria de modo adequado. Mas quando ia apertar o gatilho, uma serpente que rastejava pela grama, o picou tão dolorosamente na perna que ele foi forçado a deixar o seu desígnio, jogando ao chão a sua arma com tremenda raiva.

O veneno imediatamente infectou o seu sangue e o corpo inteiro começou a mortificar; quando ele percebeu, não podia mais ser ajudado. “O destino,” disse ele, "trouxe-me a destruição para mim, enquanto eu planejava a morte de outro".

Moral:

"Os homens freqüentemente caem na armadilha que eles próprios preparam para outros".

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

143ª - As Moscas e o Mel - 'O Bodoso'

Mel in ore, fel in corde
Boca de mel, coração de fel

Olá a todos! A fábula de hoje nos mostra - tal como a do menino e as avelãs que a ganância cobra muito caro. Nunca será demais, ser parcimonioso. Dosar bem, só prolonga o benefício.


A prosa de hoje, toca as reminiscências de todo guri, ou seja, o primeiro contato com um mundo novo. ESSES OLHOS VIRAM...


...ele chegando. Já era noite. Subiu resfolegando a lomba de acesso à casa. Parecia ter bebido um destilado. Faltavam-lhe as forças. Já não lhe circulavam alguns fluidos essenciais, seus olhos haviam apagado há tempos e necessitava que o guiassem. Exigiria um especialista a todo instante. Seu andar era claudicante, pouco vigor lhe restava. . Ganhou o apelido que o acompanharia por todo tempo que ficou conosco – e não foi muito -. O apelido? ‘Bodoso’. Na hora este verbete pareceu-me designar um cantor de tango, cheio de charme e manha. Anos depois descobri o real significado: ‘sujo e fétido, como um bode’. E era. Estava num estado lastimável. Havia nascido em 1929 e estávamos em 1957. Estes 28 anos haviam judiado muito dele.


Para ligar, só com a manivela e apenas durante o dia. Seus faróis não acendiam mais. Seu limpador do vidro dianteiro funcionava apenas tocado manualmente. Era um Ford T 1929 com toldo retrátil.


Durante algumas semanas, os mecânicos se revezavam para tentar ressuscitá-lo. Nem sei bem porque, mas tudo era feito no quintal e à noite. Ele tinha uma capota dobrável e com alguma paciência tínhamos um belo conversível. Show na hora de sair. Recordo o som do motor, parecia um relógio grande: ‘tac-tic-tac-tic’ e a buzina ‘guga-guga’ fazia a todos abanarem.


Logo recebeu alta da assistência mecânica e de forma ousada se programou a viagem inaugural com a família, até Garibaldi. Ida e volta eram 110 km, em estrada de chão, com aclives e declives dignos da serra gaúcha. Dia de sol (creio sábado), capota arriada, vento nos cabelos e lá fomos todos. Após Farroupilha - um terço da viagem -, o deus Éolo no Olimpo, resolveu soltar os ventos de uma tempestade. A água vinha em baldes. Rapidamente se ergueu o toldo para nossa proteção. Súbito a tragédia desenhou-se: a água passava a lona como num chuveiro. Ríamos a não poder mais. Um rolo de esparadrapo – juro não recordar de onde surgiu – amenizou a situação. Seguimos adiante e entramos na cidade de Garibaldi ainda com a chuva caindo e a capota regiamente decorada com cruzes brancas. Buzinávamos aos conhecidos e a algazarra era total. Na volta, nenhum contratempo, mas duvido que alguém tenha chegado com as costelas no lugar. Alguns dias depois o BODOSO foi embora, talvez para uma freguesia de Buenos Aires, na Boca. Ele mereceria.


143ª - As Moscas e o Mel


Um Jarro de mel tinha sido colocado no quarto de uma empregada da casa, atraiu várias moscas, com sua doçura e colocando suas patas nele, comeram a não poder mais. Porém, as suas patas se cobriram com o mel, impedindo-as de voar com suas asas, nem se libertando e foram sendo sufocadas. Da mesma maneira que elas estavam se afogando, exclamavam: "Oh tolas criaturas que somos! Por causa de um pequeno prazer, destruímo-nos".



...






quarta-feira, 25 de novembro de 2009

142ª - O Abeto e a Amoreira - O Leiteiro

Optima citissime pereunt
O que é bom não dura


Bom dia amigos! Mais uma vez Esopo (ou seus seguidores contistas)enfoca o orgulho como fonte de desilusões. Que adianta ser portentoso se chamarmos a atenção dos predadores? Cuidar com o que somos, sem diminuir nosso semelhante é solução também.
Nossa prosa de hoje traz à lembrança como algumas soluções advém com a simplicidade. ESSES OLHOS VIRAM...

