Nos caminhos escolhidos, passavam ora pelas costureiras: a dona Geni Santarosa, a dona Marietina; ora pelos alfaiates: seu Natal Prancutti, o Toniazzi, o João Balbinot, o seu Luiz Zamboni
Num destes périplos pela cidade, certo dia o menino foi levado para dentro de uma alfaiataria. Ali, numa pequena peça de poucos metros quadrados, parcamente iluminada, empilhavam-se: o balcão rústico, as prateleiras com vários rolos de tecidos escuros e riscados, o ferro de passar fumegante num canto do chão, aquecido pelo carvão em brasa, réguas de madeira - amareladas e inelegíveis pelo uso -, fitas métricas puídas, várias tesouras enormes, pedras para riscar e marcar o pano, almofadas cravejadas de alfinetes, a máquina de costura PFAFF a pedal, dois manequins sem cabeças ou braços portando casacos semi-acabados e o alfaiate.
Sorridente, quase completamente calvo, saiu detrás do balcão e veio cumprimentar ambos, avô e neto.
Conhecidos na França como ‘Tailleur’, na Itália por ‘Sarto’, na Espanha por ‘Sastre’, (do latim Sartor, Sarcire, coser), em Portugal revelou-se sua ligação ao mundo árabe, ao adotar ao ofício um nome derivado da palavra árabe Al-Kaiat ou Al--Kaiiat, do verbo Khata que significa coser. Independente da designação, os alfaiates desde a antiguidade clássica tinham a exclusividade do corte e costura das diversas peças de roupa, tanto masculinas, como femininas. Privilégio que mantiveram até o século XVII.
Este século costuma ser apresentado como a época de ouro da alfaiataria. Muitos dos símbolos do poder passavam então por um vestuário de aparato, e este dependia em grande medida da arte e da técnica de cada mestre alfaiate.
Sob o impulso da Revolução Industrial e da Revolução Francesa, caminhou-se inexoravelmente para a liberdade no exercício do trabalho. Apenas em 1817, os alfaiates conseguem que lhes seja permitido adquirirem os tecidos para o exercício do seu ofício. Passados alguns anos , em 1853, é constituída na cidade do Porto - Portugal, a Associação dos Alfaiates desta cidade e a primeira a abandonar os princípios corporativos que remontavam à Idade Média. Em Setembro deste ano, é criada em Lisboa, a Associação dos Alfaiates Lisbonenses. Estavam encontradas as novas organizações profissionais juntando mestres e aprendizes, proprietários e trabalhadores. A Europa ditava as normas do ofício e por consequência, as imigrações difundiriam a transformação.
To be continued
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