quinta-feira, 15 de outubro de 2009

107ª - O Banho do Rapaz - 'Adeus'

Consultor homini tempus utilissimus
Com o tempo, torna-se útil o conselho


Olá amigos! A historieta de hoje resume-se em mostrar a importância da 'ajuda', simultaneamente ao conselho. Poderá tardar muito qualquer atitude prestativa se for preterida¹ a 'ajuda' ao conselho.

¹ v. t.d. ir além de; superar, ultrapassar - t.d. desprezar (algo ou alguém), em prol de (outra coisa ou outrem) - t.d. deixar de lado; desprezar, rejeitar, menosprezar.

Também hoje, editarei um poema de Eugênio de Andrade, premiado poeta e escritor português e de como encaro o passado da vida. Dele aproveitamos as boas coisas e os dilemas... adeus


Eugénio de Andrade


Adeus


Já gastamos as palavras pela rua, meu amor,

e o que nos ficou não chega

para afastar o frio de quatro paredes.

Gastamos tudo menos o silêncio.

Gastamos os olhos com o sal das lágrimas,

gastamos as mãos à força de as apertarmos,

gastamos o relógio e as pedras das esquinas

em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.

Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;

era como se todas as coisas fossem minhas;

quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.

E eu acreditava,

porque ao teu lado

todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,

era no tempo em que o teu corpo era um aquário,

era no tempo em que os meus olhos

eram realmente peixes verdes.

Hoje são apenas os meus olhos.

È pouco, mas é verdade,

uns olhos como todos os outros.

Já gastamos as palavras.

Quando agora digo: meu amor

já não se passa absolutamente nada.

E no entanto, antes das palavras gastas,

tenho a certeza

de que todas as coisas estremeciam

só de murmurar o teu nome

no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.

Dentro de ti

não há nada que me peça água.

O passado é inútil como um trapo.

E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.


Fonte: Antologia Breve de Eugénio de Andrade



107ª - O Banho do Rapaz

Um Rapaz que tomava banho num rio, estava em perigo de se afogar. Ele implorou para um viajante que passava, por ajuda. O viajante, em vez de oferecer-lhe auxílio, recusou-se terminantemente e ralhou com ele, pela sua imprudência. “Oh, senhor," chorou o moço, “... por favor, me ajude agora e me ralhe depois".

Moral:

"Aconselhamento sem ajuda é inútil.”


Um comentário:

Michaela disse...

Que poesia!!!!!!! Sniffffffff.....