segunda-feira, 31 de agosto de 2009

LXVIII - A Lbre e a Tartaruga


Largissimi promissores, vanissimi exhibitores
Muito prometer, sinal de pouco dar


Bom início de semana a todos. Hoje, uma das mais contadas e conhecidas fábulas deste mestre e aqui repetida para honrar a integridade da obra. Algo 'fascista'¹, induz o leitor a subentender o ganho pelo trabalho puro e denodado². Mas convém recordar que nem sempre é assim. A habilidade e a competência também devem ser levadas em conta e como devem...

BOA LEITURA e até amanhã...


¹ tendência para ou o exercício de forte controle autocrático ou ditatorial.

² adj.- cheio de denodo; corajoso, atrevido, valente.


LXVIII - A Lebre e a Tartaruga


Certa vez a Lebre estava exibindo sua velocidade diante dos outros animais. "Eu nunca fui vencida quando eu alcanço minha velocidade máxima", disse ela e continuou, "Desafio qualquer um aqui para correr comigo”.

A Tartaruga disse calmamente, "Aceito seu desafio”.

"Isso é uma boa piada,” disse a Lebre;” Eu poderia dançar toda a corrida em volta. de você”.

"Mantenha esta sua jactância até que você seja vencida," respondeu a Tartaruga. "Nós correremos?".

Assim foi definido um percurso e deu-se início da corrida. A Lebre arrancou e imediatamente sumiu de vista, mas logo parou e mostrando o seu desprezo pela Tartaruga, colocou-se a cochilar. A operosa Tartaruga seguiu passo a passo e quando a Lebre despertou do seu cochilo, viu a Tartaruga próxima da linha de chegada e não podia mais correr a tempo de alcançá-la e vencer. Então a Tartaruga cruzando a linha, vencedora, disse:


"O esforço ganha corrida!". (moral)




sábado, 29 de agosto de 2009

LXVII - Colocando o Sino no Gato

Impossibilium nulla obligatio est
Ninguém está obrigado ao impossível

Bom fim-de-semana é nosso sincero voto, a todos. A fábula de hoje, como outras tantas, toca no aspecto de como é fácil falar, opinar, criticar e orientar, desde que não comprometa a quem discursa. É uma ótima reflexão sobre como devemos nos portar e somente manifestar o conceito se o soubermos ou pudermos fazer.

BOA LEITURA e até segunda...


LXVII - Colocando o sino no gato



Há muito tempo, os ratos fizeram um conselho geral para considerar o que medida poderiam tomar para burlar o seu inimigo comum, o Gato. Alguns disseram isto e outros disseram aquilo; mas por fim um jovem rato levantou-se e disse ter uma proposta para fazer, a qual ele pensou, resolveria o caso. "Vocês todos vão concordar, " disse ele, "... que nosso principal perigo consiste na maneira astuta e traiçoeira como nosso inimigo chega. Agora, se pudéssemos perceber algum sinal da sua aproximação, poderíamos escapar facilmente. Então, eu me aventuro a propor que um pequeno sino pequeno seja obtido e prendêmo-lo por uma tira no pescoço do Gato. Isto significa que nós sempre saberemos quando ele estiver se aproximado e poderemos escapar facilmente quando ele estiver na vizinhança"..

Esta proposta se encontrou aplausos gerais, até que um velho rato levantou-se e disse: "Quem disse está tudo muito bem, mas quem colocará o sino no Gato?" Os ratos olharam um ao outro e ninguém falou. Então o velho rato disse:

"É fácil propor soluções impossíveis." . (moral)




sexta-feira, 28 de agosto de 2009

LXVI - A Corça Caolha


Dictum ac factum
Dito e feito


Bom dia amigos! Estes olhos já viram. Outro dia mencionei o conceito 'consciência coletiva' e de como já vivi este fenômeno. A espécie humana tem este 'magnetismo', tal cardumes de peixes ou batalhões de formigas, agindo coletiva e conscientemente. Alguns preferem dizer 'inconsciente', mas entendo ser bem consciente.
Lendo a Britannica, aprendi que as grandes mudanças sociais, advém deste 'frisson coletivo'. Quando criança, por anos, tínhamos estes ciclos lúdicos, onde sem avisos ou combinações prévias, todos no bairro, apareciam com determinado brinquedo e suas regras rígidas, ao mesmo tempo, como se um ímã houvesse determinado: a partir de hoje, ciclo da bola-de-gude, ou do pião, ou do dardo, ou da pandorga e assim por diante. Nunca se questionavam as regras e todos viviam em harmonia tribal. Interessante não é? As fábulas ressuscitam este sentimento.

A fábula de hoje é triste, mas retrata a ação predadora do homem. Seria o destino imutável¹? Não teríamos como modificá-lo? Fica a questão para cada um pensar. BOA LEITURA e até amanhã...

¹ adj.2g.- que não está sujeito a mudar; permanente, constante, imudável.

LXVI - A Corça Caolha

Uma Corça havia tido o infortúnio de perder um dos seus olhos e não podia mais enxergar alguém chegando daquele lado. Assim, para evitar qualquer perigo, ela costumava alimentar-se em um alto precipício, ao lado do mar, com seu olho incólume olhando para a terra. Por isto, ela podia ver sempre quando os caçadores chegavam por terra e freqüentemente escapava a tempo. Mas, os caçadores descobriram que ela era cega de um olho, e contratando um barco, remaram até debaixo do precipício onde ela se alimentava e derrubaram ao do mar. “Ah..." gritou ela com a sua voz agonizante,
"Você não escapa de seu destino".

