Tanti, quantum habeas, sis
Quanto tens, tanto vales
Bom início de semana amigos. A fábula de hoje mostra que nossa tolice, junto com uma interpretação de aparências, pode ser fatal. Convém uma boa dose de raciocínio antes de uma atitude cabal. A prosa de hoje, rememora o conviver com quem soube fazer da dificuldade, uma arma de louvação. ESSES OLHOS VIRAM...
...como alguns a chamavam de ‘a Velha... ’, outros ‘a Dona...’, os íntimos ‘ a Preta’ e nós ‘a Vó...'. Dorvala era seu nome. Filha de escravos nascida nos pagos. Foi a pessoa de alma mais branca que conheci. De uma vida desregrada quando jovem, no trabalho, na bebida e no fumo - contado por ela própria -, um derrame cerebral a deixou paraplégica. Todo seu lado direito parou, mas seu lado de dentro aflorou numa sabedoria infindável. Foi assim que a conhecemos, já com as cãs e alquebrada pela idade e pela paralisia. Analfabeta, exprimia o sentido cristão em palavras sábias, como nenhum pastor ou sacerdote o fariam. Nos dias de hoje, sua figura caberia em qualquer roteiro de líder comunitária famosa. Visitava-nos com freqüência, para ganhar um prato de comida, sempre em troca de algum trabalhinho no quintal. A oração de agradecimento pela refeição, feita por ela à mesa, tinha a louvação ao Criador como obra encomendada pelos reis David e Salomão para Os Salmos. Ao final balbuciávamos um amém constrangido diante de tanta eloqüência. Educou seus filhos e netos sob o signo da retidão. Certo dia recebi um aviso. Estava hospitalizada. Fui visitá-la. Seus cabelos brancos contrastavam com a pele negra. Sem forças e sem os costumeiros óculos, seus olhos marejavam lágrimas, vagando a esmo. Ao me ouvir sorriu, pegou-me a mão. Não conseguiu falar. Ficamos ali, quietos, rememorando as brincadeiras e os diálogos sagrados que havíamos tido. A finitude humana é engraçada. Palpável como a própria vida, ainda nos choca violentamente ao dar seus sinais. Com a voz embargada, sussurrei: ‘Até breve Vó Dorvala’ e a beijei na face macia. Ela apenas sorriu, já não chorava mais. Ela foi um exemplo em nossas vidas infantis e despreocupadas. O Cosmos a abençoe ‘Vó Dorvala’, em breve nos encontramos.
157ª - A Lebre com Medo das Orelhas
O Leão, ficando enormemente ferido pelos chifres de uma cabra selvagem, jurou com grande raiva que todo animal de chifres deveria ser banido do reino animal. Uma Lebre tola, vendo a sombra das suas orelhas, ficou com grande medo e para que não elas não fossem confundidas com chifres, cortou-as fora.
Moral:
“As aparências enganam”.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
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