quinta-feira, 18 de março de 2010

215ª - Os Viajantes e a Árvore - 'A Pescaria' 2/2


Gratia gratiam parit
Gentileza gera gentileza


Bom dia a todos! A fábula de hoje mostra a ingratidão e como ela se origina muitas vezes da gratuidade. Saber valorizar mesmo o que nos é dado sem ônus, é uma virtude ética. A prosa ESSES OLHOS VIRAM... conclui a pescaria. Bom divertimento!


...era o término do culto religioso dominical vespertino. Pelas ruelas laterais que cercam o templo, uma multidão se escoava lentamente. Eu ali, impassível na janela do apartamento, equivalente ao terceiro andar, com o caniço erguido, molinete travado e chumbada balançando no ar. Até então, não havia reparado nas pessoas se acotovelando para ver o inusitado. O local da fisgada no tapete – pensei – seria de um lance único, pois o peso daquele monstro ultrapassava e muito o de cações bem avantajados. Não poderia haver qualquer titubeio, nem fisgar em qualquer lugar, havendo uma única oportunidade para cravar o anzol. Balançando com cuidado o chumbo, mirei a lateral exposta em sua extremidade, pois ali o peso seria menor ao erguê-lo. LANCEI E FISGUEI. Um ‘oh!' dos transeuntes chamou-me a atenção. Eram dezenas de pessoas ali paradas me observando Sorri encabulado. Destravei a carretilha e comecei a rolar o molinete. Lentamente. A ponta do tapete ergueu-se, cumprimentando a todos. Senti o enorme peso envergar o caniço. O suspense estava instaurado. Até o momento em que tapete estava metade apoiado à marquise, tudo parecia ir bem. Ao sair todo do chão, senti que não haveriam facilidades. O vento uivava. Parei de içar e trouxe o caniço para dentro do apartamento. Dali em diante, seria na unha e na linha mesmo. Foram minutos de movimentos cuidadosos até tê-lo nas mãos, incólume e intacto. Os aplausos foram tão espontâneos que agradeci abanando às pessoas que sorriam. A vida é feita destes pequenos retalhos não é mesmo?



215ª - Os Viajantes e a Árvore


Dois Viajantes, exaustos pelo calor do sol de verão, se colocaram ao meio-dia debaixo das largas ramas que se espalhavam de uma Árvore. Como eles descansaram à sua sombra, um deles disse ao outro: "Isso que é um desperdício de árvore! Não produz nenhuma fruta e não serve para a menor utilidade”. A Árvore, interrompendo-o disse: “Você, meus companheiros ingratos! fazem de mim local de descanso e sombra e ainda ousam me descrever como inútil, e improdutiva”?

Moral:

"Alguns menosprezam as melhores bênçãos porque elas vêm sem custo nenhum!".



Nenhum comentário: