quarta-feira, 30 de setembro de 2009

94ª - O Asno levando Sal

Faber est quisque fortuna
O homem faz-se por si


Bom dia caros leitores.. Antes de tudo, minhas boas-vindas à Isa, nossa 9ª seguidora. Sinta-se em casa amiga...
A fábula de hoje merece algumas considerações. A primeira é a de entendermos como a própria existência, ser o mascate. Ela (ele) é quem determina o peso do fardo. A próxima consideração é assumirmos o papel do asno carregado e entendermos que não adiantarão subterfúgios¹, pois o peso somente dobrará. Outra consideração é aprendermos a suportar este peso, não resignados² mas encorajados, pois a viagem termina logo... A atitude positiva é fundamental.

¹ s.m. manobra ou pretexto para evitar dificuldades; pretexto, evasiva.
² v. pron. submeter-se sem revolta a; acatar, conformar-se.


94ª - O Asno levando Sal

Um mascate que tinha um Asno ouviu dizer que o Sal estava muito barato na praia. Colocou os arreios no seu Asno e foi até lá comprar algum sal. Tendo carregado tanto o seu animal, quanto ele pudesse agüentar, estava guiando-o de volta para casa, quando, passando por uma borda escorregadia de pedra, às margens de um rio, o Asno caiu na correnteza e o Sal derreteu-se todo. Para o Asno foi um alívio de peso e chegado à margem com facilidade, procurou seguir a viagem em diante, leve no corpo e no espírito.
O mascate retornou logo em seguida à costa marítima para pegar mais um pouco de Sal e carregou novamente o Asno, tanto quanto possível, porém mais pesadamente do que antes. No retorno, como cruzaram o rio no mesmo local em que tinham caído anteriormente, o Asno caiu propositalmente na correnteza, dissolvendo mais uma vez todo Sal e libertando-se da sua pesada carga.
O mascate invocado pelas perdas e pensando como poderia escapar deste truque na próxima viagem do para a costa, contratou uma carga de esponjas. Quando chegaram ao mesmo rio, como antes, o Asno tentou novamente seu velho truque, jogando-se na água; achando que - como antes -, o seu fardo aliviaria. Mas ao invés disto, a carga mais que dobrou seu peso, submergindo-o quase o afogando.

Moral:

"As mesmas atitudes não servirão para todas as circunstâncias”.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

93ª - O Asno e o Lobo

Lanam petierat, ipseque tonsus abiit
Foi buscar lã e veio tosquiado

Bom dia amigos! Na fábula de hoje o Asno não é nada ingênuo ou teimoso, cabendo este papel ao Lobo. Mais um ensinamento onde se aprende a não 'subir além das chinelas' quando se é sapateiro.

Bom proveito e até mais...

93ª - O Asno e o Lobo

Um Asno alimentava-se num prado quando viu um Lobo se aproximando para pegá-lo e imediatamente, fingiu estar manco. O Lobo chegando perto indagou a causa dos seus lamentos. O Asno disse então, que tinha um espinho em sua pata e pediu para arrancá-lo.

O Lobo consentiu tirá-lo com seus dentes. O Asno o deixou acercar-se e com seus cascos desferiu um poderoso coice em sua boca, fugindo num rápido galope. O Lobo disse então: "Eu sou adaptado justamente para comer. Por que tentei a arte de curar, quando meu pai só me ensinou a ser carniceiro?”.

Moral:

“Todos têm a sua especialidade”.



segunda-feira, 28 de setembro de 2009

92ª - O Asbo e o Gafanhoto - 'Éramos cinco' Peixoto JL



Bom início de semana a todos. A fábula de hoje toca nas restrições que a natureza pode nos impor e, querendo transgredí-las, o preço pode sair caro...

Hoje serei justo com o poeta JL Peixoto, editando o poema, cuja transposição fiz no blog de sábado, já que, o conteúdo deste original, deve caber na vida de todos que - quando crianças -, tiveram uma mesa posta e uma família ao redor...

de José Luiz Peixoto

na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs

e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco, menos a minha irmã mais velha que está

na casa dela, menos a minha irmã

mais

nova que está na casa dela, menos o meu .
pai, menos a minha mãe viuva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde

como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.


BOA PROVEITO DESTA LEITURA e até mais...


92ª - O Asno e o Gafanhoto

Um Asno ouvindo um Gafanhoto a cantar, ficou encantadíssimo e desejando possuir o mesmo charme da melodia, solicitou ao mesmo que tipo de alimento poderia dar-lhe voz tão bonita. Ele respondeu-lhe: "O orvalho". O Asno então resolveu que ele viveria só de orvalho e em pouco tempo, morreu de fome.

Moral:

"Onde alguns podem viver, outros podem passar fome".





sábado, 26 de setembro de 2009

91ª - O Asno e sua Sombra - 'Éramos onze'

Omne nimium nocet
Tudo que é demais prejudica

Bem-vindos! A fábula de hoje aborda, tal como a de número III deste blog, o quanto perdemos pela ganância. Saber pesar a cessão num conflito de interesses, é a diferença entre o 'tudo perder' ou o 'ganhar algo'.