...o leite a granel e ‘in natura’ ser entregue nas casas, graças ao serviço de um leiteiro e seu cabriolé¹. Seu Olinto (devia grafar-se Olyntho, tamanha a ascendência de sua descendência germânica no jeito de ser) tinha já certa idade, mas em qualquer estação do ano, com qualquer tempo, lá vinha ele, cifótico e encarquilhado² pela dura lida do campo. Sinceramente, eu não compreendia quase nada do que falava, pois arranhava o diálogo com expressões goethianas, mas o seu cavalo, este o entendia magnificamente bem, obedecendo-lhe a cada comando sussurrado. Ele (o cavalo) seguia sozinho até o próximo freguês – e nem sempre era a próxima casa -, ao perceber que o patrão já dispunha na caneca a quantidade de leite pré-estipulada, retirada do tarro³ metálico. Inúmeras vezes subi na charrete e de carona, ia por um ou dois quarteirões numa felicidade só.
Do leite servido assim, ao natural, tínhamos a nata que gerava a manteiga e vez ou outra o coalho. Nunca alguém adoeceu por questão da higiene neste manuseio e raramente o leite talhava e quando ocorria era muito mais pelo calor de um alto verão do que por deficiência do produto.
Seu Olinto surge em meus sonhos, coberto com o capuz da sua capa emborrachada, com a chuva pingando pelas costas, botas embarradas, sorrindo e protegendo com a mão o caneco, para a água não entrar. Seu cavalo a me olhar mansamente. Com forte sotaque alemão, me convida para subir no cabriolé e seguirmos os três, a servir aos fregueses com esta dádiva da natureza, rica e saudável, sem os atravessadores da hora.

¹ s.m.carruagem pequena, leve e rápida, de duas rodas, capota móvel, e movida por apenas um cavalo.

² CIFOSE s.f.. ORT desvio da coluna vertebral, de convexidade posterior, habitualmente localizado na região torácica, que abrange poucas ou muitas vértebras e que decorre de causas patológicas ou de hábito de postura impróprio.
ENCARQUILHADO adj. que se encarquilhou; engelhado, com rugas ou pregas, rugoso - p.ext. sem viço; murcho, ressequido.

³ s.m.vasilha em que se colhe o leite da ordenha.


142ª - O Abeto e a Amoreira

Uma Árvore de Abeto disse orgulhosamente para a Amoreira: "Você não tem utilidade nenhuma, enquanto eu estou em todos os lugares e sou usada para fazer telhados e casas". A Amoreira respondeu: "Você é uma pobre criatura e só chama a atenção dos machados e serras, sempre prontos para derrubá-la. Teria razão para querer ter nascido uma Amoreira e não uma Árvore de Abeto".

Moral:

"Melhor a pobreza sem cuidados que a riqueza com".

terça-feira, 24 de novembro de 2009

141ª - Os Galos de Briga e a Águia - A TVno Sul 2/2

Etiam nimia peritur laetitia
De muita alegria também se morre




Bom dia! A fábula de hoje nos mostra que nem sempre a vitória significa ganhar. E, nem sempre a derrota representa o fim, podendo postular um recomeço.
Encerrando a visita aos meados da década de 50, nossa prosa descreve hoje, ESSES OLHOS VIRAM...


... em 1956, a inauguração da TV Piratini de Porto Alegre (Diário Associados). Aqui na serra poucos lugares tinham recepção digna do nome. As interferências, os chuviscos, a perda do sinal, as ondas e instabilidades da imagem, torturaram por anos a coletividade. As antenas passaram a ser o assunto preferido das conversas. As ‘espinhas de peixe’, as duplas, as enormes torres, foram desenvolvidas à base da invencionice. Nada funcionava realmente. Tudo se resumia no sinal fraco da emissora. No início apenas os mais abastados tinham receptor e o 'televizinho' era uma instituição do bairro, ao menos por algum tempo. As vitrines das lojas ostentavam alguns aparelhos ligados à noite e os transeuntes ficavam ali estáticos a esperar a emissora entrar no ar e curtir a mesma dúzia de reclames (entre outros: Sapatos Clark, Cobertores Parahyba, Esso e Cigarros Sinimbu), por dezenas de vezes. O horário, creiam, ia das 20.00 às 23.00 (no máximo). Sábados e domingos era maior a faixa horária (das 15.00 até as 23.30). Desfilavam pelo tubo de imagem (não nesta ordem): ‘Papai Sabe Tudo’, ‘Rin-tin-tin‘, 'Lassie’, ‘Interpol’, ‘Vigilante Rodoviário’, ‘Lanceiros de Bengala’, ‘Laredo’, ‘Patrulheiros Toddy’, ‘Shirley Temple’, ‘Combate’ (aos domingos em horário nobre), ‘Zé Colméia’, ‘Dennis o Travesso (Pimentinha)’, ‘Hazel’, ‘I Love Lucy’, ‘Bonanza’, ‘Perdidos no Espaço’, ‘Ivanhoé’, ‘Abbot e Costello’. ‘Os 3 Patetas’, ‘O Gordo e o Magro’, ‘O Homem de Virgínia’, ‘O Fugitivo’, ‘Os Intocáveis’, ‘Roy Rogers’, ‘Rota 66’, ‘Robin Hood’, ‘O Último dos Moicanos’, ‘Viagem ao Fundo do Mar’, ‘Os Legionários’ e muito mais. Lembramos estes do início da televisão e detalhe, eram em preto-e-branco. Alguns comerciais eram ‘ao vivo’ e as gafes sucediam-se com regularidade. Algumas dramaturgias também ‘ao vivo’ , foram ótimas fontes de gargalhadas, tantos os erros. ‘Alô Doçura!’, toda semana tinha um episódio e os artistas vinham de São Paulo para encená-lo. O ‘vídeo - tape’ ainda não havia sido criado.
Com estes seriados de mensagens ingênuas da moral e da ética, qualquer emissora hoje, alcançaria ótimos índices de audiência tal é a carência por simples diversão.
Não caberia no blog discutir a massa de mau entretenimento que esta mídia vem jogando sobre a população, nos dias atuais.
Tal pioneirismo, ESSES OLHOS VIRAM.


