Habet et musca splenem
Mesmo a mosca tem sua ira
Bom início de semana! A fábula de hoje, enfoca a situação do destempero¹ renegando a solidariedade. Cedo ou tarde, volta-se o esforço dispendido contra si mesmo. NÃO VALE A PENA! E por falar em solidariedade, ESSES OLHOS VIRAM......lá no início da década de 50, os armazéns dos bairros, seus famosos 'caderninhos' com hieróglifos², decifráveis apenas pelo proprietário. Neles havia o necessário. Este que conto, tinha na porta de entrada, o fumo em corda disputando com os bacalhaus o troféu do mais odorífico. O primeiro suando alcatrão pelos poros e os segundos, em barris tão ou mais fedidos do que a si próprios. À esquerda, o balcão dos pequenos aviamentos e material escolar básico, ambos geralmente de péssima qualidade. Ali se refugiava a Dirce e posteriormente a Neiva, doces e perplexas irmãs que esperaram (e alcançaram) a vida levá-las para algo melhor. Ao centro, nos fundos, o balcão das tulhas³ com a balança.Arroz, feijão preto e de cor, açúcar, farinhas de trigo e milho mais o sal, tudo avulso e nada refinado ou selecionado. A arte de embrulhar tais grãos em folhas de papel fino, era o verdadeiro 'origami'. Tosca alimentação. Ao centro, as caixas com os legumes, hortaliças e algumas frutas - as perenes bananas nos cachos -, tudo 'da época'. À direita, o balcão guarida do dono, com os queijos, banha, toucinho, salames, cachaças e destilados. A 'turma do aperitivo' ali se enganchava aos fins das tardes. As moscas eram em número miríade(*).
Na porta traseira, a escada para o sub-solo externo, onde as fétidas gaiolas guardavam aves vivas, vendidas por peso, com penas, vísceras e moelas cheias de palha e areia. Após muitos anos é que surgiram a margarina (tão rígida e salgada que dispensava refrigeração) e o óleo de um grão novo vindo do oriente - o feijão-soja, ora cultivado aqui -, além dos refinados açúcar e sal. Tudo recendia o 'bálsamo alemão', uma negra e gosmenta resina com odor de petróleo queimado, sorvida com torrões de açúcar pelo quitandeiro. Estes armazéns eram a única forma de solidariedade às donas-de-casa para a lida doméstica naquele tempo.
BOA LEITURA e até mais...
¹ s.m. grande disparate; despautério, despropósito .
³ recipiente us. para armazenagem de cereais.
(*) s.f. número, grandeza, correspondente a dez mil - p.ext. quantidade indeterminada, porém considerada imensa.110ª - O Touro e o Bode
Um Touro, escapando de um Leão, entrou numa caverna que alguns pastores tinham ocupado ultimamente. Um Bode havia sido deixado ali e o atacou violentamente com seus chifres afiados. O Touro o acalmou dizendo: "Escorneie tanto quanto você puder. Eu não tenho nenhum medo de você, mas sim do Leão. Deixe aquele monstro ir-se e logo te mostrarei o que é a diferença entre a força de um Bode e um Touro.” http://www.audacyhearingaids.com
Moral:
"Mostra-se uma má vontade, tirar vantagem de um amigo em apuros.".
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