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

LXV - A Raposa sem Cauda

Audacem vitreumque eadem vas terminat aetas
Homem atrevido dura como vaso de vidro


Olá amigos! Hoje o foco é a dissimulação¹ e a inveja, ambas no sentido de transferir aos outros, nossos infortúnios. Sempre haverá alguém para alfinetar esta tentativa inócua², daí, liguem o 'desconfiômetro' e não caiam nesta esparrela³ atrevida. BOA LEITURA e até amanhã...

¹ s.f. ação ou resultado de dissimular(-se) - ocultação, por um indivíduo, de suas verdadeiras intenções e sentimentos; hipocrisia, fingimento .

² que não causa dano moral, psicológico ou afim; improvável de causar ofensa moral

³ s.f. tipo de armadilha de caça - fig. infrm. logro, peça


LXV - A Raposa sem cauda


Certa vez uma Raposa prendeu sua cauda numa armadilha e lutando para se libertar, perdeu-a, restando-lhe um pequeno toco. No princípio andava envergonhada ao mostrar-se entre as outras raposas. Mas por fim ela determinou-se ter uma postura mais corajosa neste seu infortúnio e chamou todas as raposas para uma reunião geral, considerando ali uma proposta que teria que colocar diante delas. Quando as Raposas estavam reunidas, a proposta que ela fez foi de que todas deveriam cortar suas caudas. Mostrou como era inconveniente ter um rabo quando perseguidas pelos seus inimigos, os cachorros; o quanto esta cauda incomodava quando elas desejavam sentar-se e ter uma amigável conversação entre elas. Não via nenhuma vantagem carregar tal inutilidade, apenas dificuldades.

"Quer dizer, tudo muito bem," disse um das raposas mais velhas; "... mas penso que você não recomendaria a dispensa de nosso principal ornamento, se não tivesse acontecido tê-lo perdido, não é mesmo?".

Moral:


"Desconfie dos conselhos interesseiros".

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

LXIV - A Raposa e os Mosquitos

Res sacra consilium
Um bom conselho está além de qualquer valor



Olá caros leitores! A fábula de hoje trata do que chamo virtude dos santos: RESIGNAÇÃO ¹ . Ensina aos atentos, como muitas vezes é melhor resiganar-se em nome da preservação. Percam-se os anéis, poupem-se os dedos... BOA LEITURA e até amanhã.
¹ s.f. - ato ou efeito de resignar(-se) submissão à vontade de alguém ou ao destino.

LXIV - A Raposa e os Mosquitos

Uma Raposa depois de cruzar um rio, sentiu sua cauda emaranhada em um arbusto, sem poder mover-se. Vários Mosquitos que viram o seu drama resolveram desfrutar de uma boa comida e ainda mais, presa por sua cauda. Um ouriço que passava pelo local. teve pena da Raposa e foi até ela: "Você está numa péssima situação vizinha" disse o ouriço; “... eu a aliviarei, queres que eu espante estes Mosquitos que estão chupando seu sangue?”.

"Agradeço a você, Mestre Ouriço,” disse a Raposa, "... mas, eu preferiria antes que não o fizesse".

"Por que isto?" perguntou o ouriço.

"Bem, você vê,” foi a resposta, “... estes Mosquitos já tiveram o seu alimento; se você afugentá-los virão outros com novo apetite e eu terei o sangue chupado até a morte”.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

LXIII - O Ávaro e seu Ouro

Avarus, nisi cum moritur, nil recte facit
Avarento é bom, só depois de morto



Olá amigos! No andor deste pequeno projeto sobre Esopo, ando mergulhado nas brumas¹ de uma sociedade que existiu 600 anos antes de Cristo. Dimensionar isto fisicamente é impossível, pois notem que, se desde o descobrimento do Brasil passaram-se apenas 509 anos, qual a real distância até as fábulas? Como eu dizia, este mergulho despertou-me algo interessante, ou seja, o 'consciente coletivo' que existe na humanidade desde como sociedade. As lições são atemporais² e imutáveis³. Eu já vivi este 'consciente coletivo' e contarei numa próxima oportunidade. BOA LEITURA e até amanhã...

¹ s.f. met designação genérica de nevoeiro, névoa ou neblina.
² adj.2g.- em que não há tempo; fora do domínio do tempo; intemporal.
³ adj.2g. - que não está sujeito a mudar; permanente, constante, imudável .

LXIII - O Avaro e seu Ouro


Era uma vez um homem avarento que escondia seu ouro ao pé de uma árvore, no seu jardim; mas todas as semanas ele ia lá e desenterrava o tesouro e se regozijava sobre os seus ganhos. Um ladrão que tinha notado isto, foi e desenterrou o ouro e sumiu com ele. Quando o Avaro foi na próxima visita ao tesouro regozijar-se, não achou mais nada, apenas o buraco vazio. Ele arrancou os cabelos e elevou um tal clamor que todos os vizinhos vieram ao redor dele quando lhes falou como vinha e visitava o seu ouro.

"Você nunca tirou qualquer quantia?" perguntou um dos vizinhos.

“Não," disse ele, "... eu só vinha olhá-lo".

"Então venha novamente e olhe para o buraco vazio," disse alguém; "...isto te fará muito bem, da mesma maneira que antes".


"Riqueza sem uso pode ser tão boa como se não existisse".



segunda-feira, 24 de agosto de 2009

LXII - O Homem, o Menino e o Burro

Laedere facile, mederi difficile
É mais fácil criticar que fazer

Boa semana a todos.
Como aviso, informo que os verbetes com explicações detalhadas em notas são para àqueles leitores novatos, iniciantes nesta arte de entende o vernáculo¹.

A fábula de hoje, cômica e trágica, nos ensina como pode custar caro agradar a todos. Boa leitura e até amanhã...
¹ adj. próprio de um país, nação, região - fig. diz-se de linguagem correta, sem estrangeirismos na pronúncia, vocabulário ou construções sintáticas; castiço n s.m. - a língua própria de um país ou de uma região; língua nacional, idioma vernáculo.