Num plágio desavergonhado, pedindo licença a J.L.Peixoto - poeta português a quem admiro muito -, transporei um de seus poemas aqui. São os efeitos destas fábulas que trazem de volta tempos que não retornariam sozinhos. Numa mesa, onde as experiências gastronômicas eram submetidas aos mais variados gostos... ESSES OLHOS VIRAM...

Éramos onze na hora de comer:
o meu pai, a minha mãe, eu, os irmãos e a tia-avó.
Eu casei primeiro fui embora,
minha tia-avó morreu, depois os irmãos
foram embora, menos o terceiro na ordem.
Morreu minha mãe, morreu meu pai,
Hoje na hora de comer são onze,
menos minha tia-avó, menos eu que casei e fui embora,
menos a mãe e o pai que morreram,
menos os irmãos que foram embora,
O terceiro na ordem agora come sozinho,
onde éramos onze, mas cada um com lugar
vazio à mesa, porque sempre estarão ali
os que foram embora...
Enquanto um de nós puder lembrar,
serão sempre onze, na hora de comer.

BOA LEITURA e até mais...



91ª - O Asno e sua sombra

Um viajante contratou um condutor e seu Asno para ir com ele a um lugar muito distante. O dia estava insuportavelmente quente e o sol brilhava em plena força. O Viajante parou para descansar e buscou abrigo do calor na sombra do Asno. Como havia apenas proteção para uma só pessoa, o Viajante e o dono do Asno reivindicaram-no para si próprios, numa violenta disputa entre ambos, sobre qual deles teria o direito. O dono manteve-se firme em que apenas ele tinha este direito, pois o Asno era seu. O Viajante afirmava que ele tinha o direito, pois havia contratado o Asno e por conseqüência, também a sua Sombra. A disputa passou de palavras para os murros e enquanto os homens lutavam, o Asno fugiu galopando.

Moral:

"Disputando sobre a sombra, nós perdemos freqüentemente a essência."

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

90ª - O Asno e um Comprador


Similis simili gaudet
Eu como tu, tu como eu, o diabo nos juntou


Ótimo dia a todos. A fábula de hoje nos mostra que basta apenas escolher uma 'tribo' para ser definido como ela. Tem um certo ranço¹ de preconceito, mas no fundo, no fundo, todos procuramos nossos iguais. Escolher sem o critério do seu próprio existir, significa escolher mal e poderá ser pretexto para, ou desvirtuar, ou consagrar o vício . O contrário também ocorre, ou seja, na busca de uma virtude, a companhia virtuosa ajudará e muito...
BOA LEITURA e até mais...

¹ fig. - vestígio, sinal; ressaibo .

90ª - O Asno e um Comprador

Um homem quis comprar um Asno e de acordo com seu vendedor e dono, ele deveria experimentá-lo antes de efetivar a compra.

Ele levou o Asno para casa de Asno e o colocou junto com seus demais asnos no curral. Assim acomodado, o novo Asno imediatamente afastou-se do grupo e foi juntar-se ao mais inativo e o maior comilão deles todos.

O homem pôs um cabresto nele e o conduziu de volta ao seu dono, enquanto dizia: "Eu não preciso de uma experiência; Eu sei que ele será em pouco tempo, tal e qual o escolhido como seu companheiro.”.

Moral:

"Um homem é conhecido pela companhia com quem anda.".

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

89ª - O Asno e seu Condutor

Temeritas est florentis aetatis, prudentia senectutis
Se o velho pudesse e o jovem soubesse, não haveria nada que se não fizesse


Um 'oi' especial a todos. A fábula de hoje nos conta sobre TEIMOSIA, este defeito capital que pode custar a própria vida. A lição é pertinente às personalidades em formação, os pequeninos. Ensinar como domar esta característica é uma verdadeira arte e dificultosa, mas vale a pena. Formaremos um adulto consciente. E os que são teimosos como o asno? Largamos a cauda ou tergiversamos¹ até demovê-lo² da intenção? Melhor não 'teimar' e ajudá-los, não é mesmo? Apesar de que todos temos um certo grau de teimosia. Refletir faz bem. Até amanhã...

¹ v. int. virar de costas - int. usar de evasivas ou subterfúgios; procurar rodeios .

² v. t. d. bit. provocar (em algo ou alguém) a renúncia (de intento, ideia etc.) 3 bit. e pron. despertar (em alguém ou si mesmo) uma disposição .


89ª - O Asno e seu Condutor

Um Asno estava sendo conduzido ao longo de uma estrada, quando subitamente estacou e foi à beira de um fundo precipício. Estando a ponto de se lançar do alto, seu dono e condutor o agarrou pela cauda, impedindo e puxando-o de volta. Como o Asno insistia no seu esforço, o homem deixou-o saltar e disse: "Conquiste, mas conquiste a seu próprio custo".

Moral:

"O teimoso geralmente tende a se prejudicar".

