quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

149ª - A Raposa e o Lenhador - Óleo de Rícino

Verbum emissum non redit
Palavra solta não têm volta

Bom dia a todos! A fábula de hoje, seguindo a saga volpiana (volpe = raposa), descreve a sagacidade na resposta final. As palavras são mais potentes que os atos? Belo estudo. A prosa de hoje, faza um passeio até a década de 50, onde ESSES OLHOS VIRAM...

...O tempo em que o óleo de rícino era chamado para resolver as aparentes questões insolúveis da saúde. Como um Sherlock Holmes saía atrás do criminoso de forma inapelável, insistente e canina. Nada sobrava no trato intestinal que pudesse contar a história.

Fica a cargo de algum antropólogo descobrir o porquê a tribo inteira – e simultaneamente - devia ingerir este 'maravilhoso condimento, de suave sabor e delicado trato com as mucosas internas', sem dimensionar quantos banheiros estariam à disposição. Que falta de planejamento!

Alguém se queixando de alguma coceira, urticária, brotoeja e pronto: lá vinha a frase hecatômbica: “Dagli un gotto d’olio”. (Dê-lhes um copo grande de óleo). Vendido em simpáticas garrafinhas de pescoço longo, ali mesmo no armazém do bairro, era o pânico geral. O quitandeiro, o do bálsamo-alemão, ficaria te lançando aquele olhar sardônico durante uma semana. Era administrado para todos - saudáveis ou inapetentes -, misturado com uma 'gostosa' Coca-Cola quente. Não sei se era forma de iludir os piás, com o sabor xaroposo de uma bebida estrangeira, ou se para acelerar o efeito do óleo, mas uma coisa é certa: arrotar óleo de rícino é dose para nunca mais esquecer. Na obscuridade medieval em que vivíamos este óleo - usado desde os antigos egípcios -, era pajelança certa. Os estudos de hoje consideram-no - além de potente laxante -, um ótimo bio-combustível, algo que há 50 anos atrás eu já o classificava: incinerador de qualquer caloria.

Atualmente onde até o ácido acetilsalisílico é adocicado e em dose diminuta – deviam ter conhecido o ‘Melhoral’ – , vejo o quanto sofremos em nome da cura. Sapientemente, com o passar dos anos aprendeu-se a calar quando algo não ia bem, ou seja, única forma de afastar o inimigo – o silêncio -. Chego a imaginar o uso dele em caso de tosse aguda, com a frase maquiavélica do curandeiro erudito e sádico, empregando os verbos no tempo imperativo afirmativo do subjuntivo : “Tosse tu agora, se tem tu coragem!”.


149ª - A Raposa e o Lenhador

Uma Raposa, fugindo antes que os cães de caça a pegassem, encontrou um Lenhador que derrubava um carvalho e lhe implorou que lhe mostrasse um esconderijo seguro. O Lenhador lhe aconselhou que se abrigasse na sua própria cabana. A Raposa rastejou para dentro e se escondeu em um canto. O Caçador surgiu em seguida, com seus cães de caça e indagou ao Lenhador se havia visto a Raposa.

O Lenhador declarou não tê-la visto e enquanto falava, apontava todo o tempo para a cabana onde a Raposa estava escondida. ainda. O caçador não entendeu os sinais, mas acreditando na palavra dele, foi adiante na perseguição. Assim que ele estava bem longe, a Raposa partiu sem dar uma explicação e o Lenhador e este a repreendeu dizendo, "Você é companheira ingrata, você me deve sua vida e ainda me deixa sem uma palavra de obrigado". A Raposa respondeu: "Realmente, eu deveria ter lhe agradecido mais fervorosamente, se suas ações tivessem sido tão boas quanto suas palavras".



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