LXII - O Homem, o Menino e o Burro.

Um Homem e seu filho iam certa vez com uM Burro para a feira negociá-lo. Como estavam caminhando juntos, lado a lado, um camponês passando por eles disse: “Vocês são uns bobos. Para que um Burro, mas sem montá-lo?".

Assim o Homem pôs o Menino no Burro e eles foram seguindo o caminho. Mas logo passaram por um grupo de rapazes, um dos quais disse: “Vejam aquela criança preguiçosa, deixa o seu pai caminhando enquanto vai montada".

Assim o Homem ordenou que o Menino descesse e seguiu ele na montaria. Mas não tinham ido muito longe quando. passaram por duas mulheres, uma das quais disse para a outra: “Que vergonha, aquele tolo preguiçoso, deixar o pobre filho pequeno marchar a seu lado”.

Por fim o Homem não sabendo mais o que fazer, tomou o Menino junto na garupa e ambos seguiram montados. Neste tempo tinham chegado à cidade e os passantes começaram a zombar e apontar para eles. O Homem parou e perguntou o que eles estavam ridicularizando. Os homens disseram: “Você não está envergonhado de sobrecarregar grosseiramente o pobre burro?".

O Homem e o Menino desceram da garupa e passaram a pensar o que fazer. Após muito raciocinar, finalmente cortaram um pedaço de madeira, fazendo uma vara, amarraram as quatro patas do burro nela e o carregaram em seus ombros. E foram ao mercado, entre as risadas de todos que iam junto, quando, o Burro soltando uma das patas traseiras escoiceou o Menino, tentando sair da vara. Na luta, o Burro caiu de cima da ponte que atravessavame e com as patas dianteiras ainda amarradas, fizeram-no submergir nas águas.

"Isso o ensinará," disse um velho que vinha seguindo-os:

"Agrades a todos e não agradarás a ninguém".

sábado, 22 de agosto de 2009

LXI - Hércules e o Carroceiro - 'Bombonière'

Labor improbus omnia vincit
O trabalho tudo vence


Olá amigos! Bom sábado a todos.Antes de tudo nossas boas-vindas ao Maikai.


O que estes olhos viram! O interior de um balcão de bombonière, iluminado por lâmpadas fosforecentes, num bar-café de meus avós maternos, o LUNA PARK, em Garibaldi RS. O calor das luzes, incitavam os odores. As latas multicoloridas de biscoitos importados, os chocolates suiços, as caixas de madeira com charutos de CUBA, as garrafas de RON MONTILLA e os piratas em seus rótulos, o doce aroma dos licores de menta, cacau, amaretto, as cigarrilhas... Era uma viagem... inebriante².

À noite minha Vó religiosamente dava-me um bombom licoroso. Se há paraíso, este o foi com certeza...Daí vem o meu faro para a gastronomia, pois na outra Vó, a paterna, as especialidades eram os pratos salgados, as folhas de sálvia dentro dos bifes enrolados, as batatas douradas como em banho de ouro, as sopas substanciosas e um humor nem sempre amável...enfim, lidar com estas situações, é escola da vida. O vice-versa era com os avôs, onde o materno nem permitia que se falasse à mesa durante as refeições e o paterno era uma manteiga derretida aos meus desejos. Feito este tributo, seguimos...


Cada vez que traduzo uma das fábulas de Esopo, de um livro inglês de 18.., minha semiótica¹ vai se apurando mais. Hoje pela vez primeira, consegui enxergar na tarefa e na labuta do carroceiro, a carga de nossas profissões. Quantas vezes atiramos o chicote ao chão e clamamos aos deuses? E na moral,da historieta de 6 séculos antes de Cristo, a mais pura verdade. ATÉ SEGUNDA...


¹s.f. cl.méd m.q. semiologia 2 (sXX) semio para Charles S. Peirce (1839-1914), teoria geral das representações, que leva em conta os signos sob todas as formas e manifestações que assumem (lingüísticas ou não), enfatizando esp. a propriedade de convertibilidade recíproca entre os sistemas significantes que integram - (sXX) semio estudo dos fenômenos culturais considerados como sistemas de significação, tenham ou não a natureza de sistemas de comunicação.


²adj.2g - que embriaga, entontece; embriagador - fig. que provoca enleio, êxtase. et


LXI - Hércules e o Carroceiro


Certa vez um Carroceiro estava levando uma carga pesada ao longo de um caminho enlameado. Finalmente ele chegou a uma parte da estrada onde as rodas afundaram no lodo até a metade e o quanto mais os cavalos puxavam, mais afundavam as rodas. Assim o Carroceiro jogou ao chão o seu chicote e se ajoelhou e rezando ao poderoso Hércules. "O Hércules, ajude-me nesta minha hora de angústia," implorou. Mas Hércules apareceu a ele e disse:

"Vamos homem! Nada de preguiça. Levante-se e ponha seu ombro à roda”.

"Os deuses ajudam os que se ajudam."

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

LX - O Vento e o Sol - 'Caminhos'

Boni pastoris est tondere pecus, non deglubere
O bom pastor tosa,não esfola

Bom dia a todos amigos. Hoje a chuva bate forte em nossas lembranças. Poderia intitular algo como COISAS QUE MEUS OLHOS VIRAM. Feliz da memória que consegue guardar intocável, as coisas da infância vivida. Com certeza as minhas idas ao colégio, durante anos, caminhando por um mosaico¹ formado por 7 avenidas e ruas do sentido leste-oeste e, 7 outras ruas no sentido norte-sul, marcaram muito em minha memória o crescimento desta cidade. Eram tantas as rotas que somente após meses eram repetidas. Cada laje balouçante - pronta para banhar o incauto -, cada buraco, eram todos conhecidos. Uma nova construção, prenúncio de 'talvez' um elevador para passear futuramente, era saudada com alegria. E não foram poucos... A chegada em casa, com os perfumes gastronômicos a bailarem pelo ar, o fogão superaquecido, o tempo de espera para a nova saída, lendo uma Seleções Reader's Digest na poltrona de couro, foram coisas que meus olhos viram e gravaram.

