segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

189ª - O Velho e os Três Jovens - O Trem 2/3

Vivere tota vita discendum est
Vivendo e aprendendo


Bom dia e bem-vindos! A fábula de hoje trata da forma como devemos encarar nossa existência: curta, rápida e fugaz. A lição é fenomenal e o ensinamento fundamental. A moral concentra a sabedoria de um viver mais proveitoso e marcante.

A prosa ESSES OLHOS VIRAM...segue contando o périplo com o trem. Boa leitura e até mais.

...Jamais esquecerei os resfôlegos da locomotiva e o cheiro maravilhoso da lenha a queimar juntamente com a hulha. As rodas começaram a ranger e patinar contra os trilhos, tentando arrastar o peso. Os assovios agudos penetravam nos tímpanos e seguiam até as bordas dos dentes, numa sensação arrepiante. O guarda-linha na plataforma apitava histerico e simultaneamente, badalava uma sineta pendurada no balaústre lateral, no final da estação. Quereria ele vir conosco? A locomotiva por sua vez, gritava em apitos ensurdecedores. Olhei pela estação e não vi ninguém correndo e tentando embarcar, em obediência a tantos sons. Conclui: era a ‘ópera’ deles.

Naquela altura já tínhamos explorado toda viatura. O encanto ficara pelo vagão-bar, onde os cartazes das extintas bebidas MARABÁ, CRUSH - ambas com laranja -, e GRAPPETTE -suco artificial de uva -, concorriam em beleza com os reclames da eterna COCA-COLA. Os recipientes de vidro, gigantescos, cheios com balas multicoloridas, ainda repicam na retina, como as cores de um caleidoscópio.

Aos poucos, todo o conjunto de vagões – de passageiros e o das toras de lenha – além da locomotiva, iniciou a correr. O sino ainda batia na estação quando fizemos a primeira curva. O balanço lateral do vagão assustou-me um tanto, mas acostumei logo. Coloquei o rosto pela janela, vislumbrando lá adiante a máquina e o foguista. A nuvem de fagulhas e fumaça que me atingiu em cheio, deixou meu olho esquerdo em fogo. Um cisco de carvão ardente já havia feito o estrago. Por dias, aquela dor me acompanharia. Foi daí a dedução do porquê os assentos disporem de costados reversíveis. Nada como colocar o rosto ao vento de um trem em marcha, mas livre das fagulhas que saiam voando da locomotiva. O cobrador - uniformizado tal Charles de Gaulle -, andava pelo vagão inquirindo pelos bilhetes e nele - solenemente -, fazia um picote em forma de estrela, utlizando um instrumento que trazia na mão, com uma postura de ‘torreão da justiça’.

foto: Estação Férrea de Caxias do Sul - hoje desativada.

TO BE CONTINUED



189ª - O Velho e os Três Jovens

Como um Velho estava plantando uma árvore, três jovens vieram e começou a fazer graças com ele, dizendo: "Mostra sua tolice estar plantando uma árvore na sua idade. A árvore não pode frutificar por muitos anos, enquanto você morrerá muito logo. Qual o seu ganho desperdiçando tanto tempo, provendo prazer a outros compartilharem, muito tempo depois que você estiver morto?”.

O homem velho parou o seu trabalho e respondeu: "Outros já o fizeram antes de mim e, no entanto, para minha felicidade estou usufruindo. É meu dever prover para os que virão depois de mim. E mais, como estar vivo e seguro disto, por mais um dia? Vocês todos podem morrer antes de mim".

As palavras do velho se tornaram realidade; um dos jovens foi viajar no mar e submergiu, outro foi para guerra e foi atingido e morreu e o terceiro caiu de uma árvore e quebrou o seu pescoço.

Moral:

"Não devemos pensar unicamente em nós mesmos, mas sim lembrar que a vida é incerta".

Um comentário:

Dna. Mô disse...

Salve Vade!!!!!

Linda história, que nos emociona...

E ao ver a foto da estação férrea de Caxias do Sul, lembrei-me da
bela cena do filme "O Quatrilho" - feita nessa estação, a qual recebeu um excelente "remake" para as filmagens...

Vou rever esse filme, só para conferir!!!

Obrigada grande Vade!
Beijos a todos...