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

88ª - Júpiter e a Macaca - Criação de Bichos


De duobus malis, minus est eligendum
Dos males, o menor

Bom dia amigos. As fábulas possuem um dom. O dom de formar o chamado 'esprit de corps' (espírito de corpos) entre seus leitores e seguidores. Este detalhe é enriquecedor a todos e creiam, este termo anda em desuso há muito tempo. Ressuscitando aos mais adiantados em idade, bem como criando nos mais jovens, a análise e a crítica, julgo estar cumprindo uma bela missão. A fábula de hoje toca na força do bem-querer. Quando se gosta, nada compensa a perda e por falar nisso, ESSES OLHOS VIRAM... o tempo em que se podia ter criação de animais domésticos no quintal. Coelhos, galinhas, perus, porco, além de cães, gatos, pombos, pássaros canoros¹ e ornamentais. É sabido serem os imigrantes italianos apegados a este tipo de criação e é sabido também, a melancolia que os cercava quando do abate para consumo. Recordo até hoje e lá se vão mais de cinco décadas, a porca'Buchi', alimentada e banhada com mangueira diariamente por mim, durante meses e depois vê-la transformar-se em banha, toucinho, bacon, torresmo, salames, morsilhas, copas (socol), codeghin ou chouriço (embutido de carne de porco picada, cartilagens, gordura e temperos e seco ao fumeiro). Os gritos de socorro que ela emitia quando a levaram à tábua de abate. As facas sendo afiadas no rebolo, os temperos preparados com antecedência, o fogo e o tacho com água fervente para pelar, o agito da casa, os cheiros...atormentam-me ainda hoje. A melancolia faz parte do processo de amortecer a dor da perda, pois ver isto acontecer com quem gostava de ti, roncava baixo ao ganhar a comida fresca... bah tchê.

O tio-avô autor do crime, antes respeitado e querido. tomou a forma de 'Jack - the Ripper'. Fazer o que não é? Era a sobrevência daqueles tempos....

BOA LEITURA e até mais

¹ adj. - que produz som agradável; que canta bem; harmonioso, melodioso, sonoro .

88ª - Júpiter e a Macaca

Júpiter proclamou para todos animais da floresta a promessa de uma recompensa magnífica a quem, cuja descendência fosse julgada a mais digna. A Macaca veio do seu descanso e apresentou a todos, com ternura de uma mãe zelosa, um jovem macaco de nariz chato, calvo e doente, caracterizando-se como candidata para a recompensa prometida. Um riso geral a saudou na apresentação do seu filho. Ela disse resoluta: "Eu não sei se Júpiter dividirá o prêmio com meu filho; mas o que eu sei é que ele é o mais querido, digno e o mais bonito de todos que estão aqui".

Moral:

"O amor de uma mãe encobre muitas imperfeições".

terça-feira, 22 de setembro de 2009

87ª - O Tordo e a Andorinha - 'Passarinhada'

Amicitia quae desiit, nunquam vera fuit
Quem deixa de ser amigo, nunca o foi


Feliz dia a todos. Bem-vinda ISA , nossa 9ª seguidora. Na fábula de hoje, Esopo trata de como facilmente trocamos o sentimento aos próximos, por culto às amizades efêmeras¹ e fugidias². Bem enfocadas, a pasmaceira³ do jovem tordo e a tristeza do progenitor ao perceber isto.

Falando em passarinhos...ESSES OLHOS VIRAM...quando criança, verdadeiros ágapes(banquetes), onde a polenta e os espetos 'menarosto' - rostisseri, giratório, antigamente tocados à mão, (inseri uma foto do sistema, com galetos, para se ter idéia) -. Eram dezenas de espetos e cada qual, com dezenas de varas e estas, com centenas de passarinhos, intermeados com sálvia e toicinho. Verdadeiro massacres silvestres, mesmo que houvesse uma mescla de sabores incríveis. Ainda bem que - apesar de tardiamente, pois dizimaram-se na região italiana do sul brasileiro, todas espécies de aves silvestres - imperou o bom-senso e esta prática caiu em total desuso. Meu ato de contrição por tamanho pecado.


¹ adj. que dura um dia - que é passageiro, temporário, transitório.
² fig. que não tem duração; fugaz, efêmero.
³ estado ou situação caracterizada pela falta de interesse.

87ª - O Tordo e a Andorinha

Um Jovem Tordo que vivia certa vez em um pomar, foi se familiarizando com uma Andorinha. Uma amizade cresceu entre eles e a Andorinha, depois de explorar o pomar e o prado vizinho, ia de vez em quando, visitar o Tordo. O Tordo feliz, saltava dos galhos para as ramagens, dando boas-vindas com sua nota mais alegre. "Oh céus!" disse ele para seu pai um dia, “... nunca houve criatura com tal amizade como eu tenho com esta Andorinha”. - "Agora e sempre qualquer mãe," respondeu-lhe o pai, "... tal como para um filho tolo que eu tenho. Logo antes da aproximação de inverno, sua amiga o terá deixado; e enquanto você pousar tremendo de frio, em um ramo desfolhado e ela estará zombando de ti, sob um céu ensolarado, a centenas de milhas.”.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

86ª - O Asno e a Estátua



Laborare est orare
Trabalhar é orar

Bom início de semana amigos... A fábula de hoje toca nas vezes em que assumimos uma postura empafiosa¹ por estar na desenvoltura de um trabalho ou encargo de responsabilidade. E quando deixamos este sentimento embotar² nossa postura devida? Não que devamos esconder a satisfação, mas sim, manter a coerência sobre sermos confiáveis, sem cairmos na presunção.

