sexta-feira, 19 de março de 2010

216ª - As duas Rãs - 'Tiro ao Alvo'

Hic haeret aqua
Aqui está a água


Bom dia a todos amigos do blog! A fábula de hoje, traz a mensagem intrínseca da necessidade imperiosa em análisar bem a decisão antes de qualquer atitude. Superestimar ou subestimar os resultados de um ato, fugindo da observação real, só nos traz desgostos. Bela lição. A prosa ESSES OLHOS VIRAM... faz um passeio aos felizes tempos da infância-juvenil, quando e onde tudo podíamos com a força da nossa imaginação. Boa leitura...

...e adoraram a barraca de tiro ao alvo. De madeira, acanhada e com sufocante perfume de amônia a circundá-la. Devia servir de apoio aos 'bebuns' da madrugada fazerem do barranco onde estava, mictório público. Ficava em frente ao extinto Cine Real aqui na cidade. Era diversão pura sopesar as carabinas de ar comprimido e bancar Tom Mix, Roy Rogers, Cavalheiro Solitário ou Cavalheiro Negro a debandar índios e bandidos. Os prêmios aos bons no tiro ficavam ali pendurados, como iscas atrativas, mas pouco importava – a mim pelo menos -. Alguns trocados e lá ía, antevendo a diversão. Eram três alvos dispostos em pequenas tabuletas bem ao fundo da barraca. Valia a soma total dos pontos nos três, para cada tentativa. No início, eu não percebera, mas aos poucos fui dominando a técnica. Em primeiro lugar, cada carabina tinha sua 'manha'. Então, sempre escolhia a mesma, uma com coronha em madeira bem clara. Depois, aprendi a observar a leve curva com que a pluma desviava sua trajetória. Era sempre o mesmo arco, possível de acompanhar pelo contraste da pluma voando rumo ao alvo, em contraste contra o fundo escuro da barraca, Aos poucos e após muitas tentativas, aprendi compensar o desvio, já que em altura, a trajetória não variava. Os alvos começaram a ser atingidos em cheio, no centro. O responsável contava os pontos e algo enraivecido colocava os prêmios ganhos: uma régua escolar, lápis e borracha. Acabado o dinheiro, ficaria para uma próxima vez a continuidade da matança. Com algum troco novo, lá ia eu acabar com os facínoras. Quando o rapaz me viu, senti um sorriso malicioso. Pedi a carabina de coronha clara. Armada, feita a mira, disparei... Errei até a madeira do alvo, vendo a altura do disparo totalmente incongruente com o cuidadoso mirar. Gastei os demais tiros com pontuações medíocres. Algo havia ocorrido. Foi quando observei a mira, aquela escadinha que fica junto à coronha, servindo do guia para a alça na ponta do cano, totalmente fora do calibre conhecido, no último degrau da escala, quando deveria estar no primeiro. Ingenuamente pedi para o rapaz ajustar. Ele apanhou a carabina, guardou-a e avisou: “Tu é de ‘menor’. Vá embora ou chamo o JUIZADO”. O mundo perdeu um excelente atirador, mas ganhou um bom observador...




216ª - As Duas Rãs.

Duas Rãs usufruíam da mesma poça de água. Esta secando devido ao calor de verão, forçou-as deixaram o lugar e partirem juntas em busca de outra para moradia. Como elas foram tão longe optaram por escolher uma bem profunda, com ótima fonte de água, e ao encontrar uma, uma das Rãs disse para a outra: “Deixe-me entrar e ver bem se nosso domicílio ficará bem neste local". A outra respondeu com muita precaução: “Mas você supõe que a água possa nos faltar?” -“Como poderemos repor tanta água assim se vier a nos faltar?”.

Moral:

"Não faça nada sem considerar as conseqüências.".

Um comentário:

Negrinha disse...

heuauhauah
essa sessão 'esses olhos viram' é a melhor!
muito boa essa história!!
beijos!