sábado, 31 de outubro de 2009
121ª - O Cão e a Ceia do Dono - 'Show do Bossa'
Ars longa, vita brevis
Longa é a arte, curta a vida
Bom sábado amigos! A fábula de hoje é mais uma das adaptações, visto que na Grécia antiga dificilmente ocorreriam tais atores. Mas fica uma bela lição de moral e ética sobre a tentação e seu poder. Como hoje é sábado, a prosa ESSES OLHOS VIRAM...
...no início da década de 60, o ritual sabatino de ir ao cinema e depois, degustar um 'baurú ao pão' no restaurante "A Cigana". Não é preciso um exercício mental para vislumbrar o encanto deste fato. O ambiente enfumaçado, o olor misturado dos temperos e a turba ao redor do balcão. Atrás dele uma chapa avermelhada pelo calor, uma coifa gigante que não dava conta da fumaça e um malabarista - Bossa era seu nome -. Aos pulos e dançando, gritava os números das senhas - felizardas contempladas com os acepipes prontos naquele instante -. Enquanto chamava, já adiantava mais uma remessa.Comia-se na mão mesmo. Sobre a chapa, dezenas de bifes, conjuntos de presunto e queijo e o pão, todos com o tempo certo de cozimento e aquecimento, casando-se apenas no último momento: o pão aberto e os recheios... Todo o charme estava nas várias garrafas ao alcance das mãos mágicas dele. Giravam no ar num verdadeiro exercício de palco. Eram os molhos verdes (aspergidos apenas nas carnes) e até hoje pesquisados por seus seguidores.
Certa vez, em Garibaldi, no café de nossa propriedade, surgiu a idéia de fazermos algo parecido. Por amizade, o Bossa, se dispôs a ensinar alguns macetes da arte. Levamos ele até lá num fim-de-semana. Foi apoteótico. Os clientes vinham em magotes. Era show... Durante as viagens de ida e volta, soubemos que ele iria inaugurar seu próprio restaurante em algumas semanas. Ria e contava piadas, os fatos da sua vida, de como viera do nada e o segredo máximo - (claro que não revelado totalmente, apesar de nossos rogos) - os molhos verdes que sua avó lhe ensinara. Deu-nos para esta pseudo-franquia, várias garrafas. Sucesso absoluto e garanto que até hoje há quem recorde. Duas semanas depois destes momentos alegres, ele se enforcou, justo na noite da inauguração do seu "Restaurante Bossa". A cidade silenciou. Seu sócio e os empregados levaram adiante o projeto, mas nunca mais o segredo dos temperos verdes... pois ele o levou consigo. As ervas usadas foram até mencionadas no papo da viagem: sálvia, coentro, salsa, salsão, cebola verde, alho porró, osmarin (alecrim = Rosmarinus officinalis ), manjerona, mangericão, tomilho, orégano, cominho, pimenta preta e...água (algumas ervas picadas, outras inteiras) . Um tempo de cura e o molho estava pronto para ser aspergido sobre a carne já assada. Inigualável. O segredo? Era a proporção!
O Bossa deve estar servindo as mesas celestiais. Gratos por teres existido.
121º - O Cão e a Ceia do Dono
Um Cachorro havia sido ensinado a levar o jantar do seu patrão diariamente até ele. Como a cesta cheirava coisas boas, ficava ele extremamente tentado a prová-las, mas resistia à tentação e continuou a tarefa dia após dia, levando a cesta fielmente.
Um dia, todos os cachorros do bairro o seguiram com olhos ardentes e as mandíbulas gananciosas, tentando roubar o jantar da cesta. No princípio, o fiel cachorro procurou correr para longe deles, mas o perseguiram até o fim. Parando para discutir com eles o que desejavam, foi ridicularizado pelo que disse: “Muito bem, eu dividirei com vocês,” e agarrando o melhor pedaço de galinha na cesta, deixou o resto para os outros desfrutarem.
Moral:
“Quem parlamenta com a tentação, irá provavelmente render-se”.
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
120ª - Os Macacos Dançarinos - As galochas
Finis coronat opus
O fim coroa a obra
Bom dia prezados amigos! A fábula de hoje fala da usurpação¹ de caráter e como as ações revelam a verdadeira natureza. Lição de grande vulto.
Aproveitando o tempo de prosa, ESSES OLHOS VIRAM...
...os tempos das 'galochas'². Símbolo da idade adulta e 'status de gente bem', todos meninos tinham nelas, o sonho de consumo. Eram dias de cantilenas³ para ganhá-las. Vinham dobradas num pequeno pacote de papel celofane, cheias de talco (nem tanto para perfumar ou conservar, mas sim, facilitar a inserção dos sapatos). O dia em que ganhei minhas galochas, valeu pela felicidade, até hoje lembrada. Ficou por semanas na sapataria aguardando a chuva e o seu 'debut'.
Certo dia, na madrugada, raios e trovões anunciaram a esperada chuva. Caindo vigorosa antes que eu saísse de casa, coloquei a capa de feltro e capuz , as galochas nos pés (postas sem nenhuma instrução de uso) e os livros na pasta. Andando pelas sarjetas, como testando a estanqueidade, tudo era festa. Sapatos e meias secos e pés quentes, as galochas sairam-se garbosamente. A chuva seguiu toda manhã, cessando ao meio-dia, justo na hora de voltar para casa.