¹ s.f. orgulho vão, arrogância, insolência.

² v. t.d. e pron. fig. tirar ou perder o vigor; enfraquecer(-se) .

86ª – O Asno e a Estátua

Um Asno carregava certa vez pelas ruas da cidade uma famosa estátua de madeira, para ser colocado em um de seus Templos. A multidão quando ele passava ao longo do caminho, se prostrava humildemente, diante da Imagem. O Asno, pensando que eles baixavam suas cabeças em sinal de respeito para com ele, estufou o peito com orgulho e com afetação, recusou-se a andar. O montador, vendo-o parado, pôs-se a chicoteá-lo no costado dizendo: "Oh cabeça entorpecida e perversa! Ainda não é chegada a hora em que os homens renderão adoração a um Asno".

Moral:

"Não são sábios os que tomam para si o crédito devido aos outros".



sábado, 19 de setembro de 2009

85ª - O ASNO, O Galo e o Leão


Consultor homini tempus utilissimus
Com o tempo, o conselho

Bom sábado a todos, com muito sol e cores. Nas minhas garimpagens por bibliotecas vitruais, tenho encontrado várias fábulas ditas contadas pelo mestre. Mas são tantas as variações de estilos, que resolvi aplicar meu crivo¹ para selecioná-las, seguindo a intuição de serem originadas naquela época. Para a fábula de hoje, só consegui um
quadro de Chagall sobre ela, uma bela pintura, com as cores da dramaticidade do conto.

BOA LEITURA e até mais ver...

¹ p.metf. exame ou apreciação meticulosa; prova .

85ª - O Asno, o Galo e o Leão


Um Asno e um Galo estavam juntos, quando um Leão, desesperado de fome, aproximou-se. Ele estava a ponto de avançar no Asno, quando o Galo gritou - para cujo som de voz, o Leão, diz-se, tem uma particular aversão - numa alegria ruidosa e o Leão fugiu. O Asno, observando o medo dele ao simples grito de alegria de um Galo, tomou coragem para atacar e galopou atrás dele com este propósito. Ele não tinha galopado muito, quando o Leão voltando-se, o agarrou e dilacerou-o.

Moral:
“ “ “O excesso de confiança conduz freqüentemente ao perigo”.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

84ª - O Lobo, a Cabra e sua Cria - 'Il beco'

Lupus oves etiam numeratas devorat
Do rebanho contado come o lobo

Bem-vindos prezados amigos. Chuva incessante, inverno obstinado e teimoso. Hoje veremos na fábula o quanto devemos ser cuidadosos, optando sempre pelo duplo resguardo dos nossos interesses.

Em dialeto italiano, a cria da cabra diz-se 'il beco'. Certa vez criança, fui com os meus irmãos até uma colônia e ao ver um pequeno cabrito, pedimos para comprá-lo. Um menino da casa, sentindo o drama, começou a chorar, gritando sem cessar: "Il beco ste mio, il beco ste mio..."* (o cabrito é meu) . Claro que não o levamos, mas toda vez que essa criança passava diante de nossa casa - que ficava na rota de acesso às colônias - gritávamos: "Lá vem o 'il beco', lá vem o 'il beco'...". Nós perdemos um cabritinho mas, ele ganhou uma alcunha...

* corruptela de "il beco essere mio"

84ª – O Lobo, a Cabra e sua Cria

Como uma velha cabra ia pastar um pouco adiante de sua casa, ela trancou a sua porta cuidadosamente e pediu à sua cria para não abri-la para qualquer um que não pudesse dar a contra-senha: "Se cuide do Lobo e de todos da sua raça". Aconteceu que um Lobo estava passando e escutou o que a velha Cabra tinha dito. Quando ela saiu, ele foi para a porta e batendo disse: "Se cuide do Lobo e todos da sua raça". Mas a cria da cabra, enquanto espiava por uma fresta disse: “Mostre-me uma pata branca e eu te abrirei a porta". Como o Lobo não pôde fazer isto, partiu, tão rapidamente quanto veio.

Moral:

"Duas trancas são melhores que apenas uma".



quinta-feira, 17 de setembro de 2009

83ª - O Escorpião e a Rã - Caçando rãs -


Naturae sequitur semina quisque suae
Cada qual segue sua natureza

Nossa saudação a todos, em especial ao novo seguidor Jackson S de Jesus, dono de uma refinada ironia, matiz¹ de inteligência, aliás, como todos demais seguidores, o que muito nos orgulha.
Com a fábula de hoje, iniciamos uma nova etapa, trazendo as historietas avulsas, traduzidas por nós e identificadas pela numeração arábica. A numeração em romano, caracteriza a tradução de alguma obra completa, de vários contos. Esta fábula foi sugerida no início deste blog pela srta. Marta e cumprimos o prometido, aí está ela.