A fábula de hoje é muito pertinente aos 'modos' como lidamos com certas situações. Bom exemplo: use o brilho próprio para convencer e vencer. Até amanhã...

¹ constr pavimentação especial utilizada em áreas sujeitas à umidade em construções públicas e residenciais


LX - O Vento e o Sol

O Vento e o Sol estavam disputando quem seria o mais forte. Repentinamente viram um viajante descendo a estrada e o Sol disse: “Eu vejo um modo para decidirmos nossa disputa. Qualquer um de nós que causar àquele viajante, algo para que ele tire o seu capote será considerado o mais forte. Você começa!". Assim, o Sol se retirou para trás de uma nuvem e o Vento começou a soprar tão forte quanto podia. O viajante, quanto mais forte soprava o vento, mais se enrolava apertado no abrigo. Finalmente o Vento rendeu-se em desespero. Então o Sol saiu e brilhou come toda sua glória, sobre o viajante que, logo achou estar muito quente para caminhar com o seu capote.

Moral:

“A bondade é mais efetiva que a severidade".

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

LIX - A Raposa, o Galo e o Cachorro


Vulpes pilum mutat, non mores
A raposa muda de pele, mas não de manha


Bom dia amigos! A fábula de hoje nos toca a repensar sobre o ser 'malandro', 'ladino' ou 'dissimulado'. Cedo ou tarde, a realidade surge imponente, quer no papel de um cão de guarda simbólico, quer na dura letra da lei, fazendo fugir covardemente o 'artista'. BOA LEITURA e até amanhã...


LIX - A Raposa, o Galo e o Cachorro.


Numa noite enluarada, a Raposa estava rondando o galinheiro de um camponês e viu ali perto, um Galo empoleirado numa árvore, fora de seu alcance.

"Boas novas, boas novas!" exclamou ela.

"Por quê? O que aconteceu?" pediu o Galo.

"O rei Leão declarou uma trégua universal. Nenhuma fera poderá matar um pássaro daqui por diante e todos viverão juntos, na mais pura fraternidade”, completou a ladina raposa.

"Será esta uma boa notícia?" disse o Galo; "...opa, estou vendo lá alguém vindo e com quem poderemos compartilhar a novidade". E dizendo assim, ergueu o seu pescoço olhando ao longe.

"O quê você vê?" solicitou a Raposa.

"É somente o Cachorro do meu patrão que está vindo para cá!”.

"Porque está, indo embora tão depressa?" continuou, pois a Raposa já começava a correr. .

"Você não parará e felicitará o Cachorro no novo reinado de paz universal?".

"Eu o faria isto alegremente..." disse a Raposa, "... mas temo que ele possa não ter ouvido falar do decreto do rei Leão".


Moral:


"É freqüente a astúcia se enganar".



quarta-feira, 19 de agosto de 2009

LVIII- O Escravo e o Rouxinol


Effugere nemo potest, quod futurum est
Ninguém foge à própria sorte


Oi amigos! Hoje veremos as mazelas¹ do EGOÍSMO (o 'eu' como centro de tudo) e seu resultado quando achamos que somos 'tudo' e tudo podemos. O 'escravo' que tenta impor sua condição à ave canora livre, para seu único deleite, peca e é castigado pelo seu egoísmo, pois usufruir² o canto livre não lhe bastava. Ótima reflexão não é mesmo? Até amanhã...

¹ s.f.falha moral, mácula na reputação; estigma, labéu
² v.ter o usufruto de; estar na posse ou no gozo de (algo inalienável)

LVIII - O Escravo e o Rouxinol

Um escravo repousava escutando a canção de um Rouxinol ao longe, da noite de verão. Era tão agradável para ele que na noite seguinte dispôs uma armadilha para capturar o pássaro, apanhando-o. "Agora que eu te peguei," ele exultou, “... cantarás sempre para mim".

"Nós, os Rouxinóis nunca cantamos em uma gaiola". disse o pássaro preso.

“Então eu te comerei". disse o Escravo. "... pois sempre ouvi dizer que um rouxinol com torrada é um delicioso petisco”.

"Não, não me mate," disse o Rouxinol;”...mas me deixe livre e eu cantarei de longe para ti, três coisas de muito mais valor que meu pobre corpo”. O Escravo o deixou solto e ele voou até um galho de árvore e onde começou a cantar:

“Nunca acredite na promessa de um preso. Esta é a primeira coisa". Então novamente disse cantando:

"Mantenha o que você tem". E como terceiro conselho:

“Não se entristeça sobre o que está perdido para sempre”. E assobiando o pássaro voou embora para sempre.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

LVII - A Gansa dos Ovos de Ouro


Pecuniae imperare oportet, non servire.
O dinheiro é bom servidor e mau amo.

Bem-vindos amigos. A fábula de hoje abre uma perspectiva diferente quando analisamos a 'ganância' como vício capital. A minha visão consegue transferir o dolo¹ deste fato para uma breve palavrinha, todas vicissitudes² desta vida moderna, ou seja, PRESSA.

É ela quem nos derruba, massacra, esmaga, deturpa e violenta. Mal dos séculos? Quem sabe? Ao transportar-nos para o papel do camponês, que toda manhã era abençoado com uma peça de ouro, também sentimos a PRESSA nas veias, para objetivar imediatamente o lucro maior. Instigante³ não é mesmo? Pior é o resultado: foi-se a fonte dos ovos de ouro. BOA LEITURA e até amanhã... Ah, quantas gansas com ovos de ouro já matamos? Pensem nisto...