Feliz com a nova propriedade, eu caminhava espiando o brilho da borracha fina e reluzente. Chutando pedras, procurando poças para chapinhar, fiz as 25 quadras da volta, sem cansar. Ao chegar em casa, sentei-me na soleira da porta para tirá-las dos sapatos. O choque foi tão grande que emudeci. Não existiam mais as solas, apenas a parte superior das galochas, o cabedal. A fricção e o atrito com as lajes das calçadas secas, meus chutes e chapinhares no seco, tinham acabado com as sonhadas galochas. Nunca mais ousei pedir outra e voltei a ser apenas um guri - sem galochas -.
¹ apossar-se de ou tomar (algo) pela força ou sem direito.
² s.f. objeto de borracha que se calça por cima dos sapatos ou das botas, para protegê-los do contato com a água.
³ fig. queixa repetida e monótona; lamúria - fig. narrativa maçante ² a mesma c. fig. infrm. a mesma justificativa, o mesmo argumento.
120ª - Os Macacos Dançarinos
Um Príncipe tinha alguns Macacos treinados para dançar. Sendo naturalmente grandes imitadores das ações dos homens, eles mostravam serem, a maioria, hábeis alunos e quando usavam suas ricas roupas e máscaras, dançavam como quaisquer um da corte. O espetáculo era freqüentemente repetido, com grandes aplausos, até que numa ocasião, um cortesão, curvado pela idade, levou em seu bolso um punhado de nozes e as lançou no palco. Os Macacos, à vista das nozes, esqueceram suas danças e tornaram-se (como realmente eram...) Macacos, ao invés de atores. Tirando as suas máscaras e rasgando suas roupas, lutaram um com o outro pelas nozes.. O espetáculo da dança acabou-se assim.
Moral:
"Os que assumem um caráter, se trairão por suas ações.”
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
119ª - O Galo e a Raposa
Vivendo e aprendendo
Bom dia e bem-vindos! A fábula de hoje, nos parece uma variação de outras já traduzidas neste blog. Os personagens variam, mas a essência de que a desconfiança deve prevalecer é mantida.
BOM DIVERTIMENTO e até mais...
119ª - O Galo e a Raposa
A Raposa rastejava numa manhã de verão, bem cedo, perto de uma fazenda, quando foi pega por uma armadilha que o fazendeiro havia posto, com aquele fim. O Galo, a certa distância, viu o que acontecera e ousando confiar em si, aproximou-se cautelosamente de tão perigoso inimigo. A Raposa dirigiu-se a ele, com toda a manha ardilosa imaginável. "Querido primo," disse ela,” você vê que um infeliz acidente me aconteceu aqui e tudo por sua causa; quando eu estava rastejando no meu caminho para casa, ouvi-o cacarejar alegremente e resolvi lhe perguntar por que você estava tão feliz, mas antes que eu fosse adiante, me aconteceu esse desastre; e então agora eu tenho que lhe pedir uma faca para cortar este fio; ou pelo menos, você esconder meu infortúnio, até que eu possa roê-lo". O Galo vendo como o caso estava, não deu nenhuma resposta, mas saiu tão rápido quanto poderia e falou para o fazendeiro o acontecido. Este veio e matou a raposa.
Moral:
"Ajudar ao vicioso é tornar-se parte das suas culpas".
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
118ª - O Carvoeiro e o Engomador - A Pandorga
Em Roma, sê romano
A fábula de hoje, não parece ser dos idos de Esopo, porém respeitando a obra, aí está traduzida.
Aproveitando a prosa, ESSES OLHOS VIRAM...
...Os tempos em que brincar era assunto sério. Fui construtor de pipas (papagaios, pandorgas) de habilidade discutível, mas cheguei à obra-prima certa vez. Taquaras lixadas com caco de vidro, cola feita com farinha, papel de seda - cor encarnada -, barbante grosso para a circunscrição geométrica e guias, material levíssimo para a cauda e o mais importante: um carretel de linha grossa preta Corrente, com centenas de metros. Eu já havia construído formas quadradas, pentagonais, hexagonais e dupla cruz. Todas com razoável desempenho, mas alguém me havia dito que a forma de cruz circunscrita era 'o show'. Altura de 1,50 metros, braço com 75 centímetros colocado no terço da altura, enfim...obra feita, ficou linda.
Tarde plúmbea¹, ventos constantes e prenúncio de chuva. Fomos - eu e um amigo - soltá-la no descampado de uma via pública não-calçada, sem tráfego. Iniciamos a aventura. Uma só corrida e a pipa já dominava os céus. Contra as nuvens escuras, ela iluminava a retina, dançando e subindo velozmente. A linha zunia ao desenrolar, pois o carretel, gigante de madeira, rodava solto numa fina barra de ferro, tal carretilha de pescar. Sentia-me o dono do mundo. A pandorga quase sumia da vista, evolucionando ao meu comando. Era a única coisa visível em movimento nos céus, além das nuvens. Gritávamos de alegria! Embevecido², nem percebi que o carretel girava cada vez mais rápido. Repentinamente senti a mão leve. A pipa acenou-me um 'adeus', a linha sumiu dos meus dedos e nunca mais as vi. A chuva começou a cair. Homem não chora, mas as gotas daquela tempestade foram salgadas. O diacho seria explicar o carretel vazio. Se houve um Caçador de Pipas em Cabul, houve também um Perdedor de Pipas em Caxias do Sul. Nunca mais fiz pipas.