141ª - Os Galos de Briga e a Águia

Dois Galos viviam lutando para definir o domínio no quintal. Por fim, um pôs o outro para voar. O Galo derrotado se escondeu quieto num canto fora do terreiro. O Galo vitorioso voando até um alto muro, agitando suas asas e gritava com alegria exultante, com todo seu vigor. Uma Águia que planava pelo ar se lançou sobre ele e o levou nas suas garras. O Galo derrotado saiu imediatamente do seu canto e reinou dali em diante, em qualquer disputa de domínio.

Moral:

"O Orgulho antecipa a destruição".


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

140ª - A Corça e sua Mãe - A TV no Sul 1/2

Verba non implent marsupium
Palavra não enche a bolsa

Bom início de semana a todos. A fábula de hoje, retorna aos conceitos esopianos de comportamento. Contra a temeridade pouco ajuda a simples palavra. Bela lição.

A prosa de hoje, mergulharemos nos primórdios das mídias aqui no sul do Brasil e peço antecipadamente desculpas por algum equívoco, pois a memória não é perfeita. ESSES OLHOS VIRAM...

...o surgimento da mídia televisiva aqui no sul do Brasil. Antes, prosarei como foi importante o lazer de escutar rádio. Era paixão nacional escutar novelas (O Direito de Nascer, Ricardo, o Herói do Espaço, Jerônimo, o Herói do Sertão). A sonoplastia completava o sentido da audição e a imaginação era obrigada a trabalhar. Os programas humorísticos (Edifício Balança, mas Não Cai, PRK-30 e Noites Cariocas,) eram obrigatórios nas noites de quartas, sextas-feiras e aos sábados, respectivamente. Entravam limpas e potentes as rádios Nacional e Tupi do Rio de Janeiro, Farroupilha de Porto Alegre, El Mundo de Buenos Aires. De São Paulo a Excelsior raramente era captada. Com tempo atmosférico bom, não havia interferência ou estática para atrapalhar, mas com chuvas ou tempestades, melhor era desligar. Os aparelhos eram com válvulas enormes que precisavam aquecer antes de funcionar: Siemens, Phillips, Telefunken, General Eletric, Zenith, RCA Victor e Blaupunkt eram as marcas mais conhecidas. O primeiro rádio portátil a chegar na cidade (o termo usado : ‘transistorizado’ ), era marca Spica (made in Japan - na foto, sem a capa de couro), com fone de ouvido e pilhas que se consumiam rapidamente. Os anos andavam devagar. O Repórter Esso marcava o ritmo do pós-guerra. Ondas Médias e curtas era toda tecnologia que dominávamos. Um fio cruzando o quintal, bastava como antena poderosa..

TO BE CONTINUED


140ª - A Corça e sua Mãe

Uma jovem Corça disse certa vez à sua Mãe: "Você é maior que um cachorro e mais alerta, podendo correr mais; porque então, você sempre está em tal pânico, com medo um terrível dos cães de caça?" Ela sorriu e disse: "Eu sei muito bem, meu filho, tudo que dizes são verdades. Eu tenho as vantagens que menciona, mas ainda assim, quando eu ouço o latido de um único cachorro, sinto-me prestes a desfalecer”.

Moral:

"Nenhum argumento dará coragem para a covardia".

sábado, 21 de novembro de 2009

139ª - O Pai e suas Duas Filhas - Vôo a S.Paulo 5/5

Magna vis necessitas
Dura lei é a necessidade

Bom sábado amigos, apesar da chuva aqui no sul do país. A fábula de hoje entra em nosso blog por consideração à integridade do livro ora traduzido. É o que tem de anacrônico e fora do contexto. Jardineiros e fabricantes de azulejos na Grécia antiga? Bom assunto para pesquisar. Mais me parece uma história vitoriana que de Esopo. Não traz moral, mas com esforço esprememos uma: "A natureza não contenta a todos, pois cada um cresce no ambiente em que mais se adapta".

Encerrando a odisséia de 62, a prosa ESSES OLHOS VIRAM...conta:

...um novo mundo. Do queijo polenghinho ao sanduíche de pernil da Casa Italiana (rua Antonio de Godoy, próximo ao hotel), os queijos ‘mussarela’ trançados, a ‘seven up’, o bacalhau na Freguesia do Ó, Mappin, enfim... Várias semanas onde descobrimos o Butantã, o Museu do Ipiranga, andar de ‘trolebus’ (ônibus elétrico), as rodovias Anchieta, Anhanguera, as cidades de Campinas, Cubatão (já poluente), Santos, São Vicente, Bertioga, Guarujá, as portentosas indústrias automobilísticas, Volkswagen (quando aprendi que Fusca é a pronuncia mais germânica de Volks), DKW Vemag, Willys Overland, Ford, General Motors, Simca Chambord, Scania Vabis, Mercedes Benz e as fábricas de componentes, todas se enfileirando pela Anchieta, em ambos os lados da rodovia, no famoso ABC (Santos André, Bernardo e Caetano).
Depois que retornei, a sensação era que as cortinas de um grande espetáculo haviam descido e o show terminara para mim. A sensação de uma modernidade especial, nunca mais. Já na vida profissional, anos depois, o glamour não era mais o mesmo. Toda aquela região central charmosa da cidade apresentava decadência total. Uma pena.