¹s.m. procedimento fraudulento por parte de indivíduo(s) em relação a outrem; fraude, velhacaria - jur em direito civil, manobra ou artifício que se inspira em má-fé e leva alguém a induzir outrem à prática de um ato com prejuízo para este.


²s.f. sucessão de mudanças ou de alternâncias


³ adj.s.m que ou o que instiga; incitador, açulador, estimulador - que excita, desperta, estimula; instigante - que ou o que provoca; danador,


LVII - A Gansa dos Ovos de Ouro


Um dia um camponês foi ao ninho de sua Gansa e achou lá, um ovo amarelado e brilhante. Quando ele o ergueu viu ser tão pesado quanto chumbo e ia jogá-lo fora, pois pensou que um feitiço fora feito para enganá-lo. Mas, num segundo pensamento, levou-o para casa e ali viu, para sua alegria, tratar-se de um ovo de puro ouro. Toda a manhã acontecia a mesma coisa e ele logo ficou rico vendendo os seus ovos dourados. Como ficou rico, ficou ganancioso também e pensando obter imediatamente todo o ouro que a Gansa pudesse dar, ele matou-a e abriu-a, para ali não achar nada.


Moral:


“A ganância destrói a fonte do bem”.



segunda-feira, 17 de agosto de 2009

LVI - O Homem e o Fauno

Daemon daemone pellitur
Um demônio com outro se tira


Oi amigos! A fábula de hoje trata da dubiedade¹ humana durante a travessia da floresta 'VIDA'. Assustamos até mesmo os faunos² quando, com o mesmo artifício, buscamos efeitos opostos. Quantas vezes ousamos isto? Significativa leitura e confesso, não a conhecia, pois acho que o ensino de uma época solapava³ a existência dos sátiros e faunos...

¹s.f. qualidade do que é dúbio; ambigüidade, dubiez
²s.m.mit.rom divindade campestre (metade homem, metade animal) com pés de cabra e cornos; vivia nos bosques e protegia os rebanhos - sátiro, 'demônio dos campos e florestas, metade homem, metade bode'.
³v.t.d. fazer cova ou covão em; escavar assolapar; ver tb. sinonímia de ocultar

LVI - O Homem e o Fauno

Um Homem havia se perdido numa floresta durante uma amarga noite no inverno. Como ele estava vagando, um Fauno veio guiá-lo, para encontrar o caminho perdido, prometendo dar-lhe abrigo durante a noite e guiando-o para fora da floresta pela manhã. Indo junto com o Fauno para sua cabana, o Homem levou ambas suas mãos à sua boca e começou a soprá-las.

“O que você está fazendo?" perguntou-lhe o Fauno.

“Minhas mãos estão entorpecidas com o frio," disse o Homem, "... e minha respiração aquece-as”.

Depois disto eles chegaram à cabana e logo o Fauno pôs um prato de mingau de aveia escaldante, diante dele. Mas quando o Homem levou a colher à sua boca, começou a soprar.

“ O que você está fazendo?” pediu o Fauno,

"O mingau de aveia está muito quente e minha respiração o esfriará".

"Vá embora!" disse o Fauno. “Nada posso fazer por um homem que sopra quente e frio com a mesma respiração”.

sábado, 15 de agosto de 2009

LV - O Corvo e a Jarra

Disce pati, si vincere voles
Com tempo e perseverança, tudo se alcança

Bom sábado a todos e boas-vindas ao seguidor Venerando Fº.

A artimanha¹ - enganar a água e fazê-la subir - é uma arte, aquela de pouco a pouco, buscar um resultado final. Divertida fábula que nos ensina como alcançar a saciedade² - O termo seixos ³, é extremamente literário e merece uma explicaçãozinha ao fim desta introdução. Boa leitura e até segunda.


¹procedimento para levar alguém ao engano; estratagema, ardil, artifício
²estado de uma pessoa completamente saciada; satisfação completa
³ragmento de rocha de diâmetro variável, transportado pela água, que lhe arredonda as arestas; brugalhau, calhau, cascalho - pedra tosca de pequena dimensão us. no empedramento de certas obras - pedra miúda e redonda utilizada na ornamentação de jardins, vasos de planta, caminhos etc.


LV - O Corvo e a Jarra


Um Corvo quase morto de sede descobriu uma Jarra que havia estado cheia de água; mas quando pôs seu bico na boca da Jarra, percebeu que ela estava rachada e havia muito pouca água, e não poderia alcançar o precioso líquido. Ele tentou e se esforçou, mas finalmente rendeu-se em desespero. Então um pensamento ocorreu-lhe e levou um seixo e jogou-o na Jarra. Repetiu várias e várias vezes a operação, sempre jogando os seixos dentro da Jarra. Finalmente ele viu a água subir e ficar ao seu alcance e lançando mais alguns seixos buscou matar sua sede e poupar a sua vida.


"Pouco a pouco faz-se a artimanha".



sexta-feira, 14 de agosto de 2009

LIV - O Avarento e o Invejoso


Amicitia quae desiit, nunquam vera fuit
Quem deixa de ser amigo, nunca o foi


Oi pessoal! A fábula de hoje é das mais enigmáticas deste conjunto. Confesso não ter açambarcado¹ sentido do conto. Seria a alegria pelas coisas, insensível no contexto do vício? Porque desejar a cegueira do vizinho depois de ganhar dois quartos cheios de ouro? Cheguei a pensar haver traduzido equivocadamente, mas não. Conferi esta fábula com outras edições, em inglês e português e todas têm o mesmo sentido. Decifrem o enigma... Até mais.