Por falar em rãs, ESTES OLHOS VIRAM... como caçá-las (nos canais de irrigação dos arrozais, com lanternas de carbureto, separando-as dos demais batráquios²), limpá-las (tirar a pele, vísceras, cabeça e patas, inutilizando a medula espinhal, para não saltarem mesmo sem as cabeças cortadas durante a fritura), prepará-las (vinha d'alho e à milanesa) e cozinhá-las (fritas em banha). É uma carne perfeita e de sabor único. Coitadinhas... sempre em desvantagem.

Os italianos do nordeste gaúcho, do início até meados do século XIX, foram exímios caçadores. Espécimens que andavam, rastejavam, pulavam, corriam, nadavam ou voavam e que tinham couro, pele, pelo, penas ou escamas, não importando a ordem, viravam petiscos em questão de minutos.

¹ s.m. - colorido obtido da mistura ou combinação de várias cores num todo (pintura, bordado, tecido, paisagem etc.) - fig. variedade de detalhes, de aspectos sentidos ou descritos de maneira viva, colorida, sugestiva.

² adj. - relativo aos batráquios n s.m. herp - espécime dos batráquios - batráquios - sapos, pererecas, rãs.


83ª - O Escorpião e a Rã

Um escorpião e uma Rã se encontram na margem de um rio, quando o Escorpião pediu para a Rã levá-lo em seu costado, atravessando a correnteza. A Rã perguntou, "Como saberei se você não vai me picar?". O Escorpião respondeu, "Porque, se eu assim o fizer, também morrerei afogado!".

A Rã ficou satisfeita e eles partiram, mas, no meio do rio, o Escorpião picou a Rã. Ela sentindo o efeito paralisante do veneno, começou a afundar, sabendo que ambos se afogariam, mas ainda tem tempo para ofegar "Por quê?", ao que respondeu o escorpião:

"É minha natureza...”.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

LXXXII - A Raposa e a Cabra - Esopo e o PC


Saepe potestatem solita est superare voluntas
M
ais faz quem quer do que quem pode


Bem-vindos amigos e amigas. Fábula traduzida, provérbio e figuras escolhidos, sentei-me a teclar a última história deste espetacular livro. Repentinamente, pressenti atrás de mim - na poltrona do vô Ponzoni - uma vetusta¹ figura em toga² branca. Sorria e deu-me uma piscadela maliciosa, apontando para a CPU do meu computador. Fundiu tudo e a máquina apagou. Calafrios e pedidos de socorro. Enquanto o meu suporte técnico (sempre ele) providenciava conserto, fiquei matutando³ o ocorrido. Veio-me a inspiração... Claro, o dedo apontando para esta maravilhosa invenção. Ele quer continuar o 'dedo de prosa' com nossos leitores e fez de mim, seu instrumento. Vou pesquisar outras obras que porventura possam ter suas historietas a as trarei ao blog. Afinal, a conquista de 50 visitas diárias (em média), se deve a ele - Esopo.

Não prometo com a mesma velocidade de uma fábula por dia... veremos o que ocorre. ET - A fonte do pc torrou e teve que ser trocada... .

¹ adj. de idade muito avançada; antigo, velho - provindo de época remota; antigo .

² s.f. na Roma e Grécia antigas, peça do vestuário civil, espécie de capa ou manto de lã (posteriormente linho), amplo e longo, que se usava trançado sobre o corpo - vestimenta de magistrado; beca .

³ v. infrm. t.i.int. pensar demoradamente sobre algo; meditar, refletir ..

LXXXII - A Raposa e a Cabra

Por azar uma Raposa caiu num poço muito fundo, do qual ela não conseguia saltar fora. Uma Cabra passando logo depois, perguntou para a Raposa o que ela estaria fazendo ali embaixo. "Oh, você não ouviu?” disse a Raposa; “... aqui vai haver uma grande seca, assim eu saltei aqui embaixo para estar segura em ter água para mim. Por que você não desce também?" A Cabra pensou bem este conselho e pulou para dentro. Mas a Raposa saltou imediatamente em suas costas e pondo suas patas nos longos chifres, conseguiu alcançar a borda do poço. "Adeus, amiga," disse então a Raposa, "lembre-se da próxima vez",


"Nunca confie no conselho de quem está em dificuldades”.



terça-feira, 15 de setembro de 2009

LXXXI - A Anciã e a Bilha de Vinho


In vino veritas
No vinho está a verdade

Bom dia a todos. O título desta fábula, ao ser traduzido (The old woman and the Wine-jar), mostrou-me a riqueza de nosso idioma. Caberiam os vocábulos: moringa, quartilha, botija, botelha ou quartinha. Escolhi 'bilha', por ser um termo que minha avó usava ao buscar a água na bica, lá em Garibaldi, na década de 50, quando as fontes jorravam águas mais puras que as servidas pelas autarquias. São substantivos maravilhosos e musicais, para designar uma garrafa feita de barro ou grês e que não podemos olvidar¹.