139ª - O Pai e suas duas Filhas

Um Homem teve duas filhas e a primeira se casou com um jardineiro e a segunda com um fabricante de azulejos. Depois de um tempo ele foi até a filha que tinha se casado o jardineiro e indagou como ela estava. Ela disse: "Todas as coisas estão prosperando comigo e eu tenho só um desejo, que possa haver uma grossa queda de chuva para que as plantas possam ser bem regadas.". Não muito depois, ele foi até a filha casada com o fabricante de azulejos e igualmente indagou para ela como estava; ela respondeu: “Eu não quero mais nada e há só um desejo: que os tempos secos possam continuar e o sol seja brilhante, quente e luminoso, de forma que os azulejos sequem". Ele disse a ela: "Se sua irmã deseja que chuva e você que faça tempo seco, com qual das duas é para eu unir meus desejos?".

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

138ª - Bodas Fatal - Vôo a S.Paulo 4/5

Urticae proxima saepe rosa est
Não há rosa sem espinhos


Apesar do mau tempo, bom dia aos caros leitores. Mais uma fábula surrealista que deve ser interpretada de forma figurativa. Leões não casam com ratos, mas poderosos casam com fracos (vice-versa também vale). E o casamento aqui contado, não significa apenas núpcias, mas pode estar representando uma união entre partes, tal como de negócios, trabalho ou estudos.

Continuando a prosa ESSES OLHOS VIRAM...

...que a corrida tinha a largada e a chegada justamente em frente ao prédio da GAZETA ESPORTIVA, diante do hotel. onde eu estava. Chovia torrencialmente desde manhã cedo.. Pois naquela noite, na hora do evento, estávamos visitando um tio-avô, irmão mais velho do meu avô paterno. Fui colocado numa saleta, com um aparelho de TV, símbolo máximo do status na época. Fora levado e instalado no momento em que me sentei, era portátil e com antena interna, captando perfeitamente o sinal das emissoras. Os aparelhos que eu conhecia precisavam de dois homens para carregar e demandavam reguladores de voltagem, antenas especiais... Aqui em Caxias as antenas para TV eram obras de engenharia, com dezenas de metros de altura, tal a dificuldade para captar o sinal da emissora. A TV Piratini de Porto Alegre (Diários Associados – Chateaubriand) fora inaugurada em 56 (tinha como símbolo: um indiozinho sorridente) e por anos ficou sozinha no ar. Contarei em outro blog.

E lá em São Paulo, naquela noite, o que a TV mostrava? Isto mesmo, a corrida! Lembro das tomadas de cenas com câmaras fixas, nada de correr junto com os participantes. Concluída a visita retornamos ao hotel e lá mesmo, estava o vencedor da prova daquele ano. Cumprimentei-o sem qualquer vergonha, ainda cercado pela imprensa. Recordo o sotaque estrangeiro. A foto e o nome, pesquisei na internet e aí estão: francês Hamoud Ameur.

O que me impressionara deveras foi a quantidade de canais de TV que havia em São Paulo naquele tempo.

TO BE CONTINUED

138ª- - Bodas Fatal

O Leão, tocado PELA gratidão pelo nobre procedimento de um Rato e resolvendo não ser ultrapassado em generosidade por qualquer outro animal selvagem, designou ao pequeno animal que nomeasse suas próprias condições e colocando-se às ordens para tudo o que ele quisesse que ele fizesse.

O Rato, atiçado pela ambição com esta oferta, não considerou o que seria próprio para ele, ao menos perguntar como e o que estaria nos poderes do seu principado; e assim, exigiu do leão, sua magnífica filha, a jovem leoa, em casamento. O Leão consentiu, mas quando estava trazendo a noiva real para as núpcias, ela -vertiginosa como era -,não notou que o Rato estava em seu caminho, pronto para conhecê-la e por casualidade, pisou nele com sua pata, esmagando-o.

Moral:

"Precavenha-se de pares desiguais. Alianças incitadas por ambição provam freqüentemente serem fatais".


quinta-feira, 19 de novembro de 2009

137ª - O Fazendeiro e a Cegonha = Vôo a S.Paulo 3/5

Si iuxta claudum habites, subclaudicare disces
Quem com lobos anda, aprende a uivar

Bom dia caros leitores. A fábula de hoje,também algo anacrônica ao tempo de Esopo, traz mais uma vez que as companhias carimbam a figura do acompanhante. Não adiantam as desculpas, nem explicações. Importante será saber se o carimbo é valioso ou depreciativo. O preço no segundo caso é bem salgado.