Teria o fato ocorrido para simplesmente ser contado aqui e distraí-los um pouco?
¹ adj. relativo a chumbo; plúmbico - que é feito de chumbo ou tem sua cor - que é tristonho, soturno, pesado.
² v.t.d. e pron. causar ou manifestar admiração profunda; enlevar(-se), extasiar(-se).
BOA LEITURA e até mais...
118ª - O Carvoeiro e o Engomador
Um Carvoeiro tinha o seu próprio negócio
que suas despesas de administração doméstica seriam diminuídas. O engomador respondeu-lhe: "O arranjo é impossível até onde eu estou percebendo, pois tudo o que eu devo embranquecer você enegreceria imediatamente com seu carvão”.
Moral:
"Iguais se juntam aos iguais".
terça-feira, 27 de outubro de 2009
117ª - O Gato, a Doninha e o Coelho
Ao homem ousado a fortuna estende a mão
Bom dia e bem-vindos! A fábula de hoje exemplifica bem como acontecem as coisas quando duas partes em litígio¹ entregam o problema para alguém mais poderoso resolver. Está cheia de exemplos práticos esta vida. MELHOR RESOLVER ENTRE SI QUALQUER DIVERGENCIA, NÃO É MESMO?
BOA LEITURA e até mais...
¹fig. conflito de interesses; contenda, pendência
117ª - O Gato. A Doninha e o Coelho
Certo dia enquanto um Coelho estava ausente de sua toca, uma Doninha tomou posse dele. No retorno do Coelho, vendo o focinho da Doninha que saindo do buraco, disse: "Você tem que deixar este buraco imediatamente. Há quarto só para um e sempre me pertenceu e aos meus pais antes de mim”. "O mais razoável é que você deve deixar ele agora," disse a Doninha,” e deveria partir já que a posse é minha". Como não pudessem resolver a disputa, concordaram em deixar a questão para um velho e sábio Gato, onde foram sem muitos receios. “Eu estou surdo," disse o Gato. "Ponham seus narizes perto de minhas orelhas". Nem bem fizeram isto, as patas do Gato apanhou-os, matando-os.
Moral:
"Os fortes estão aptos a resolver todas as questões, pela regra do poder.".
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
116ª - O Gato e os Ratos
É mais fácil aconselhar que praticar
Bom início de semana! A fábula de hoje mostra mais uma vez como os fracos podem sobreviver aos fortes, usando o raciocínio, a desconfiança e a esperteza. Ótima lição.
BOA LEITURA e até mais...
116ª - O Gato e os Ratos
Uma casa ficou infestada com Ratos. Um Gato sabendo disto, agiu a seu modo e começou a pegá-los e comê-los um por um. Os ratos sendo devorados continuamente, mantiveram-se em seus buracos. O Gato logo não foi mais capaz de pegá-los, e percebeu que precisaria usar uma artimanha.
Com este propósito saltou em uma viga e suspendendo-se nela, fingiu estar morto. Quando os ratos vieram perto, se lançou entre eles e matou um grande número. Satisfeito com o sucesso do truque, tentou outro.
Cobriu-se com farinha e colocou-se no meio de vários sacos, como se fora um. Os ratos mais jovens e afoitos caminhavam perigosamente perto, mas um velho rato, assoviando cautelosamente disse: "Ah, meu bom senhor, embora você quisesse se transformar em um verdadeiro saco de farinha, eu também não caminharei perto de você”.
Moral:
"Evite o perigo até mesmo nas aparências.".
sábado, 24 de outubro de 2009
115ª - O Gato e o Galo - 'Ente de Luz'
Os pequenos córregos fazem os grandes rios
Bom sábado e prenúncios de um belo fim-de-semana. A fábula de hoje tem o mesmo conteúdo daquela sobre o lobo e o cordeiro, logo no início deste blog. A moral concentra-se na incapacidade do fraco e a ineficácia das negativas sobre as inconfidências¹.
Já que falamos do prevalecimento, hoje contarei algo sobre sessenta anos atrás e tenho guardado no mais profundo e rotundo da memória. O que se ganha em descrevê-lo? Simplesmente o axioma: "Acredite no que as crianças dizem!".
ESSES OLHOS VIRAM...na calada da noite, com quase quatro anos de idade. Casa quieta, com lides domésticas concentradas apenas na cozinha (recordo o feijão sendo limpo e a louça sendo lavada, quando ali cheguei depois do acontecido). Deitado na cama do meu quarto, sozinho, na letargia da espera pelo sono. Aos pés da cama, a parede da porta de entrada, dando para a varanda e contígua ao quarto do casal.
Recém adquirido, um carrilhão francês tocou os quartos de hora e soou as dez badaladas. Subitamente acordado, olhei para a porta e saindo do dormitório ao lado, a figura de um velho calvo, numa toga, envolto em brilho, branco-fosforecente, quase cegante, clarão concentrado apenas em si, mas refletindo no vidro lateral de uma cristaleira que havia na varanda e visível de onde eu estava. A figura deslocava-se levitando e foi em direção ao próprio reflexo no vidro, desaparecendo nele. Foram segundos eternos e aterrorizantes. Paralisado até então, ergui-me e fui à cozinha pedir socorro. O tergiversar² dos adultos e um copo de água com açúcar, trouxeram-me de volta à realidade. Foi uma experiência tão marcante que levarei comigo enquanto existir. Há outra dimensão? Sim, há!