¹ v.t.d. e pron. perder a memória de; não vir (algo) à lembrança de (alguém ou de si mesmo); esquecer(-se).


Que tal um lanche matinal com ovo 'escalfado' ² ? Com pingos e pitadas de azeite extra-virgem, vinagre balsâmico, sal e pimenta. Notaram como o vocábulo tornou saboroso um simples ovo quente? É a mágica de nossa língua portuguesa.

BOA LEITURA e até amanhã... com a última fábula deste livro traduzido por nós.

² v.t.d. aquecer, esquentar (água) no escalfador - t.d. dar fervura em; passar por água quente .


LXXXI - A Anciã e a Bilha de Vinho

Você deve saber que às vezes, as mulheres idosas gostam de uma boa taça de vinho. Uma destas senhoras, encontrou certa vez uma Bilha de Vinho atirada na beira da estrada. Avidamente correu até ela, esperando achá-la cheia. Mas quando a apanhou viu que todo o vinho já havia sido bebido. Ainda assim, ela fez uma profunda e longa inalação no gargalo da Bilha. "Ah," exclamou,

"Quantas recordações se prendem ao redor dos instrumentos de nosso prazer".

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

LXXX - O Menestrel e o Camponês




Tollat te, qui te non novit
Quem não te conhece, que te compre


Bem-vindos amigos... Um ótimo início de semana. Hoje veremos uma fábula interessante, sobre como reagimos diante dos fatos, na maior parte das vezes. Aplaudimos a teatralidade e vaiamos a realidade. Seria porque tudo que afeta nossas sensibilidades, preferimos espantar?
Refletir sobre as formas ao manifestarmos opiniões é muito saudável e pode auxiliar nossas vidas.
BOA LEITURA e até amanhã...

LXXX - O Menestrel e o Camponês


Em uma feira rural, havia um Menestrel que fazia todas as pessoas rir, imitando os sons de vários animais. Ele terminava a apresentação guinchando igual a um porco, de tal modo que os espectadores pensavam que ele tivesse o próprio leitão escondido sob suas vestes. Mas, um Camponês por que estava ali de pé disse: "Chama isto grito de um porco? Nada igual. Você me aguarda até amanhã e eu lhe mostrarei como é o grito!". A platéia riu, mas no dia seguinte, bastante confiante, o Camponês apareceu na feira e colocando sua cabeça dentro do casaco, gritos horrorosos surgiram, tão horrendos que os espectadores assobiaram e atiraram pedras nele, para fazê-lo parar. "Vocês são bobos!" ele exclamou, "...vejam o que está gritando," e ergueu um leitãozinho, cuja orelha ele tinha estado a morder, para provocar o choro e os gritos.


"Os homens aplaudem freqüentemente uma imitação e vaiam a coisa real".

sábado, 12 de setembro de 2009

LXXIX - O Trompetista feito Prisioneiro

Parce sepultis
Enterrado, perdoado



Bem-vindos! Nossos votos de um ótimo fim-de-semana, com pouca chuva...


Quando traduzindo estas fábulas, sinto as vidas pretéritas¹ que me enleam² de forma magnética. Fico a sopesar³ todas as que deram origem aos personagens de Esopo. Vilões, ladinos, ingênuos, covardes, heróis, predadores, vítimas e espertos. A gama de personalidades, nem Alighieri na Divina Comédia retratou tão fielmente. Os biséis(4) foram finamente traçados num diamante precioso. Estas fábulas merecem preservação, divulgação e compreensão. BOA LEITURA, segunda tem mais...


¹ adj.- que não é do presente nem do futuro; situado no passado.

² t.d.bit. e pron. p.metf. provocar o envolvimento de (em algo ou com alguém).

³ t.d. procurar entender (algo) para levá-lo em conta; considerar, interpretar, avaliar.

4 s.m. corte oblíquo em aresta ou quina; chanfro, chanfradura.


LXXIX - O Trompetista feito Prisioneiro


Um Trompetista, durante uma batalha, aventurou-se muito perto do inimigo e foi capturado por eles. Eles estavam a ponto de proceder à execução do rapaz, quando este lhes implorou para que o ouvissem em seus argumentos, por clemência. "Eu não luto," disse ele, “... e realmente não carrego nenhuma arma; Eu só assopro este trompete e seguramente, isso não pode prejudicar; então por que vocês deveriam matar-me?”.

"Você pode não lutar," disseram os outros, “... mas encoraja e guia seus homens à briga".


