sábado, 26 de setembro de 2009

91ª - O Asno e sua Sombra - 'Éramos onze'

Omne nimium nocet
Tudo que é demais prejudica

Bem-vindos! A fábula de hoje aborda, tal como a de número III deste blog, o quanto perdemos pela ganância. Saber pesar a cessão num conflito de interesses, é a diferença entre o 'tudo perder' ou o 'ganhar algo'.

Num plágio desavergonhado, pedindo licença a J.L.Peixoto - poeta português a quem admiro muito -, transporei um de seus poemas aqui. São os efeitos destas fábulas que trazem de volta tempos que não retornariam sozinhos. Numa mesa, onde as experiências gastronômicas eram submetidas aos mais variados gostos... ESSES OLHOS VIRAM...

Éramos onze na hora de comer:
o meu pai, a minha mãe, eu, os irmãos e a tia-avó.
Eu casei primeiro fui embora,
minha tia-avó morreu, depois os irmãos
foram embora, menos o terceiro na ordem.
Morreu minha mãe, morreu meu pai,
Hoje na hora de comer são onze,
menos minha tia-avó, menos eu que casei e fui embora,
menos a mãe e o pai que morreram,
menos os irmãos que foram embora,
O terceiro na ordem agora come sozinho,
onde éramos onze, mas cada um com lugar
vazio à mesa, porque sempre estarão ali
os que foram embora...
Enquanto um de nós puder lembrar,
serão sempre onze, na hora de comer.

BOA LEITURA e até mais...



91ª - O Asno e sua sombra

Um viajante contratou um condutor e seu Asno para ir com ele a um lugar muito distante. O dia estava insuportavelmente quente e o sol brilhava em plena força. O Viajante parou para descansar e buscou abrigo do calor na sombra do Asno. Como havia apenas proteção para uma só pessoa, o Viajante e o dono do Asno reivindicaram-no para si próprios, numa violenta disputa entre ambos, sobre qual deles teria o direito. O dono manteve-se firme em que apenas ele tinha este direito, pois o Asno era seu. O Viajante afirmava que ele tinha o direito, pois havia contratado o Asno e por conseqüência, também a sua Sombra. A disputa passou de palavras para os murros e enquanto os homens lutavam, o Asno fugiu galopando.

Moral:

"Disputando sobre a sombra, nós perdemos freqüentemente a essência."

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