Anos depois, numa visita fraterna, uma pessoa mediúnica assegurou haver um xamã³ indígena presente na casa. Que seja bem-vindo...
¹ s.f.falta, abuso de confiança, revelação de segredo; indiscrição.
² v. int. usar de evasivas ou subterfúgios; procurar rodeios.
³ p.ext. em todas as sociedades humanas que apresentam formas de ritualismo mágico-religioso, indivíduo escolhido pela comunidade para a função sacerdotal, freq. em decorrência de comportamentos incomuns ou propensão a transes místicos, e ao qual se atribui o dom de invocar, controlar ou incorporar espíritos, que favoreceriam os seus poderes de exorcismo, adivinhação, cura ou magia.
115ª - O gato e o Galo
Um Gato pegou um galo e levou-o deliberadamente consigo, pensando como poderia achar uma desculpa razoável para comê-lo. Acusou-o de ser barulhento para os homens, gritando de alegria na madrugada, não lhes permitindo dormir. O Galo se defendeu dizendo que fazia isto para o benefício dos próprios homens já que poderiam levantar da cama para os seus trabalhos. O Gato respondeu: "Embora você ache e se desmanche em desculpas, eu não permanecerei apiedado" e fez uma lauta refeição com ele.
Moral:
"Nada ajuda negar as falsas acusações, feitas conscientemente."
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
114ª - O Gato e os Pássaros - 'Colchão de Palha'
Ventre em jejum não ouve a nenhum
Bom dia a todos! A fábula de hoje lida com a dissimulação¹ e de como devemos estar atentos à ela. O conto não traz uma moral explícita, mas deixa subentendido a esperteza do mais fraco diante do mais forte, única forma de enfrentá-lo.
Há dois dias vimos (do verbo vir - presente indicativo 1ª pessoa plural) falando das palhas de milho usadas para os cigarros de antigamente.
Não sei porque, veio à minha memória, uma lembrança sobre o colchão de palhas de milho. Era chamado de 'paion' (pronúncia de 'palhão' no sotaque gringo). Feito com um grosso tecido de algodão, quase uma 'gabardina² '. Possuía cortes laterais para que se pudesse afofar as palhas, ora para a noite, ora após ruidosas batalhas, pois nada mais legal que voar sobre uma pilha de palhas secas e musicais.
Conta a história, ser ótimo lugar para esconder o dinheiro (acho que daí a expressão: "Agulha em palheiro"). Em Garibaldi - na década de 40 - quando certa vez faltaram cédulas no banco (incrível mas fidedigno), o gerente socorreu-se de um rico comerciante vizinho ao lado, pedindo-lhe emprestado uma quantia. Quando este senhor chegou ao banco, estendendo a mão com o maço de cédulas, junto com a manga havia uma palha de milho balouçando. A gargalhada foi geral. Contavam que o gerente sussurrou ao enrubescido cidadão: "Troque de esconderijo!".
Do paion, guardam-se ótimas lembranças, inclusive dos primeiros cigarrinhos feitos só com a palha e dos galos na cabeça causados por pulos mal calculados. E note-se, os colchões já eram feitos com lã de ovelha ou crina, mas a disputa era por dormir ao som aconchegante das palhas. Já sei o porque da lembrança... palha puxa palha ora!
BOA LEITURA e até mais...
¹ s.f. ação ou resultado de dissimular(-se) - ocultação, por um indivíduo, de suas verdadeiras intenções e sentimentos; hipocrisia, fingimento.
² s.f. têxt fazenda de lã ou algodão, natural ou sintética, tecida em diagonal e com trama apertada, us. para a confecção.
11 4ª - O Gato e os Pássaros
Um Gato ouvindo dizer que os Pássaros de certo viveiro estavam aflitos, vestiu-se como um médico e levando com ele uma pasta com os instrumentos da profissão, foi até lá. Batendo à porta, indagou aos ocupantes como todos estavam, dizendo que se eles estivessem doentes, ficaria contente em prescrever para eles e os curar. Eles responderam: "Nós somos todos muito bem e continuará assim e você só será bom o bastante indo embora e nos deixar como estamos".
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
113ª - O Camelo e os Viajantes - O Cigarro
Estrada batida, estrada sabida
Bom dia amigos! Esta historieta nos mostra de como as dificuldades vistas de longe, são mais aguçadas. Não é a distância física, mas sim a distância temporal. Melhor não antecipar e resolver cada caso em seu devido tempo. Por lermos de camelos e desertos, ontem e hoje, vieram-me à memória os Gauloises e os Gitanes, cigarros patrióticos franceses, divulgados nos filmes e romances das décadas 50 e 60. Ali, ESSES OLHOS VIRAM...
...o surgimento do tabagismo de massa, pulando do palheiro - o fumo em corda, palha de milho e a 'britola' (canivete curvo e afiado) - com sua arte de confecção, desde o corte fino do tabaco até o desfiar entre as palmas das mãos, passando pelo afinar e cortar a palha, impregnando o ambiente com o forte odor, amainado apenas pela fumaça azulada das primeiras tragadas e depois, tudo voltar a mergulhar no amargo perfume.
Os mais renitentes¹ pelo vício, esqueciam atrás da orelha um toco apagado e refaziam um novo. Era ritual manso, típico dos tempos sem pressa.