Moral:


"O sopro (palavra - NT) pode ser uma ação".



sexta-feira, 11 de setembro de 2009

LXXVIII - O Cavalo e o Asno

Pedibus timor addit alas
O medo põe asas nos pés


Bom dia caros leitores. É prerrogativa¹ de quem muito lê, escrever com facilidade. Aos nossos leitores mirins, faço um convite - sem compromisso -, o de colocar em seus roteiros de lazer, um ou outro livro, gibi, jornal ou revista. Quando se derem conta, estarão lendo avidamente² a vida de Napoleon Bonnaparte, Guerra e Paz, Irmãos Karamazov, etc, etc. As viagens são périplos³ indiscritíveis e as emoções virão à tona.

A fábula de hoje, repete de outra forma, a opção pelo que é SEGURO, em troca do que é OSTENTOSO, mas contém o perigo.
BOA LEITURA e até amanhã...

¹s.f. hist arql.vb. a tribo ou a centúria que votava primeiro - direito especial, inerente a um cargo ou profissão - privilégio ou vantagem que possuem os indivíduos de uma determinada classe ou espécie; apanágio, regalia.

² s.f. qualidade de quem é ávido - desejo inflamado, intenso.

³ s.m. viagem de circum-navegação em torno de um
país, de um continente - fig. viagem turística de longa duração.


LXXVIII - O Cavalo e o Asno


Um Cavalo e um Asno estavam andando juntos, o Cavalo empinando-se com seus belos arreios e o Asno carregando com dificuldade, uma pesada carga em seu costado. "Eu queria ser você,” suspirou o Asno; “... nada para fazer, bem alimentado, e toda esta ornamentação". No dia seguinte, porém, houve uma grande batalha e o Cavalo foi ferido de morte no ataque final do dia. Seu amigo, o Asno, passou por perto logo depois do embate e o encontrou morrendo. "Eu estava errado," disse o Asno:



“Melhor humilde em segurança que ornamentado no perigo”

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

LXXVII - O Gato que virou Donzela

Natura plus trahit septem bobus
Mais puxa a natureza que cem cavalos

Bom dia aos prezados leitores. Mais uma fábula surrealista¹ de nosso contador. Este modelo foi e ainda é exaustivamente copiado nos contos que vieram depois ou nos recém criados. Esopo foi o precursor do 'realismo fantástico' extrapolando² seu tempo em forma vigorosa e indiscutível. As máscaras JUNGUIANAS de cada um, sempre refletirão a natureza íntima e única que rege nossa vida. BOA LEITURA e até amanhã...

¹ s.m. (1929) hist.art movimento literário e artístico, lançado em 1924 pelo escritor francês André Breton (1896-1966), que se caracterizava pela expressão espontânea e automática do pensamento (ditada apenas pelo inconsciente) e, deliberadamente incoerente, proclamava a prevalência absoluta do sonho, do inconsciente, do instinto e do desejo e pregava a renovação de todos os valores, inclusive os morais, políticos, científicos e filosóficos.

² v. t.d. mat fazer extrapolação de - t.d.int. p.ext. generalizar com base em dados parciais ou reduzidos; estender a validade de uma afirmação ou conclusão além dos limites em que ela é comprovável; exceder .


LXXVII - O Gato que virou Donzela

Certa vez os deuses estavam discutindo se era possível - para sobreviver - mudar a natureza. Júpiter disse que "Sim,", mas Vênus disse "Não". Assim, para testar a pergunta, Júpiter transformou o Gato numa linda Donzela e a deu a um jovem homem para desposá-la. O casamento foi feito apropriadamente e o jovem par sentou-se à mesa do banquete nupcial. "Veja...” disse Júpiter, "Como ela se comporta maravilhosamente. Quem poderia dizer que ontem ela era apenas um Gato?". e completou: "Seguramente a sua natureza não foi mudada?".
"Espere um minuto..." disse Vênus respondendo, “... soltemos um rato na sala". Nem bem feito isto, a noiva vendo o rato, saltou de seu assento e tentou se lançar sobre o rato.
"Ah, você vê..." disse Vênus e completou:

“... a natureza sempre prevalece".

LXX

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

LXXVI - A Leiteira e o seu Balde


Ex nihilo nihil fit
Do nada, nada se faz


Alô amigos! Volta a chuva e o frio. Quem falou do inverno ter ido embora? A fábula de hoje, diz bem de como do nada, nada sai. Bela lição. Até eu traduzindo, entrei no devaneio¹ do que a moça faria com o dinheiro e...
BOA LEITURA e até amanhã.

¹ s.m. ato ou efeito de devanear - produto da fantasia, da utopia; sonho, quimera.



LXXVI - A Leiteira e seu balde


A Leiteira levava à feira o leite para vender, carregando-o num balde em sua cabeça. Como era longe, começou a calcular o que faria com o dinheiro que ganharia. “Comprarei algumas aves do Fazendeiro," pensou ela, "e elas colocarão ovos todas as manhãs, os quais venderei às esposas dos vizinhos. Com o dinheiro obtido com a venda destes ovos comprarei um novo vestido e um chapéu também e quando for à feira vender, todos os homens jovens virão e falarão comigo! As outras moças ficarão ciumentas; mas eu não me preocuparei. Pouco olharei para elas e as desdenharei com minha cabeça assim”. Falando, lançou sua cabeça para trás e o balde caiu, derramando todo o leite ao chão. Assim, teve que voltar para casa e contar para a sua mãe o que tinha acontecido.