¹que ou aquele que açambarca ou toma conta de tudo

LIV – O Avarento e O Invejoso

Dois vizinhos foram juntos diante de Júpiter e pediram-lhe a concessão dos desejos de seus corações. Naquele momento de orações, um deles estava cheio de avareza e o outro carregado de inveje. Assim para castigar ambos, Júpiter concedeu que cada um pudesse ter tudo que quisesse desde que o vizinho tivesse em dobro. O homem Avarento rezou para ter um quarto cheio de ouro. Ninguém diria que a alegria do desejo realizado se transformaria em aflição ao saber que o vizinho tinha agora dois quartos cheios do metal precioso. Então chegou a vez do homem Invejoso que não podia agüentar o pensamento de que seu vizinho tivesse alguma alegria. Assim, rezou para que perdesse um de seus próprios olhos, de forma que seu vizinho ficasse completamente cego.

"O vício em si é o próprio castigo".

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

LIII - O Pescador e o Peixinho

Volenti nil impossibile
Querer é poder

LIII - O Pescador e o Peixinho


Aconteceu que um Pescador, depois de pescar por todo o dia, pegou apenas um peixinho. "Ora senhor Pescador, deixe-me ir," disse o Peixe. “... agora eu sou muito, muito pequeno para ser sua alimentação. Se você me recolocasse no rio, eu crescerei logo e então, você poderá fazer uma lauta refeição comigo".

“Não, não meu pequeno Peixe," disse o Pescador, “... eu o tenho agora e posso não pescá-lo mais".


Moral:


"Uma pequena coisa na mão vale mais que a perspectiva de uma grande coisa".

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

LII - Os Quatro Bois e o Leão

In periculo non est dormiendum
Quem tem inimigo não dorme


LII - Os Quatro Bois e o Leão

Um Leão costumava rondar um campo no qual Quatro Bois habitavam. De tempos em tempos ele tentava atacá-los; mas sempre ao chegar perto, os Bois viravam-se um contra o outro, com os rabos encostando-se e desta forma, por onde quer que o leão chegasse, encontrava um par de chifres apontado para si. Porém, houve uma séria disputa entre os Bois e cada um deles foi pastar sozinho, num canto separado do campo. Então o Leão os atacou um por um e logo foi o fim dos quatro animais.

"Unidos nós vencemos, divididos nós perdemos".

terça-feira, 11 de agosto de 2009

LI - As Duas Panelas

Lis litem parit.

Questão puxa questão.


LI - As Duas Panelas


Duas panelas haviam sido deixadas num banco de areia de um rio. Uma era de bronze e outra de louça. Quando a maré subiu, ambas flutuaram seguindo o fluxo das águas. A panela de louça tentou no seu melhor estilo, manter distância da panela de bronze, a qual dizia: "Não temas amiga, eu não a golpearei".

“Mas eu posso bater em você,” disse a outra, "... se eu chegar muito perto, QUEM SOFRERÁ SEREI EU”.


"O forte e o fraco não podem manter-se companheiros".

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

L - Os dois Companheiros e o Urso

Amicus verus, rara avis.
Amigos, poucos e bons.

Bom dia pessoal. Votos de uma semana mais sequinha após tanta chuva. Hoje a 50ª fábula, para mim um marco. Faltam poucas para se concluir o projeto e fico muito satisfeito pela acolhida.

Esta fábula toca em algo muito poderoso - as verdadeiras amizades - e que tantas influências têm sobre nossas vidas.
O axioma¹ latino traduzido literalmente diz: AMIGOS VERDADEIROS, AVE RARA ². Tentemos justificcar nossas posturas de amizades com este valor real. Boa leitura e até amanhã.

¹ /cs ou ss/ s.m. fil premissa considerada necessariamente evidente e verdadeira, fundamento de uma demonstração, porém ela mesma indemonstrável, originada, segundo a tradição racionalista, de princípios inatos da consciência.
² Locução substantiva - pessoa ou coisa rara, difícil de encontrar; pessoa que raramente aparece ou dá sinal de vida
indivíduo dotado de qualidades excepcionais, ou de aptidões inusitadas etc.

L - Os Dois Companheiros e o Urso

Dois Companheiros estavam viajando juntos por uma trilha na floresta, quando um Urso atacou-os. Um dos caminhantes correu, antecipando-se à fera, agarrando um pedaço de galho de árvore e se escondeu entre as folhas. O outro, não vendo nenhuma forma de ajuda, se jogou ao chão, com seu rosto na poeira. O Urso, chegando até ele, colocou o seu focinho perto da orelha cheirou. Finalmente com um resmungo ele balançou a sua cabeça e se afastou, porque os ursos não tocam em carne morta. Então o companheiro escondido no galho de árvore saiu e foi até o seu camarada e rindo encabulado, perguntou: “O que foi que Mestre Urso sussurrou em teu ouvido?",

“Ele me falou,” disse o outro,

“Nunca confies num amigo que por um beliscão o abandona".

sábado, 8 de agosto de 2009

XLIX - O Asno na Pele de Leão


Asinus ad lyram.
Burro não entende música.

Olá a todos amigos. Hoje a 49ª(quadraségima-nona)fábula de Esopo, este admirável contador de historietas. Parece ter sido ontem que iniciamos a série e segunda-feira irá ao ar a 50ª(qüinquaségima). Breve encerrar-se-á a série desta obra, mas já tenho um propósito determinado, deixar disponível a quem quiser todo o trabalho, além de prosseguir na sonorização (divertidíssimo trabalho).
Aos pais deste nosso círculo, nosso abraço pela data de amanhã, mesmo sabendo que não foi originado num segundo domingo de maio, com uma alma especial homenageando a mãe na sepultura, com um botão-de-rosa a cada ano, o CDL ligeirinho criou a igualdade entre os pares progenitores. Equilíbrio e paz...(faturamento também)

Mesmo, de coração, um feliz Dia dos Pais.