Daí, surgiram o Continental (carteira azulada) e o Hollywood (carteira vermelha), dividindo espaço com o Belmont (carteira amarela), Hudson (carteira marron) e o L&S (carteira roxa) e todos contra o mentolado Consul (carteira verde). Sem filtros, demandavam arte no fumar, não desmanchando o papel com a saliva ou desmaiando com uma tragada mais profunda. Seriam eles precursores desta sociedade mergulhada nas drogas pesadas ou a falta deles que levou a isto? Fica o desafio para reflexão...
BOA LEITURA e até mais.
¹ adj.2g.s.2g.que ou aquele que renite, que teima ou não se conforma; obstinado, pertinaz, inconformado.
113ª - O Camelo e os Viajantes
Dois Viajantes em um deserto viram um Camelo ao longe e ficaram grandemente amedrontados à sua enorme aparência, pensando ser algum monstro enorme. Enquanto eles se escondiam atrás de alguns arbustos rasteiros, o animal chegou mais próximo e eles descobriram que era só um camelo inofensivo, que havia despertado seus medos.
Moral:
"A distância exagera os perigos."
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
112ª - O Camelo e o Árabe
Hoje por mim, amanhã por ti
Bom dia amigos! A fábula de hoje nos mostra a ingenuidade diante da jocosidade. Confesso não ter vislumbrado a moral da historieta, mas cumprindo o prometido, traduzi o conto fiel com sua integridade.
O deserto, seus habitantes e animais, sempre fizeram parte do imaginário ocidental. Livros e filmes, clássicos eternos, souberam fazer deste cenário as mais belas descrições, cativantes e misteriosas. Desde Tarzan, até Indiana Jones, passando por Lawrence das Arábias, Os Lanceiros de Bebgala, A Legião Estrangeira, As Batalhas da 2ª Grande Guerra, As divisões Panzer de Rommel, Cleópatra e Marco Antonio, Moisés, etc. etc. etc... Viagens fabulosas, acreditem!
112ª - O Camelo e o Árabe
Um Árabe condutor de caravanas, tendo completado a carga do seu Camelo, perguntou-lhe jocosamente, do que ele gostaria mais, “... subir ou descer uma colina?". O pobre animal respondeu, não sem um toque de razão: "Por que você me pergunta? Será que o caminho plano pelo deserto estaria fechado?".
terça-feira, 20 de outubro de 2009
111ª - OS Touros e as Rãs
BOA LEITURA e até mais...
111ª - Os Touros e as Rãs
Dois Touros viviam no mesmo pasto e cada qual aspirava ser o líder e dominar o rebanho. Finalmente empenharam-se numa feroz batalha. Uma velha rã sentou-se na beira de um córrego ali próximo começou a gemer e tremer com medo. Uma jovem rã, irresponsável disse à velha: "Por que tanto medo? O que é para você, os Touros lutarem para ver de quem é a supremacia?" A velha rã respondeu: “Você não vê? Aquele que derrotar o outro ficará no pasto e obrigará o derrotado a ficar nos pântanos e este, nos pisoteará até a morte!”.
Moral:
"Os pequenos são freqüentemente os sofredores pelas loucuras dos grandes."
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
110ª - O Touro e o Bode - Armazém de bairro
Habet et musca splenem
Mesmo a mosca tem sua ira
Bom início de semana! A fábula de hoje, enfoca a situação do destempero¹ renegando a solidariedade. Cedo ou tarde, volta-se o esforço dispendido contra si mesmo. NÃO VALE A PENA! E por falar em solidariedade, ESSES OLHOS VIRAM......lá no início da década de 50, os armazéns dos bairros, seus famosos 'caderninhos' com hieróglifos², decifráveis apenas pelo proprietário. Neles havia o necessário. Este que conto, tinha na porta de entrada, o fumo em corda disputando com os bacalhaus o troféu do mais odorífico. O primeiro suando alcatrão pelos poros e os segundos, em barris tão ou mais fedidos do que a si próprios. À esquerda, o balcão dos pequenos aviamentos e material escolar básico, ambos geralmente de péssima qualidade. Ali se refugiava a Dirce e posteriormente a Neiva, doces e perplexas irmãs que esperaram (e alcançaram) a vida levá-las para algo melhor. Ao centro, nos fundos, o balcão das tulhas³ com a balança.Arroz, feijão preto e de cor, açúcar, farinhas de trigo e milho mais o sal, tudo avulso e nada refinado ou selecionado. A arte de embrulhar tais grãos em folhas de papel fino, era o verdadeiro 'origami'. Tosca alimentação. Ao centro, as caixas com os legumes, hortaliças e algumas frutas - as perenes bananas nos cachos -, tudo 'da época'. À direita, o balcão guarida do dono, com os queijos, banha, toucinho, salames, cachaças e destilados. A 'turma do aperitivo' ali se enganchava aos fins das tardes. As moscas eram em número miríade(*).
Na porta traseira, a escada para o sub-solo externo, onde as fétidas gaiolas guardavam aves vivas, vendidas por peso, com penas, vísceras e moelas cheias de palha e areia. Após muitos anos é que surgiram a margarina (tão rígida e salgada que dispensava refrigeração) e o óleo de um grão novo vindo do oriente - o feijão-soja, ora cultivado aqui -, além dos refinados açúcar e sal. Tudo recendia o 'bálsamo alemão', uma negra e gosmenta resina com odor de petróleo queimado, sorvida com torrões de açúcar pelo quitandeiro. Estes armazéns eram a única forma de solidariedade às donas-de-casa para a lida doméstica naquele tempo.
