Meu guia falou: ‘Venha, vamos conhecer algo interessante!’. Seguimos por uma rua arborizada, com casarões palacianos, pouco movimento de passantes ou veículos. Diante de um imponente prédio ele parou e disse: ‘É aqui!’.
Subimos ampla escadaria após adentrarmos por um saguão imponente, todo marmorizado. Diante de uma porta de dupla folha, em carvalho cinzelado, murmurou: ‘Entremos!’.
No centro de uma sala imensa, com paredes forradas por livros em prateleiras de madeira escura – deduzi ser nogueira -, uma mesa enorme com várias pessoas.
Meu guia iniciou a apresentação dos personagens: ‘Da esquerda para a direita – os irmãos Indicativo; Presente, Pretérito Imperfeito, Futuro do Presente, Futuro do Pretérito, Pretérito Perfeito e Pretérito Mais-que-Perfeito!’. Tomando fôlego, apontou para o outro lado da mesa, continou: “Ali, na mesma ordem, os irmãos Subjuntivo; Presente, Pretérito Imperfeito e Futuro. Seguindo, seu primo; Imperativo-Afirmativo e sobrinhos Formas Nominais; Infinitivo Flexionado, Gerúndio e Particípio.
Pasmo, pensei com meus botões, cofiando os bigodes: ‘Que família! Quem a conhecesse estaria em boas mãos’.
O guia cutucou-me e disse: ‘Jogue um verbo sobre a mesa!'
Surpreso atirei o verbo ‘amar’. Pela ordem fui ouvindo, ao tempo em que cada personagem transfigurava-se, assumindo as formas do verbo citado: ‘Amo, amava, amarei, amaria, amei, amara, ame, amasse, amar, ama tu, amar, amando, amado’.
Percebi estarem declinando a primeira pessoa do singular, o ‘eu’ - com exceção do Imperativo-Afirmativo e os dois últimos; o Gerúndio e o Particípio -, deixando para mim o trabalho em declinar as demais pessoas.
Encantado, lancei o verbo ‘querer’. Ouvi logo: ‘Quero, queria, quererei, quereria, quis, quisera, queira, quisesse, querer, quere tu, querer, querendo, querido.’
Treze generais, um exército de palavras, uma imensidão de sentimentos. Acordei, foi um sonho!
Até mais...
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