A fábula de hoje nos mostra, com em outras similares, o aspecto do travestir¹, quando se mascara uma realidade. A lição é sempre a mesma, ou seja, logo a verdade assume o seu lugar. BOA LEITURA e até segunda...

¹v.t.d.pred. e pron. vestir (alguém ou a si próprio) de modo a aparentar ser do outro sexo ou de outra condição ou de outra idade.

XLIX - O Asno na Pele do Leão

Certa vez um Asno achou uma pele de Leão que os caçadores tinham posto ao sol para curtir. Ele vestiu-a e foi para sua aldeia nativa. Todos fugiram com a sua aproximação, homens e animais e ele ficou orgulhoso na ocasião. Em sua alegria ergueu sua voz e zurrou, entretanto todos o reconheceram e o seu dono subiu em suas costas e lhe deu uma surra para castigá-lo do pânico que havia causado. Logo depois uma Raposa surgiu e disse: "Ah, eu o conheci por tua voz”.
Moral:
"Roupas elegantes podem disfarçar, mas palavras tolas revelarão um bobo".

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

XLVIII - Os dois Caranguejos

Silentium omnia bona continet, mala omnia loquacitas
Quem fala, semeia; quem escuta, colhe


Olá amigos! Hoje uma fábula leve, sem questionamentos filosóficos, apenas recordando que o exemplo - literalmente - é o melhor preceito¹. As palavras comovem, mas ele - o exemplo - arrasta. Até amanhã...

¹ s.m. aquilo que se recomenda praticar; regra, norma 2 aquilo que se ensina; lição, doutrina

XLVIII - Os Dois Caranguejos

Um belo dia dois Caranguejos saíram da sua casa para dar um passeio na areia. "Criança," disse a mãe, "você está caminhando mesmo feiosamente. Você deveria se acostumar a caminhar de forma direta e sempre adiante, sem ficar torcendo para os lados".

"Ora mãe," disse o jovem,” faço sim, mas dê o exemplo para mim e eu o seguirei".

"Exemplo é o melhor preceito".

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

XLVII - A Tartaruga e os Pássaros

In foribus propriis canis est audacior omnis
Em sua casa cada qual é rei

Bom dia amigos. Depois de algumas horas de folga sem frio, eis que ele retorna célere e insistente. A chuva forte é chave de tantas reminiscências, tal como ir às aulas mesmo em plenos mini-dilúvios. Com capas e capuzes pretos de feltro eram verdadeiros exercícios aeróbicos, pois com o andar sob a água, o encharcamento triplicava o peso carregado. Sem contar a água fria escorrendo pescoço abaixo. Não gripávamos nem um décimo camparando com hoje. O colégio distava 2 kilometros de casa e eram dois turnos no dia, ou seja, 4 vezes o percurso. Não é de estranhar gostarmos tanto do filme Carruagens de Fogo...

Vamos a fábula de hoje, Em foco a traição e a natureza intocável dos predadores Tomando a conciênscia de que sempre prevalescerá a veia malévola no ser fadado a ser mau, muito saberemos nos precaver. BOA LEITURA e até amanhã

XLVII - A Tartaruga e os Pássaros


Uma Tartaruga desejou mudar seu lugar de moradia e assim pediu para a Águia levá-la para o novo endereço, enquanto lhe prometia uma rica recompensa pelo trabalho. A Águia concordou e agarrando a Tartaruga pelo casco, com suas garras voaram até o alto. De certa forma, durante o vôo, conheceram um Corvo que disse à Águia: "Tartaruga é um ótimo alimento" A Águia replicou: "O casco é muito duro!" - "As pedras logo racharão o casco," foi a resposta do Corvo; e a Águia, enquanto ouvia a sugestão, deixou a Tartaruga cair num rochedo pontiagudo. Assim os dois pássaros fizeram um lauto banquete com a Tartaruga.


Moral:


“Nunca plane no alto levado por um inimigo”.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

XLVI -A Ama-seca e o Lobo

Praesentem mulge; fugientem quid insequeris?
Melhor ter um presente que desejar
dois

Bom dia amigos! Antes de tudo quero dar as boas-vindas e dizer da honra em ter a Sra.Carla C.S. em nosso grupo de seguidores, assim como nos honra a presença de todos os demais, com seus incentivos e apoios.
A fábula de hoje, como por acaso, relata a figura de uma velha ama-seca, uma criança e um lobo. Todos são personagens sempre presentes no nosso imaginário, onde refletimos o modo existencial. Quando a atitude desta anciã, toma cunho protetor, eis a surpresa do lobo.
Seguramente deve ser uma adaptação aos tempos ditos modernos (época da edição 1890), pois cremos não existiam amas-secas ao tempo de Esopo. BOA LEITURA e até amanhã.

XLVI - A Ama-seca e o Lobo

"Agora fique quieto,” disse uma idosa Ama-seca para uma criança, sentada no seu colo. “Se você fizer barulho novamente eu lhe jogo ao Lobo”.
Neste instante um Lobo estava passando encostado à parede, debaixo da janela e ouviu isto. Assim ele se agachou ao lado da casa e esperou. !”Estou com sorte hoje,” pensou ele. "Estou certo que a criança vai chorar logo e terei um bocado dos mais deliciosos do que muitos que já tivemos". Assim ele ficou esperando, aguardando até a criança começar a chorar. Quando isto ocorreu, o Lobo colocou-se diante da janela, olhando a Ama-seca, enquanto abanava o seu rabo. Mas o que a Ama-seca fez, foi fechar a janela e gritar por ajuda, quando os cachorros da casa vieram socorrê-la. O Lobo fugiu em desabalada carreira, concluindo: " Ah...",

"Promessas de inimigos foram feitas para serem quebradas".

terça-feira, 4 de agosto de 2009

XLV - O Homem e suas duas Esposas

Trahit sua quemque voluptas
Cada um com seu gosto


Bom dia pessoal!
A fábula de hoje, se não for cômica é dramática, mas um belo exemplo do que o coexistir¹ requer: sempre um 'algo mais'. Nada mais que uma arte! Dizem os italianos: "Si non è véro, è bene trovatto!" (Se não é verdade, está bem inventado!)