BOA LEITURA e até mais...
¹ s.m. grande disparate; despautério, despropósito .
³ recipiente us. para armazenagem de cereais.
(*) s.f. número, grandeza, correspondente a dez mil - p.ext. quantidade indeterminada, porém considerada imensa.110ª - O Touro e o Bode
Um Touro, escapando de um Leão, entrou numa caverna que alguns pastores tinham ocupado ultimamente. Um Bode havia sido deixado ali e o atacou violentamente com seus chifres afiados. O Touro o acalmou dizendo: "Escorneie tanto quanto você puder. Eu não tenho nenhum medo de você, mas sim do Leão. Deixe aquele monstro ir-se e logo te mostrarei o que é a diferença entre a força de um Bode e um Touro.” http://www.audacyhearingaids.com
Moral:
"Mostra-se uma má vontade, tirar vantagem de um amigo em apuros.".
sábado, 17 de outubro de 2009
109ª - O Touro e o Bezerro - Fazendo bifes
Não há tempero tão bom como a fome
Olá amigos! A fábula de hoje fala da pretensão. Quando a experiência da idade ou a clarividência¹ dos idosos são desprezadas, geralmente o resultado é danoso. Esopo já dizia em seu conto de hoje: "Não presuma!" Bela lição.
E por falar em lição, touro e bezerro, repasso a vocês uma técnica para fazer um bife suculento, macio, cozido e insuperável. Aprendi com um chef espanhol - j.Andrés - e nunca havia reparado no erro cometido nos cozimentos comuns, quando a carne perde todos os sumos. Antes de tudo, é necessário obter uma tampa abaulada e com furos nas laterais, como as destas formas para bolo que vão sobre o bico do gás. Ele, creiam, usa uma lata de azeite, recortada num dos lados e vazada nas laterais. Toda a técnica se concentra em igualar a temperatura nas duas faces do bife, sem deixar o vapor molhar a carne. Colocado o bife na frigideira, cubra-o e deixe cozinhar até mais da metade da espessura (verifique de tempos em tempos).Vire-o após isto e cubra-o novamente, até o cozimento total. Salgue somente após pronto. Experimentem.
BOA LEITURA e até mais...
¹ s.f. qualidade ou caráter de clarividente - espir faculdade por meio da qual o médium, sem empregar os sentidos, toma conhecimento do mundo exterior .
109ª - O Touro e o Bezerro
Um Touro estava esforçando-se com todo empenho para ultrapassar uma passagem estreita que o conduziria ao estábulo. Um jovem Bezerro surgiu e ofereceu-se para ir à frente e mostrar-lhe o modo pelo qual ele poderia conseguir passar."Safe-se a ti mesmo das dificuldades, " disse o Touro; "Eu sei de que modo proceder muito antes que você nascesse!".
Moral:
"Não presuma ensinar seus anciãos".
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
108ª - Os Meninos e as Rãs - Arroz Árabe
A fome é boa cozinheira
Bom dia caros amigos e amigas! Quanta verdade na moral da história de hoje. Diversão para uns e dramas para outros. Muitas vezes sem querer, colocamos em 'xeque' a dignidade alheia. Melhor cuidar sempre e saber conviver.
Outro dia, navegando, encontrei uma receita rara e muito simples. Basta o capricho de encontrar os ingredientes num bom mercado e 'sair pro abraço'. Aí vai ela, catada de um site em Portugal...ARROZ ÁRABE
Ingredientes
Cebola média, fatiada finíssima
1 tablete caldo knorr p/arroz ou legumes,
e uma xícara com passas de uva, pinólis, amendoins crús,
e tâmaras. .Um bom punhado de cada grão..
Azeite extra virgem – um bom fio
Alho – 1 dente fatiado fino
Louro – 1 folha
Confecção
- Numa panela aloure a cebola e o alho no azeite.
- Junte os pinólis, as tâmaras partidas aos pedaços, os amendoins e as passas e deixe ganhar cor.
- Junte o arroz e deixe fritar um pouco e acrescente água fervente até cobrir em um ou dois dedos.
- Tempere de sal, coloque o louro e junte o caldo knorr.
- Deixe o arroz cozer a gosto, tampe a panela. Quando o arroz estiver quase cozido destampe e deixe o arroz acabar de cozer e secar um pouco.
Bom apetite, boa leitura...
108ª - Os Meninos e as Rãs
Alguns meninos estavam brincando perto de uma lagoa, quando viram várias Rãs na água e começaram a assustá-las jogando pedras. Eles mataram várias delas, quando uma das Rãs, erguendo sua cabeça fora da água, clamou: “Parem, por favor, meus meninos; o que é divertido para vocês, é a morte para nós".
Moral:
"O que fazemos freqüentemente como desporto, traz grandes dificuldades para outros.”
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
107ª - O Banho do Rapaz - 'Adeus'
Com o tempo, torna-se útil o conselho
Olá amigos! A historieta de hoje resume-se em mostrar a importância da 'ajuda', simultaneamente ao conselho. Poderá tardar muito qualquer atitude prestativa se for preterida¹ a 'ajuda' ao conselho.
¹ v. t.d. ir além de; superar, ultrapassar - t.d. desprezar (algo ou alguém), em prol de (outra coisa ou outrem) - t.d. deixar de lado; desprezar, rejeitar, menosprezar.
