Seguimos com a saga de nossos imigrantes. Ao final identificarei cada personagem.
Meados de 1915. Os filhos homens e as filhas moças eram a alegria de Carlo. Naquele dia sua memória chamou Maria Santa. Com saudades recordou os ‘carciofi’ (pronuncia-se cartjiofi - alcachofras) que apenas ela sabia deixar tenras, tal as ‘mamoles’ (alcachofras de folhas sem espinhos) da Itália. Não via a hora da primavera chegar para saborear uma vez mais os ‘carciofi’. Achava engraçado como se modificara a pronúncia deste quitute entre os próprios italianos. Ouvira até mesmo ‘arquichoqui’. O dialeto já dominava o gramatical italiano. Esta seria a nova pátria de todos.
Os filhos maiores souberam apoiá-lo na criação dos menores. Os homens se dedicavam ao ofício que denodadamente lhes transmitia. As moças lidavam com perfeição as tarefas domésticas.
Acordara cedo naquele dia, com o perfume do leite fresco a esquentar, o pão caseiro, a nata, o salame, o queijo e o café coado, todos a perfumarem a cozinha.
16 de junho de 1915 – Gigio estava pasmo. Diante do esquife e preparativos para o funeral de Carlo, arrumava suas idéias. Após a queda na escada interna da casa, Carlo parecia estar bem. Com apenas 51 anos, logo estaria na marcenaria com os filhos, curado e ativo. Como pudera tal fratura encaminhar-se para tal desfecho? A conclusão de que nada somos e uma queda mal curada pode matar fê-lo voltar os olhos para o alto. Um pensamento foi direto para a Itália, chamando os velhos pais para ajudá-lo a suportar a dor da perda do cunhado e amigo. Do trio apenas restava ele.
Sentiu um abraço. Era Thereza, a filha mais velha de Carlo que lhe disse: -“Tio, não se preocupe. Cuidaremos dos menores e tudo dará certo!”
To be continued.
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