BOA LEITURA e até amanhã.

¹/z/ v. t.i.int. existir junta ou simultaneamente


XLV - O Homem e suas duas Esposas


Antigamente, quando era permitido para os homens terem muitas esposas, um Homem de meia-idade tinha uma esposa que era velha e uma que era jovem; cada uma amava-o muito e desejavam vê-lo sempre como a si mesmas. Pois o cabelo do Homem estava ficando grisalho, o que a esposa mais jovem não gostava, pois isto fazia parecer muito velho para ser seu marido. Assim, todas as noites ela costumava pentear o cabelo dele, arrancando os fios brancos. Mas a esposa mais velha via o seu marido ficar grisalho com enorme prazer, pois não gostava de ser confundida como mãe dele. Assim todas as manhãs, ela costumava pentear o cabelo dele e escolhendo alguns fios escuros, arrancava-os. A conseqüência foi o Homem ficar logo completamente calvo.

"Dê para todos e logo não terás nada para dar".

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

XLIV - O Jovem Ladrão e sua Mãe


Latrans annosus, foris aspice, quaeso, molossus.
Cão velho, quando ladra, dá conselho.

Apesar do frio, umidade, falta do sol, frialdade que cerca toda natureza, um BOM DIA pessoal!
A melancolia é própria destes invernos insuportáveis e que teimam em voltar ciclicamente. Fazia dezenas, dizem uma centena, de anos este general não dava as caras tão 'cara-de-pau'. Recordei-me e fui ler ontem, AS AVENTURAS DO BARÃO DE VON MÜNCHHAUSEN, tal o frio que fazia. Belo livro e aventuras mais sasboraosas ainda.
Vamos a fábula. Bem melancólica, parecendo sintonizar nosso inverno. Muita tristeza constatar que sem a orientação materna ou paterna, enveredamos por caminhos tortuosos. Nos dias de hoje, com distanciamentos cada vez maiores entre filhos e pais, qual será o resultado final? A figura que ilustra a fábula, mostra a sociedade indo para a forca e as normas comportamentais em total desalento (figura da mãe prostrada). Refletir sobre que papel temos? Por onde começar? Boa leitura e até amanhã .

XLIV - O Jovem Ladrão e sua mãe

Um jovem tinha sido pego num ousado ato de roubo e foi condenado à execução por isto. Ele expressou seu desejo para ver sua mãe e falar com ela antes de ser conduzido à morte e claro que isto foi concedido. Quando sua mãe veio, ele disse: "Eu quero te segredar algo," e quando ela aproximou a orelha para perto dele, ele a mordeu, quase a arrancando fora. Todos os que assistiam ficaram horrorizados e lhe pediram o que significava tal conduta brutal e desumana. “É a castigo," ele disse. “Quando eu era pequeno e comecei roubar coisinhas sem valor trazendo-as para casa, em vez de me reprovar e castigar-me, ela ria dizendo: "Isto nem será notado". E por causa disto estou aqui agora".

"Ele tem razão mulher," disse o sacerdote que acompanhava a execução, completando:” o Senhor disse...”.

“Sempre ensine a uma criança o caminho correto a seguir"

sábado, 1 de agosto de 2009

XLIII - O Menino Pastor


Mendaci homini ne verum quidem dicenti creditur.
Quem mente, não tem crédito nem quando fala a verdade


Alô pessoal amigo! Um bom sábado e prenúncio de um ótimo domingo, destes especiais. A fábula da vez, conhecidíssima por todos, revela muito da natureza humana, suas mazelas e penitências. Ao lê-la, a tristeza assome¹ pelas perdas do menino mentiroso e ali, observamos que ele apenas queria atenção. Filminho bem manjado não é mesmo? Bom divertimento e até segunda.


¹ v. assomar 1 t.i. surgir num ponto alto para ver ou ser visto 2 int. principiar a mostrar-se; aparecer, surgir 3 t.i. mostrar-se, manifestar-se no texto, imperativo afirmativo.


XLIII - O Menino Pastor


Havia um jovem Pastor que certa vez pastoreava com suas ovelhas ao sopé de uma montanha, perto de uma floresta escura. Sentindo-se muito só durante o dia, ele pensou num plano por meio do qual poderia ter um pouco de companhia e um pouco de agitação. Correu até a aldeia gritando "Lobo, Lobo,” e os aldeães saíram para vê-lo e alguns ficaram com ele durante um tempo considerável. Isto agradou o menino tanto que alguns dias depois ele tentou o mesmo truque e novamente, os aldeães vieram à sua ajuda. Mas logo depois disto, um Lobo verdadeiro saiu da floresta e começou a assustar as ovelhas e o menino gritou desesperado “Lobo, Lobo", claro que ainda mais alto que anteriormente. Mas desta vez os aldeãos, que haviam sido enganados duas vezes, pensaram que o menino estava enganando-os novamente e ninguém se moveu para ir à sua ajuda. Assim o Lobo se alimentou com várias ovelhas do rebanho e quando o menino reclamou, o homem mais sábio da aldeia disse:

"Um mentiroso não é acreditado, nem mesmo quando falar a verdade".