Também hoje, editarei um poema de Eugênio de Andrade, premiado poeta e escritor português e de como encaro o passado da vida. Dele aproveitamos as boas coisas e os dilemas... adeus
Eugénio de Andrade
Já gastamos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastamos tudo menos o silêncio.
Gastamos os olhos com o sal das lágrimas,
gastamos as mãos à força de as apertarmos,
gastamos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas;
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
È pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastamos as palavras.
Quando agora digo: meu amor
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Fonte: Antologia Breve de Eugénio de Andrade
107ª - O Banho do Rapaz
Um Rapaz que tomava banho num rio, estava em perigo de se afogar. Ele implorou para um viajante que passava, por ajuda. O viajante, em vez de oferecer-lhe auxílio, recusou-se terminantemente e ralhou com ele, pela sua imprudência. “Oh, senhor," chorou o moço, “... por favor, me ajude agora e me ralhe depois".
Moral:
"Aconselhamento sem ajuda é inútil.”
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
106ª - O Menino e a Urtiga - Os Japoneses
O costume muda a natureza
Bom dia amigos ! Hoje o ensinamento da perseverança e firmeza. Quantas coisas na vida são 'urtiguentas'... Mas firmeza com elas, denodo¹ e constância². Sò assim para dobrar as vicissitudes.
E por falar em perseverança, ESSES OLHOS VIRAM e...
...conviveram com a cultura oriental, lá por meados da década de 60. Um engenheiro agrômo, sua família - esposa e dois filhos - vieram de Yokoama - Japão, para cultivar terras nossas, em retalho de colônia italiana. O que este homem arrancou da terra em hortaliças e legumes.E note-se, eram escarpas tão pedrogosas que nem videras haviam vingado. Tomates e pepinos com mais de 1 kilo, faziam os feirantes, onde íamos entregar a mercadoria, duvidarem da sanidade da produção. Qual o segredo? Dedicação e empenho. Seu Sakuma ia em meio da noite abrir os canais de irrigação e fechá-los após a dose necessária de água. Dizia: "Como na vida, a plantação também requer dedicação extremada, sem folgas ou descansos. O bom resultado virá ao natural."
Não esqueço as cinzas dos quatro avós que levavam junto, numa só urna e um pequeno oratório. Foram-se embora após três anos, atraídos pela generosa terra roxa do Paraná. Será que ainda vive o Sr. Seige Sakuma? Masanobu e Minoro os filhos e a silenciosa e calada Sra. Kioko ?
Onde andam? Vai daqui uma lembrança carinhosa do convívio com esta gente corajosa e denodada.
¹ s.m. ousadia, bravura diante do perigo; intrepidez, coragem.
106ª - O Menino e as Urtigas
Um Menino foi picado por uma Urtiga. Correndo para casa, falou para sua mãe: "Embora a tocasse tão suavemente, dói tanto.". - "Bastou isto para picá-lo. Da próxima vez que você toca uma Urtiga, agarre-a corajosamente e ela será macia como seda para a sua mão e não lhe doerá nada!".
Moral:
"Tudo o que você fizer, faça-o com todo seu poder.”
terça-feira, 13 de outubro de 2009
105ª - O Menino e as Avelãs
Homem pobre com pouco se contenta
Bom dia amigos do blog! A fábula de hoje fala da ganância e a gula pelo gostoso. Lembram-se do ditado : "Macaco velho não põe mão em cumbuca"? - Pois aí está o conto-raiz, de onde ele se originou...
Ser parcimonioso¹ fa z parte do ser educado. O limite - tão esquecido - precisa de uma renovação. Ser civilizado significa absorver estes ensinamentos.Meu recado para as crianças do blog: "Tem mais a ser dado, do que a ser tirado"...
BOA LEITURA e até mais...
¹ adj. qualidade ou característica de parco - ação ou hábito de fazer economia, de poupar; economia .
105ª - O Menino e as Avelãs
Um Menino pôs sua mão numa jarra que continha avelãs. Ele agarrou tantas quantas poderia segurar, mas quando ele pretendeu retirar a mão, lhe foi impedido pelo gargalo da jarra, muito menor que a sua mão fechada. Pouco disposto a perder as avelãs e ainda incapaz de retirar a mão, ele caiu em lágrimas e amargamente lamentou a sua decepção. Um espectador disse a ele: "Fique satisfeito com metade da quantidade e você tirará sua mão prontamente.".
Moral:
"Não tente muito, de uma só vez.”
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
104ª - O Arqueiro e o Leão - A Caligrafia
Bonus rumor alterum est patrimonium
Boa fama vale dinheiro
¹ adj.- que tem inclinação para a guerra, para o combate; que faz guerra por vocação e vezo; belígero.
104ª - O Arqueiro e o Leão
Um Arqueiro muito hábil foi para as montanhas à procura de diversão. Todos os animais da floresta fugiam à aproximação dele. Só o Leão o desafiou a combater. O Arqueiro imediatamente lançou uma seta, e disse ao Leão: "Eu envio para ti meu mensageiro, para que dele tu possas aprender o que eu farei quando te alcançar!".
O Leão, ferido, fugiu apressadamente com grande temor e, para uma Raposa que tentava exortá-lo a ser corajoso e não fugir ao primeiro ataque, respondeu-lhe: "Você me aconselha em vão, pois se ele envia tão amedontrador mensageiro, como agüentarei o ataque do próprio guerreiro?”.