Continuando a prosa ESSES OLHOS VIRAM...

...passar quatro horas voando e cinco horas em bancos, nos aeroportos quase desertos. Quando chegamos em São Paulo, o primeiro impacto foi o Congonhas, Ali no meio dos edifícios, com um gramado quadriculado a indicar a cabeceira da pista. O movimento de carros e pessoas impressionava. Para quem vinha de uma cidade pequena e não havia ido além de Porto Alegre... Com o DC3, o passeio sobre a cidade foi bombástico. Tudo se via e tudo se absorvia.
Era véspera da Corrida de São Silvestre, sempre realizada à noite. O hotel Alvear, ficava na frente do prédio das rotativas da Gazeta Esportiva, uma das patrocinadoras do evento. Ali no hotel, vários dos participantes estavam hospedados. Diálogos estrangeiros, com vários idiomas, enchiam os corredores. Fiquei tempos na sacada do apartamento observando o jornal sendo impresso, devido as grandes janelas que mostravam a efervescência da mídia. Por dias o ronco das máquinas acompanharia meus sonos e sonhos. Os nomes – antes nunca importantes – começaram a ocupar meus arquivos mentais: Rua Casper Líbero (a do hotel) – Avenidas Ipiranga, São João, Senador Queirós, Nove de Julho, Ruas Augusta, Aurora, Direita, Bairros do Cambuci, Casa Verde, Chora Menino, Liberdade, Brás, Perdizes, Jardins, Itaim Bibi, Estação da Luz, Viadutos do Chá e Santa Ifigênia, Praças do Correio, da República, a estátua da Mãe Preta, o Mosteiro São Bento (missa gregoriana ao domingo) Theatro Municipal, Mercado Público Municipal (Mercadão), Ibirapuera, vale do Anhangabaú, rios Tietê, Tamanduatei, Pinheiros... Eram tempos dos engarrafamentos no tráfego, monstruosos. No pique a cidade parava. As obras de avenidas expressas ligando os principais entornos do centro e ao aeroporto de Congonhas , derrubando-se edifícios inteiros, era mostra de um trabalho indescritível...

TO BE CONTINUED



137ª - O Fazendeiro e a Cegonha

Um Fazendeiro colocou suas redes no solo arado e recentemente semeado, apanhando vários grous que vinham pegar a semente plantada. Aprisionou também, junto deles, uma Cegonha. Essa, tendo sua perna fraturada pela rede, pediu misericórdia ao Fazendeiro, para que poupasse sua vida. “Por favor, senhor, poupe-me," e completou: "Deixe-me ir livre por esta vez. Minha perna quebrada deve despertar sua piedade. Além disto, eu não sou nenhum grou, apenas uma Cegonha, um pássaro de caráter excelente; e veja como eu amo e trabalho para meus pais. Também olhe as minhas penas, não estão lustras como as dos grous". O Fazendeiro riu em voz alta e disse: "Pode ser tudo como você diz; Eu só sei que a peguei com estes ladrões, os grous e você têm que morrer com eles".

Moral:

"Pássaros de um mesmo bando sofrem juntos".

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

136ª - O Fazendeiro e os Grous - Vôo a S.Paulo 2/5

De alieno ludit corio
Tirar castanhas do fogo com mãos de gato

Olá amigos! Boa tarde a todos. A fábula de hoje nos parece um tanto anacrônica¹ mas tem conteúdo moral tipicamente de Esopo. Talvez seja uma transposição que também nos alerta sobre as ameaças quando transgredimos alguma norma e não damos o real valor, transformando-a em ação real.

A prosa ESSES OLHOS VIRAM... continua de onde paramos ontem e,


...o motor da esquerda, lado oposto ao meu, desandou a rodar ao máximo de sua potência. Os estalos da rede hidráulica soavam nos meus pés. Eram os freios. O avião tremia. Eu olhava a hélice do motor ao meu lado, rodando calma, enquanto a outra gritava com o vento. Súbito ela parou. Já não entendia mais nada. Repentinamente o motor do lado direito, imitando o irmão, foi acelerado ao máximo. Por estar quase ao meu alcance, eu reparava os rebites da fuselagem a ponto de sairem do lugar. Dois canos de descarga fumegavam. O som bateu mais um recorde de altura nos meus arquivos. Sem aviso tudo se aquietou. Pensei: “Não vai voar e teremos que sair todos”. Procurando tirar o cinto, fui surpreendido com os dois motores acelerando simultaneamente, a um nível de ruído que nem as modernas turbinas têm. Pulverizaram-se meus registros de altura que um ruído pode alcançar. Tudo trepidava e gania. Os freios se soltaram num estalo, quando parecia que os motores sairiam voando sozinhos pelo ar. A aeronave com um solavanco iniciou uma carreira desenfreada, mandando a cada passageiro toda e qualquer irregularidade do solo. Gente... nada que é primeiro(a) se esquece, mas acho que o primeiro vôo fica gravado na memória genética. Em segundos apenas os motores soavam num ronco agradável e o solo foi ficando distante, cessando o arrepiar da espinha. O avião nivelou para a normalidade. As nuvens foram alcançadas. O teto de vôo permitia a perfeita visão das pessoas, casas, rios, ravinas, campos, até mesmo, uma senhora indo do tanque de lavar roupa para casa, parada olhando o avião passar. Abanou! /Sorri e lamentei: “Pena a janela não abrir!”.

