‘Tu és filha da Anita de Garibaldi, não és?!’ Minha esposa não escondia o espanto diante do nome da mãe. O benzedor desandou num choro convulsivo e comovente. As lágrimas escorriam-lhe dos olhos. Erguendo as mãos como se orasse, exclamou: ‘Deus não me deixaria morrer sem ver Anita mais uma vez!’. A velhinha, sem jeito, tratou de acalmá-lo com palavras humoradas. E o ancião completou: ‘Foi o único amor verdadeiro que tive!’, e olhando minha mulher disse: ‘És o retrato de tua mãe!’
Mais calmo nos contou a história. Ainda moço, por volta de 1925, enamorado por Anita, fora ganhar a vida,abrindo estradas no estado de Santa Catarina. Enviava seguido correspondência para Anita – envelopes dentro das cartas -, e soube mais tarde quando voltou que os primos solapavam-nas, deixando Anita sem notícias dele. Havia se casado e ido morar em outra cidade.
Esbravejou irado contra os primos.
Em Santa Catarina aprendera a benzer com um velho índio bugre. Apanhando uma semente brilhosa, traçou na minha espinha uma série de hieróglifos, entoando orações. Presenteou-me com a semente e beijando a palma da mão de minha mulher disse apenas: ‘Obrigado!’
Saímos dali, meu mal cessou, cancelei a cirurgia e nestes 30 anos, nunca mais fui molestado pelo incômodo benzido.Nosso benzedor faleceu pouco depois.
Esta força que une tudo a todos gravitacionalmente, é um mistério. O fato está contado. Cada um tire suas conclusões.
2 comentários:
Que boas histórias e crônicas! Estou gostando muito dessa nova fase....
Obrigada!
Beijos!
Eu também! VSempre gostei de todas!E as surpresas???????????
Sensacionais!
Obrigada!
Bjs a todos!
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