Moral:
"Um homem que pode golpear de longe, não é vizinho agradável.”
sábado, 10 de outubro de 2009
103ª - O Viajante Esnobe
Quem mal fala pior ouve
103ª - O Viajante Esnobe
Um Homem que tinha viajado por terras estrangeiras, vangloriava-se muito das coisas maravilhosas e heróicas que havia visto e feito em tantos lugares diferentes, visitados antes de voltar ao seu próprio país. Entre outras coisas, dizia que quando estava em Rhodes, tinha saltado a uma distância tal que nenhum homem além dele poderia saltar, em qualquer lugar - e sobre isso havia em Rhodes muitas pessoas que viram-no fazendo isto, e que ele poderia chamá-las como testemunhas. Um dos ouvintes o interrompendo, disse: "Agora, meu bom homem, se isto é tudo verdade, não há nenhuma necessidade de testemunhas. Suponhamos isto ter sido em Rhodes; e agora suponhamos ter sido seu pulo".
Moral:
"Corrija uma pessoa exibida colocando suas palavras em teste".
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
102ª - O Javali e o Asno
A bom entendedor meia palavra basta
102ª - O Javali e o Asno
Um asno - desavergonhado - encontrou-se com um javali e teve a idéia de ser impertinente e disse assim a ele: "Seu humilde criado". O Javali, um pouco irritado com a familiaridade, avançou até ele, e lhe falou que havia sido pego de surpresa ao ouvi-lo proferir tão descarada mentira e iria mostrar o seu ressentimento dando-lhe uma lanhada no flanco; mas sabiamente abafou sua raiva e contente consigo mesmo disse: "Vá, arrepender-se animal! Não sujarei minhas presas com o sangue de tão simplória criatura".
Moral:
"A dignidade não pode se dispor a disputar com seres inferiores".
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
101ª - O Cego e o Filhote de Lobo
Um cego não pode ser juiz em cores
Apesar da chuva, frio e neblina fechada, nossa saudação a todos. A fábula de hoje, sobre a INTUIÇÃO do velho cego, mostra-nos que sempre haverá alguém a definir uma má inclinação comportamental, nossa ou de outrem. Difícil esconder de todos, todo o tempo. Melhor buscar a correção e a ajuda. A infância, a adolescência, a vida adulta, a velhice e a senilidade, todas elas, cabe-nos uma só na vida. Melhor preservar o melhor de cada fase, levando adiante apenas o aproveitável.
BOA LEITURA e até mais...
101ª - O cego e o Filhote de Lobo
Um velho cego estava acostumado a distinguir diferentes animais apenas tocando-os com as suas mãos. Um filhote de lobo foi-lhe trazido, com o pedido que ele o apalpasse e dissesse o que era. Ele acariciou-o e estando em dúvida, disse: "Eu não sei perfeitamente se é um filhote de Raposa ou o de um Lobo, mas o que eu sei bem é não dá-lo ao criador de ovelhas.".
Moral:
"As más tendências são mostradas logo cedo na vida.".
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
100ª - As Abelhas, os Zangões e a Vespa
O credor tem melhor memória que o devedor
Olá amigos! Guardada a infinitisimal proporção dos escritos, sinto-me com a alegria do Giovanni - o Bocaccio -, quando editou seu centésimo conto no Decameron.
Queira ou não, as prosas, as fábulas, os amigos que chegam em visitas bem-vindas, enchem-nos de satisfação, arregimentando¹ as forças para seguirmos em frente, por esta estrada agreste².
Com frondosos carvalhos, cabanas, poços, pântanos, cavernas rupestres³, bichos que falam e seres exdrúxulos, encontramos morais e éticas em cada curva.
São lições de vida e comportamentos ora proveitosos, ora dispensáveis. Como viajantes invisíveis no tempo, renovo o convite: "Sigamos em frente e vamos ver onde chegaremos!".
¹ v. t.d. organizar em regimento militar; ordenar, formar (um corpo de tropas) - t.d. e pron. p.ext. reunir(-se) em partido, associação ou grupo; alinhar(-se).
² adj.2g.s.m.que ou o que se refere aos campos; silvestre, selvagem - fig. que ou o que contraria convenções citadinas; não cultivado, rústico.
³ adj.2g. relativo a rocha - arq construído em rocha (diz-se de habitação) .
100ª - As Abelhas, Os Zangões e a Vespa
Algumas Abelhas tinham construído um favo de mel na fenda de um velho tronco de carvalho. Os zangões asseguravam que eles haviam-no feito e assim, pertencia a eles. A causa foi levada a um tribunal ante a Juíza Vespa. Conhecendo alguma coisa sobre as partes envolvidas, ordenou assim: “Os demandantes e os acusados são um tanto semelhantes, de forma a tornar a matéria da discussão - a propriedade -, um assunto duvidoso”. "Deixemos cada parte formar uma colméia para si e construir um novo favo, pois pela forma deles e o gosto do mel, se poderá determinar o verdadeiro e legal proprietário". As Abelhas consentiram prontamente ao plano. Os zangões recusaram-na. Ao que a juíza Vespa deu seu parecer: "Está claro agora quem fez a colméia e quem não pode fazê-la; o Tribunal decide que o mel é das Abelhas".
Moral:
"As profissões são mais bem testadas através das ações".