TO BE CONTINUED...

137ª - O Fazendeiro e os Grous

Alguns Grous faziam suas alimentações num solo recentemente arado e semeado com trigo. Por muito tempo o Fazendeiro, brandia uma funda vazia, perseguindo-os e assustando-os pelo terror que ele inspirava; mas quando os pássaros perceberam que a funda só fazia balançar no ar, passaram a não se importar, nem se movendo mais.

O Fazendeiro ao ver isto, carregou a funda dele com pedras e matou um grande número de grous. Eles abandonaram suas terras aradas imediatamente e clamaram um para o outro: "Está na hora de sairmos fora, pois para este homem, nenhuma ação será apenas de nos assustar, mas sim, mostrar o que pode fazer”.

Moral:

"Se palavras não bastarem, sopros têm que seguir.”

terça-feira, 17 de novembro de 2009

135ª - A Águia, a gata e a Porca Selvagem - Vôo a S.Paulo 1/5


In angustiis apparent amici

Amigo certo conhece-se na hora incerta


Olá caros leitores. Minhas boas vindas para a Vitória Geórgia - soube ontem ser assídua, bem como seus progenitores -. A fábula de hoje, conta sobre a maledicência¹ e o mal que causa. Não confiar em quem costuma inspirar inimizades e mentiras é uma solução. A prosa de hoje, terá continuação posterior, para não cansar a bondade de quem lê. BOM DIVERTIMENTO e até mais. ESSES OLHOS VIRAM...

...ano 1962, local: Aeroporto Municipal da cidade, no nordeste gaúcho. Um Douglas DC3, o chamado ‘Chevrolet dos Ares’ tamanha a confiabilidade, estava lá ,imponente. A foto mostra a inclinação estrutural quando no solo e o susto que tomei ao entrar e ter que me agarrar às poltronas para ir até às da frente na janela. Primeiro susto passado, outro: As janelas não abriam. Vá entender estas modernidades. Acendeu-se uma luz: lembro das palavras ‘belt’, ‘smoke’. O comissário veio conferindo os cintos de cada passageiro, recomendando apagarem-se cigarros Caberiam trinta pessoas, mas não mais que dezessete ali presentes. Onde estava sentado, a asa roubaria minha visão do solo, mas a tríplice hélice encantou-me. Os dois motores ligaram e o avião taxiou até a cabeceira de uma pista de chão batido. Eram 1200 Pégasus cada um. Achava que já havia ouvido som forte na vida, mas... Posicionada a aeronave, a aceleração parou, num quase silêncio. Um aviso com estática de rádio saiu o teto: Não fumar - horas: 7.30, local: Caxias do Sul, destino: São Paulo, com escalas: Lajes e Curitiba – Horário de chegada prevista: 16.30. - A Panair do Brasil dá boas vindas aos senhores passageiros...

TO BE CONTINUED -

¹ s.f. qualidade de quem é maledicente ou maldizente - ação ou hábito de dizer mal dos outros; difamação, detração, maldizer.


135ª - A Águia, o Gato e a Porca Selvagem


Uma Águia tinha feito o ninho no topo de um alto carvalho. Uma Gata tendo achado uma toca, vivia com seus filhotes no meio do tronco e uma Porca Selvagem com suas crias tinha encontrado abrigo em um buraco no pé da árvore. A Gata resolveu destruir com suas artes, qualquer chance de haver uma colônia de Porcos Selvagens
Ela escalou ao ninho da Águia e disse: "Uma destruição está sendo preparada para você e para mim também. A Porca Selvagem a quem você pode ver cavoucando a terra diariamente, deseja desarraigar o carvalho para que ela possa, ao cair, agarrar nossos filhotes e alimentar-se.". Então ela rastejou até a caverna da Porca e disse: “Seus filhotes estão em grande perigo; pois assim que você sair para achar comida, a Águia está preparada se lançar sobre um de seus pequenos porcos".
Quando caiu a noite, ela foi silenciosamente buscar comida para si e seus filhotes; mas, fingindo ter medo, ela mantinha vigilância todo o dia. Enquanto isso, a Águia, cheia de temor da Porca, pousava quieta nos ramos e a Porca, terrificada pela Águia, não ousava sair da sua caverna. E assim, elas e suas criações pereceram de fome.

Moral:

“Aqueles que incitam inimizades não devem ter nossa confiança".

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

134ª - A Águia e o Gavião

Aquila non generat columbam
Águias não geram pombas



Olá amigos! Bom início de semana. Hoje a fábula é simples de compreender. Trata das promessas falsas e seu custo. Atentem À moral.BOA LEITURA e até amanhã...

134ª - A Águia e o Gavião

Uma Águia subjugada pela tristeza se sentou nos ramos de uma árvore, em companhia de um Gavião. "Porque tão triste olhar?" -"Busco um companheiro de acordo para mim e não consigo achar nenhum”. -"Me leve" retrucou o Gavião: "Eu sou muito mais forte que você". -" Porque, você pode afiançar os meios de sobrevivência com suas pilhagens?" -"Bem, Sempre apanho e carrego com minhas garras, avestruzes!" A Águia convencida por estas palavras, aceitou-o como companheiro.