"Ah, minha criança," disse a mãe,

"Não conte com as galinhas, antes dos ovos serem chocados".

terça-feira, 8 de setembro de 2009

LXXV - A Águia e a Seta

Nihil est ab omni parte beatum
Nesta vida não há felicidade completa

Bom dia a todos. Uma forma distinta em mostrar o prejuízo tido ao alimentarmos nosso inimigo, seja qual for. É a fábula de hoje, onde Esopo cristaliza - mais uma vez - a inconseqüência em dispor ao inimigo nossas próprias armas. Divirtam-se em descobrir quantas vezes, todos, já o fizemos. BOA LEITURA e até amanhã...


LXXV - A Águia e a Seta


Uma Águia estava planando pelo ar, quando de repente ouviu o zumbido de uma Seta e sentiu-se ferida de morte. Lentamente balouçou até a terra, com seu sangue esvaindo. Olhando para o ferimento da Seta, com que tinha sido perfurada, achou que o cabo da Seta havia sido emplumada com uma de suas próprias penas. E morrendo exclamou:


"Nós damos freqüentemente aos nossos inimigos, os meios para nossa própria destruição".

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

LXXIV - Os Miolos do Asno

Saepe dat una dies quod non evenit in anno
O que não acontece num ano, acontece num minuto


Bom dia amigos! Hoje a fábula possui uma força descritiva que transcende¹ a mera narrativa. Para as crianças poderá até parecer sangüinolenta², mas convém lembrar que para a época de sua criação, os miúdos eram alimentos comuns aos humanos. Eu mesmo - e estes olhos e sentidos viram - tive uma dieta onde predominava esta espécie de proteína. Ora bovina, suína, caprina ou ovina, além das aves e peixes, seus sabores - miolos inclusive - quando preparados de acordo, são incríveis.

Ao leitor iniciante em Esopo, convém apenas abstrair o aprendizado, desconsiderando a narrativa crua e cruel. BOA LEITURA e até amanhã...

¹ v. t.d. e t.i. - elevar-se sobre ou ir além dos limites de; situar-se para lá de.
² \gu ou gü\ adj. - em que há grande derramamento de sangue; sangrento.



LXXIV - Os Miolos do Asno


O Leão e a Raposa foram caçar juntos. O Leão a conselho da Raposa, enviou uma mensagem ao Asno, propondo fazer uma aliança entre suas famílias. O Asno foi ao lugar marcado para o encontro, jubiloso por participar de uma aliança com o rei dos animais. Mas, quando chegou lá, o Leão simplesmente o abateu, dizendo à Raposa: "Eis nosso jantar para hoje. Cuide aqui enquanto eu vou tirar um cochilo. Ai de você se tocar em minha presa". O Leão foi embora e a Raposa esperou um tempo; achando que o seu mestre não repararia, se aventurou a comer os miolos do Asno abatido. Quando o Leão retornou, logo notou a ausência dos miolos e perguntou para a Raposa num rugido terrível: “Quem acabou com os miolos da minha presa?". "Miolos, Vossa Majestade! Não acharia nenhum, pois se os tivesse, nunca teria caído em sua armadilha!".


Moral:


“A sabedoria sempre tem uma resposta pronta".

sábado, 5 de setembro de 2009

LXXIII - O Leão, a Raposa e os Animais


Trahit sua quemque voluptas
Cada um com seu gosto


Votos de um ótimo fim-de-semana, sem sobressaltos e um feriado legal, ainda mais emendado com uma segunda-feira. E lá, segunda, aqui estaremos com mais uma fábula.

A de hoje trata sobre a DESCONFIANÇA e como ou porque devemos sempre tê-la por perto, em nossas análises. BOA LEITURA e até segunda...

A


LXXIII - O Leão, a Raposa, e os Animais.


Certa vez o Leão descobriu estar muito doente, quase à morte e chamou todos animais para ouvir a sua última vontade e o testamento. Assim, a Cabra foi até a caverna do Leão e lá se deixou a escutar por muito tempo. Então uma Ovelha entrou e antes dela sair, um Bezerro surgiu, todos recebendo o último desejo do Rei das feras. Mas logo o Leão pareceu recuperar-se e veio à entrada da sua caverna e viu ali a Raposa que tinha estado esperando fora, por algum tempo. "Por que você não vem dar seus cumprimentos a mim?" disse o Leão à Raposa.

"Eu peço perdão à Sua Majestade", disse a Raposa, “... mas notei as pegadas dos animais que já vieram e entraram, mas não vejo as pegadas deles saindo. Enquanto os animais que entraram em sua caverna não saírem novamente, por mim prefiro permanecer ao ar livre".


Moral:


"É mais fácil cair nas garras do inimigo, do que sair fora novamente".