terça-feira, 8 de dezembro de 2009

152ª - O Mosquito e o Leão - 'Zio Can!' 1/2

Multa narrantur atrociora quam sint
Não é tão bravo o leão como o pintam

Boa tarde a todos! A fábula de hoje, sem uma moral especificamente escrita, alerta que sempre haverá alguém inferior a levar vantagem, apesar de nossas vitórias sobre o imponderável. Bela lição. A prosa de hoje, ESSES OLHOS VIRAM...

... e conviveram com tempos onde ainda recrudesciam as diferenças ideológicas que causaram a Segunda Grande Guerra Mundial. Mesmo com os palcos de batalhas no outro lado do Oceano, aqui mesmo, várias nacionalidades advindas para a colonização se viram em ‘saia justa’. Logo a Itália, Alemanha e Japão, os maiores colonizadores do sul brasileiro, aliaram-se formando o Eixo, contra ingleses, franceses e norte-americanos, além de outros, inclusive o Brasil.
Distantes das pátrias-mães, ao menos o cultivo da língua, costumes civis e religiosos, era um paliativo à saudade destes imigrantes. Entretanto, até isto ficou cerceado por ordens superiores. Proibiu-se o uso da língua falada, das expressões e homenagens. Até as trocas de nomes ilustres de outras nacionalidades aos locais públicos foram efetivadas e assim por diante.

O italiano é antes de tudo um paradoxo. Católico como poucos, devoto e sacristão extremado, ao menor arrepio de algo, torna-se um agnóstico blasfemador. Saem de sua boca, imprecações contra toda divindade e ao que é sagrado. Aos berros e lançando à humanidade seu desagrado, este zurrar tem que ser na própria língua, ou seja, descarregar a raiva em sonoro italiano. De carregador de baldaquins, transforma-se num taura vociferante.

TO BE CONTINUED


152ª - O Mosquito e o Leão

Um Mosquito chegou e disse para um Leão: "Eu não faço pelo menos medo a você, nem você é mais forte do que eu sou. No que consiste sua força? Você pode arranhar com suas garras e pode morder com seus dentes - e assim pode conquistar uma mulher nas disputas. Eu repito que eu sou totalmente mais poderoso que você; e se você duvidar disto, vamos lutar e ver quem ganhará". O Mosquito, enquanto tendo aprontado seu bico, se fixou no Leão e o picou nas narinas. O Leão tentando esmagá-lo rasgou-se com suas próprias garras, tanto que se machucou seriamente.
O Mosquito prevaleceu-se assim do Leão e zumbindo uma canção de triunfo, voou embora. Mas logo depois ele ficou emaranhado nas malhas de uma teia de aranha e foi comido por ela. Ele lamentou profundamente o seu destino, dizendo: “Aflição! Eu que pude empreender guerras vitoriosas com as enormes feras, devo perecer por causa desta aranha!".

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