Logo após as núpcias, a Águia disse: “Saia voando e me traga um avestruz, como você me prometeu”. O Gavião, planando no alto, trouxe o possível, um rato. “É isto?” disse a Águia: "o cumprimento fiel de sua promessa para comigo?" O Gavião respondeu: "Para ganhar sua realeza, não há nada que eu não tivesse prometido, porém, muitas destas promessas eu sabia que falharia no desempenho".

Moral:

"As promessas de um pretendente devem ser levadas com precaução."



sábado, 14 de novembro de 2009

133ª - A Águia e a Gralha - 'A Lupa'

Fortior est qui se, quam qui fortissima vincit moenia
É mais forte quem se vence a si do que quem vence cidades

Boa tarde amigos e votos de um ótimo fim-de-semana. A fábula de hoje nos mostra o custo da pretensão. Saber o quanto podemos, ajudará a dimensionar a tarefa. Ótima lição de moral. E por falar em capacidade, ESSES OLHOS VIRAM...

...o tempo em que SE quiséssemos algo, havia que ser com esforço próprio. Nas idas para a escola, uma das rotas passava diante da única óptica da cidade. Em sua vitrine - propositalmente exposta em primeiro plano – uma lupa. Foi na época de uma febre filatélica amadora, destes embalos despertados por leituras de Tarzan e sobre a África, com suas feras descritas. Numa visita desavergonhada a um famoso filatelista - o único conhecido da região - havia ganho um par de selos africanos, com impalas e gnus nas imagens. Não sei por que, reparei numa enorme lupa que Seu Bertelli tinha na escrivaninha e dei a ela, o poder de transportar-me às savanas do continente negro pelo simples vasculhar dos selos. A lupa da vitrine – por meses ali estática -, virou meu objeto de desejo! Certo dia, entrei na loja e pedi o preço: ‘80 cruzeiros‘ foi a resposta da sorridente moça. O mundo caiu... Simplesmente inalcançável.

Foram milhares de conexões axônicas e idéias mirabolantes para obter tal quantia. Economizar? Como, se nada ganhávamos? Ficar sem as matinês? Nem falar. Sem algumas merendas especiais - tipo ‘sonhos’ ou ‘nariz entupido’- , vendidas nos recreios do colégio? Voar até a África pela lupa sim, mas ficar sem os petiscos vendidos por seu Genoíno... NÃO MESMO!

Botei-me a procurar serviços nas horas vagas das férias. Por aqueles tempos, um clube social havia sido criado no bairro -'Clube dos 100'-. Escolhido o local e eleito o ecônomo -justo um dos filhos daquele patriarcado alemão relatado na história da cerveja-, fiquei à espreita. O local escolhido, uma velha moradia da família dele, pedia reformas. Escalei-me e implorei durante dias para ajudar por módicos 80,00 cruzeiros. Por uns tempos não confirmavam meus préstimos. Faltando duas semanas para o fim das férias e poucos dias da inauguração do clube, fui chamado. Eu pulava de alegria. Fechado o contrato pela quantia combinada, deram-me a tarefa: pintar com verniz os lambris no contorno do salão. Com o detalhe, sem pincel, mas com bonecas de pano. Eram horas e horas com as mãos mergulhadas na terebintina. As tábuas de segunda categoria, simplesmente sugavam a resina, requerendo várias demãos. Em uma semana, todos os dias, me enterrei na obra. Trabalho acabado, dinheiro recebido, lupa no bolso e um par de mãos verdes. Por muitos dias fui alvo - na sala de aula - da admiração ou galhofa dos colegas, ora pela hercúlea tarefa e exibição da tão desejada lupa, ora com a luminescência das mãos. Tenho a lupa ainda comigo, até hoje e não passa de um plástico bem comum. Na transposição de valores para a atualidade, valeu R$ 15,34...

Se fui à Africa Negra com minha lupa? Muitas vezes e a outros continentes também... Até passar a febre filatélica.


133ª - A Águia e a Gralha

Uma Águia voava perto do seu ninho, situado num alto rochedo, segurando nas suas garra um cordeiro. Uma Gralha que observou a captura do cordeiro encheu-se de inveja e ficou determinada a imitar a força e o vôo da Águia. Ela voou pelas redondezas com um grande rufar de suas asas e resolveu alçar vôo com uma grande ovelha nas patas, mas suas garras ficaram emaranhadas na lã, não podendo libertar-se, apesar de todo esforço com suas asas, - o tanto quanto era capaz -.. O pastor vendo o que tinha acontecido, correu até lá e a pegou. Imediatamente cortou suas asas e anoitecendo, levou-a para casa, onde deu para suas crianças.

Moral:

"Não deveríamos permitir que a ambição, nos conduza além dos limites de nosso poder."

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

132ª - A Águia e a Raposa - Fígaro Gaetano

Ab amico reconciliato cave
Amigo reconciliado, inimigo dobrado

Bom dia amigos! A fábula de hoje trata mais um caso de traição à confiança e amizade. Este fato não tão raro, mostra-nos o conto, tem seu preço; ora cobrado pelo humilhado, ora definido pelo acaso da má-sorte (ou azar), mas sempre muito caro.
Na prosa de hoje, ESSES OLHOS VIRAM...

...uma porta de folha simples, um chão com ladrilhos quadriculados, puídos pelos anos de outras serventias e horríveis desenhos simétricos, Ficava entre o açougue e o armazém. Nenhuma janela. Uma cadeira levadiça e giratória no centro da salinha, algumas - comuns - junto à parede para a espera da vez. Espelho na parede, fiel retratista das gerações que ali desfilavam – tal o filme ‘O Baile’ de Ettore Scola -, lâmpada triste e só no teto, perfume no ar, escovas de cerdas duras e pentes de ossos com usos indefinidos, vários frascos com as misturas de álcool e essências, equipados com vaporizadores. Pura tortura ao guri ali chegado. Olhando para a vítima, duas ou três máquinas manuais de cortar cabelos. As navalhas “hiper-afiadas” guardadas nas gavetas por segurança. Só o dentista impunha mais terror que aquele cenário. A figura bonachona do italiano, baixinho, cabelos ondulados, bigodinho riscado, ares de Ciccio Ingrassia (na foto - parecidíssimos!). Com um cigarro eternamente aceso, nem sei como cortava e fumava simultaneamente. Era um mistério de malabarismo. O corte em si, dependia de dois movimentos sincronizados: o de abrir e fechar a máquina com os dedos da mão e o avanço dela própria, pelo couro cabeludo. O diabo era que a dança dos dedos estava ligada diretamente ao ritmo da conversa e esta – por sua vez -, nem queria saber se a máquina avançava ou não. O pinicar era tão doloroso que se comparava às estocadas das esporas e sempre queríamos fugir da obrigação. Existiam dois tipos de cortes: cadete e zero. Economicamente, o zero era indicado, pois daí, somente a cada seis meses visitávamos seu Gaetano. Ao final do suplício, uma rala espuma espalhada com o dedo, aliviava o passar da navalha, no ajuste final do corte. Rogávamos uma borrifada com perfume e ganhávamos apenas água esguichada, duas ou três espanadas com uma vassourinha macia para retirar as sobras dos ombros e... só.

Casado com uma francesa, dona Lucia – sábia desbocada, num francês ‘bas-fond’, com o ‘r’ mais encantador pronunciado na cidade -, seu Gaetano era o sorriso debochado e feliz de todos nós. Largou a barbearia e envolveu-se com uma fábrica de coroas mortuárias... Acho que de tanto passar a navalha pelos pescoços dos gringos... Gaetano e Lucia dois particulares amigos e queridos vizinhos, moram nas minhas recordações.



132ª - A Águia e a Raposa

Uma Águia e uma Raposa formaram uma íntima amizade e decidiram viver perto uma da outra. A Águia construiu o seu ninho numa árvore alta, enquanto a Raposa rastejando no solo fez ali seu ninho.
Não muito tempo depois, quando a Raposa estava procurando comida, a Águia estava desejando a provisão para suas jovens crias, lançou-se ao solo e agarrou um dos pequenos filhotes da raposa e alimentou sua ninhada. A Raposa ao seu retorno, descobriu o que tinha acontecido, mas era mais aflitiva a perda de sua jovem cria que sua inabilidade para a vingança.
Porém, uma justa retribuição veio em seguida sobre a Águia. Pairando perto de um altar no qual alguns aldeãos estavam sacrificando uma cabra, quando agarrou repentinamente um pedaço da carne e o levou ao seu ninho, onde, a cinza ainda ardente e uma brisa forte, acenderam-se a faísca, surgindo logo uma chama e os filhotes, como ainda não voavam, desamparados, foram assados no ninho, caindo todos mortos ao pé da árvore. A Raposa os engoliu à vista da Águia.
Moral:
"O tirano nunca está protegido daqueles a quem oprime."

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

131ª - A Águia e o Besouro


Effugere nemo potest, quod futurum est
O que há de ser, tem muita força

Bom dia amigos! A fábula de hoje mostra como o deus Chronos (Tempo) é aliado dos fracos e explorados. Apesar de alguns disporem tanto da força do argumento, como do argumento da força, Chronos será sempre o último a se manifestar.

BOA LEITURA e até mais...

131ª - A águia e o Besouro

Certa feita a Águia e o Besouro foram inimigos ferozes ao ponto de destruirem seus ninhos mutuamente. A Águia mostrou a primeira provocação, agarrando jovens besouros e os comendo. O Besouro foi aos ovos da Águia em segredo e os rolou para fora do ninho. Ambos foram na presença de Júpiter onde a Águia propôs irem discutir seus direitos. Com tamanha lamúria, Júpiter ordenou que a Águia fizesse o ninho em seu colo. Quando Júpiter tinha os ovos ali postos, o Besouro vôou sobre ele e o deus levantando-se para afastá-lo da cabeça -sem querer- jogou-os ao chão, quebrando-os.

Moral:

"O fraco muitas vezes se vinga daqueles que abusam dele, mesmo sendo estes mais poderosos."